Discurso durante a 84ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

HOMENAGEM AO CENTENARIO DE NASCIMENTO DO PROFESSOR ANISIO TEIXEIRA.

Autor
José Roberto Arruda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: José Roberto Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM AO CENTENARIO DE NASCIMENTO DO PROFESSOR ANISIO TEIXEIRA.
Publicação
Publicação no DSF de 28/06/2000 - Página 13840
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, ANISIO TEIXEIRA, PROFESSOR, REGISTRO, CONTRIBUIÇÃO, PROJETO, EDUCAÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), ESPECIFICAÇÃO, ESCOLA PUBLICA, PRIMEIRO GRAU, UNIVERSIDADE DE BRASILIA (UNB).

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, venho à tribuna depois de ouvir atentamente, e com certo orgulho até, os discursos do Srs. Senadores Artur da Távola, Paulo Souto e Eduardo Suplicy. E S. Exªs, com a visão bibliográfica, mas também com a visão emotiva da vida de Anísio Teixeira, já mostraram a esta Casa e, por intermédio desta Casa, ao País e à memória afetiva do País, a contribuição importante de Anísio Teixeira para a formação de um projeto novo para a educação brasileira.  

Sr. Presidente, venho à tribuna para fazer apenas um registro a mais, e um registro muito particular entre as grandes contribuições que deu Anísio Teixeira à educação brasileira, especificamente à idéia da construção da nova Capital do Brasil, sua contribuição para a formação básica da educação em Brasília.  

Além de simbolizar, mais do que qualquer outra obra, a interiorização do desenvolvimento nacional, é importante registrar que Brasília representou também um encontro fantástico de homens geniais que viviam à mesma época e que tinham ideais comuns. Anísio Teixeira nasceu em 1900; Juscelino Kubitschek em 1902; também em 1902, Lúcio Costa; Oscar Niemeyer, um pouco mais jovem; Israel Pinheiro, Bernardo Sayão, Iris Membergue, Ernesto Silva , que ainda está entre nós, e tantos outros brasileiros que, por uma dessas coincidências históricas geniais, encontraram-se nos anos 50 e, impulsionados por um sonho já secular, resolveram materializar a idéia da construção da nova Capital do Brasil e da transferência da Capital do Rio de Janeiro para Brasília.  

Esta Casa e o Congresso Nacional, de um modo geral, já fizeram muitas homenagens, Sr. Presidente, à idéia do fundador, ao projeto de Juscelino Kubitschek de construir Brasília. Já fizemos muitas homenagens ao engenheiro, ao construtor Israel Pinheiro, mas, no momento em que crianças da rede de ensino de Brasília tomam as galerias, há que se falar de Anísio Teixeira. Foi ele, Anísio Teixeira, chamado por aqueles outros homens geniais, idealistas, utópicos até, e que tinham a visão de que não se poderia construir uma nova capital para ser nova apenas por sua arquitetura genial. Brasília não poderia ser nova apenas, moderna apenas em razão de seu projeto urbanístico revolucionário. Brasília não poderia ser nova apenas por ser uma cidade planejada com a incumbência de mudar o eixo do desenvolvimento nacional. Brasília tinha de ser nova naquilo que pudesse ser base para uma nova civilização.  

E é aí que Darcy Ribeiro, Pompeu de Souza e tantos outros pioneiros vão buscar em Anísio Teixeira o centro formulador de um novo projeto educacional para a nova capital do País. Aí é que nasce, Sr. Presidente, Srs. Senadores, a idéia da Escola Parque, a idéia da escola de tempo integral e a idéia fantástica da Universidade de Brasília, que nasce sob a égide da liberdade para ser uma universidade diferenciada porque aberta desde o seu projeto urbanístico, mas principalmente no seu projeto didático, educacional.  

E Anísio Teixeira a concebe, de forma absolutamente genial - e esta é a visão de todos os educadores, de todos os estudiosos da educação no Brasil -, em Brasília. Talvez só Brasília pudesse ser palco de tanta criação diferenciada naquela quadra da História do Brasil, porque aqui era possível criar, sonhar, aqui as utopias ganhavam tom de realidade, os sonhos todos de uma geração de brasileiros se materializavam aqui a partir do instante em que os prédios se construíam rapidamente e que brasileiros de todas as regiões do Brasil mudavam-se para cá impulsionados por um sonho. Não havia nenhuma certeza. Ao contrário: grande parte da sociedade brasileira sequer acreditava que Brasília pudesse ser inaugurada. Outra parte da sociedade brasileira, ainda imaginando que pudesse ser possível a inauguração da cidade, não acreditava que a construção da nova capital pudesse chamar a si a responsabilidade da interiorização do desenvolvimento. Mas tudo isso foi possível e, talvez, por isso foi possível Brasília ser o grande laboratório das idéias revolucionárias de Anísio Teixeira.  

A UnB, Sr. Presidente, Srs. Senadores, foi considerada pelo Ministério da Educação e Cultura – a partir de avaliação direta que foi feita na universidade, mas também através do provão, que mediu o conhecimento dos profissionais que por ela são formados e colocados no mercado -, pelo segundo ano consecutivo, a melhor universidade brasileira. E a UnB, até hoje, tem esse sentimento de liberdade, apesar das perseguições que marcaram a sua história. Apesar de momentos difíceis no exercício dessa liberdade, a UnB não perdeu esse traço da sua personalidade de vida acadêmica, traço que herdou da personalidade, da inteligência de Anísio Teixeira.  

Não sou eu que estou dizendo isso. Quem disse isso foi Darcy Ribeiro, foi Pompeu de Souza, foram tantos outros brasileiros que também dedicaram grande parte de suas vidas à educação. Todos esses grandes brasileiros reconheciam Anísio Teixiera como líder maior desse movimento de mudança, desse movimento de entrega da inteligência brasileira à prioridade da educação; todos eles reconheciam a liderança intelectual, a liderança no fazer uma nova educação em Anísio Teixeira.  

É com o sentimento de quem vive, já há décadas, nesta cidade e por ela foi eleito Senador, que cumprimento aqui os filhos de Anísio Teixeira, seus netos, seus parentes, seus familiares, seus amigos, os que com ele tiveram o privilégio de um convívio humano mais direto.  

Este meu registro, Sr. Presidente, é para dizer que Brasília é uma cidade de apenas quarenta anos, mas que já tem o privilégio de ter história e um dos pilares da história desta cidade é exatamente a contribuição de Anísio Teixeira à educação brasileira, feita a partir desse laboratório de idéias novas, criativas, utópicas até, que foi a construção de Brasília.  

Muito obrigado, Sr Presidente.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/06/2000 - Página 13840