Discurso durante a 80ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

ESCLARECIMENTOS SOBRE O PRONUNCIAMENTO DO SENADOR NABOR JUNIOR.

Autor
Tião Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Afonso Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • ESCLARECIMENTOS SOBRE O PRONUNCIAMENTO DO SENADOR NABOR JUNIOR.
Publicação
Publicação no DSF de 20/06/2000 - Página 13301
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, ACUSAÇÃO, NABOR JUNIOR, SENADOR, RECEBIMENTO, PROPINA, REFERENCIA, VOTO CONTRARIO, PROCESSO, CASSAÇÃO, LUIZ ESTEVÃO, CONGRESSISTA, CONSELHO, ETICA, SENADO, MOTIVO, RESPOSTA, DENUNCIA, OCORRENCIA, CORRUPÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO ACRE (AC), PARTICIPAÇÃO, FAMILIA, ORADOR.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Senador Nabor Júnior ocupou a tribuna da Casa para informar os Senadores da decisão que tomou de levar o meu nome para apreciação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado Federal. Causa-me surpresa essa atitude do Senador Nabor Júnior, porque S. Exª, que fala tanto no debate democrático, vem agora falar de uma atitude supostamente covarde e injuriosa de minha parte contra a figura dele.

Gostaria que o Senador Nabor Júnior tivesse mencionado os fatos com clareza ao Senado Federal e talvez até me pedisse desculpas pela agressão injuriosa e covarde cometida contra o Governador do Estado, meu irmão. Minutos antes da afirmativa que fiz, o Senador disse desta tribuna, com todas as letras, que o comentário que se ouvia é que o Governador do Acre havia recebido dinheiro de Orleir Cameli durante a campanha eleitoral de 1998. E eu disse: “Comentário não tem valor de prova, e o comentário que ouvi nesta Casa ontem foi de que V. Exª teria recebido R$5 milhões para fazer a defesa do Senador Luiz Estevão”.

Então, Senador Nabor Júnior, respondi na mesma medida, utilizando até a 3ª Lei de Newton, segundo a qual para cada ação há uma reação, em igual valor e intensidade.

Não é justo que V. Exª faça essas afirmações, sabendo o risco de agressão à integridade física que sofre hoje o Governador do Acre e a minha família. Qualquer Senador é convidado a comparecer ao meu gabinete para ouvir fitas gravadas com depoimentos de presidiários, falando sobre a execução iminente do Governador do Acre, sobre ameaças à integridade física dele, de sua filhinha de três anos e de meu pai, que V. Exª conhece muito bem. Essas fitas estão até sendo apuradas pelo Ministério Público.

Contudo, V. Exª resolve liderar um grupo político do qual fazem parte cinco Deputados supostamente envolvidos em venda de votos; o ex-Governador Romildo Magalhães, denunciado por prática de delito no Estado; o Sr. Narciso Mendes, o grande teórico desse movimento, que tem um dívida de R$65 milhões para com o Erário, tendo já sido condenado na Justiça Federal. E V. Exª pensa que tenho de ficar calado diante de uma acusação dessas!

Senador Nabor Júnior, adotamos a seguinte decisão no Acre: a cada noventa acusações difamantes contra a integridade da minha família, do meu irmão, vamos responder com uma. Foi exatamente o que fiz nesta Casa. Ciente de que os documentos não eram verdadeiros, V. Exª ousou dizer que havia corrupção na Secretaria de Saúde, embora saiba que não há um comprimido comprado irregularmente. Apenas fiz a defesa em dois pronunciamentos, enquanto V. Exª fez três.

O meu discurso foi crítico, sim, e V. Exª rebateu-o, com o direito de democrata. Em nenhum momento, no meu primeiro pronunciamento, citei o caso do Senador Luiz Estevão, pois não costumo levar comentários à tribuna do Senado Federal, porque tenho orgulho e um profundo respeito por esta Casa e luto para que a cada dia ela se eleve, com o fim da impunidade e do manto da cobertura de privilégios. Contudo, V. Exª acusou a honra do meu irmão de uma maneira vil, covarde e injuriosa.

Por essa razão, fiz a defesa da honra do meu irmão, com o comentário que tenho a mais absoluta tranqüilidade de dizer que não fui só eu que o ouvi dentro desta Casa. Não estou preocupado em denegrir V. Exª, que tem um caminho. Nós não queremos a unanimidade da política do Acre. Sabemos que há espaço para todo mundo. Gostaríamos que V. Exª conduzisse uma oposição construtiva, ética, porque essa era a imagem que nós gostaríamos de ter no Acre de sua pessoa para os anos seguintes - como já lhe falei numa carta -, para as futuras gerações. Mas, se o caminho for o da calúnia, da injúria e da difamação, vamos responder, a cada noventa ataques, com pelo menos um. Não tenho nenhum receio de a Comissão de Ética apurar e constatar que nós fomos vítimas.

Além de tudo, em seu pronunciamento, V. Exª fez acusações levianas. Disse que deu emprego a meu irmão, a pedido do meu pai. Não é verdade! Meu irmão foi empregado num outro governo, não no de V. Exª. Então, é injusto termos que ouvir isso calados. V. Exª pensa que, por ter cabelos brancos, temos que nos curvar. Não! Respeito muito, considero que cabelos brancos são sinônimos de idade avançada, de sabedoria, de serenidade, de justiça, de aprendizado. Eu procuro aprender demais com as pessoas de idade, mas às vezes não podemos engolir suas receitas de ética e de justiça, se não forem praticadas verdadeiramente em seu dia-a-dia.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/06/2000 - Página 13301