Discurso durante a 155ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

ANALISE DE PESQUISA SOBRE O USO DE DROGAS PELOS ESTUDANTES DOS CURSOS DE MEDICINA EM SÃO PAULO.

Autor
Tião Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Afonso Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DROGA.:
  • ANALISE DE PESQUISA SOBRE O USO DE DROGAS PELOS ESTUDANTES DOS CURSOS DE MEDICINA EM SÃO PAULO.
Publicação
Publicação no DSF de 09/11/1999 - Página 30127
Assunto
Outros > DROGA.
Indexação
  • GRAVIDADE, CONCLUSÃO, PESQUISA, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO 1960 (UFSP), SUPERIORIDADE, CONSUMO, DROGA, ALUNO, MEDICINA.
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), COMENTARIO, VICIO, APROXIMAÇÃO, TRAFICANTE, ESTUDANTE, MEDICINA, APREENSÃO, RISCOS, SAUDE PUBLICA.
  • NECESSIDADE, ESTUDO, PROVIDENCIA, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), MINISTERIO DA SAUDE (MS), MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), OBJETIVO, SEGURANÇA, QUALIDADE, FORMAÇÃO, MEDICO.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero relatar uma uma situação publicada no Jornal do Brasil, diário de grande circulação neste País, que me deixou perplexo. Trata-se de artigo especial escrito pela jornalista Izilda Alves para aquele jornal, mostrando o resultado de pesquisas feitas pela USP e pela Universidade Federal de São Paulo, cujo título é o seguinte: Estudantes de Medicina Usam Drogas - Pesquisas revelam que até 20% dos alunos das 10 principais escolas paulistas consomem de tranqüilizantes a cocaína.

No meio desta situação vivida neste País, em que o narcotráfico se instala e já age como verdadeiro parasita das estruturas públicas - em quase todos os Estados brasileiros por onde passou a CPI do narcotráfico, testemunhou-se o envolvimento de instituições públicas -, agora temos essa pesquisa de enorme seriedade, de procedência indiscutível, feita pela Universidade de São Paulo e pela Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo.

Segundo o estudo da USP, 20% dos alunos de Medicina - quer dizer, os formadores de opinião do futuro, que cuidarão da saúde do povo brasileiro - estão envolvidos com o uso de drogas. Trata-se de uma situação de grande perplexidade. Farei a leitura da matéria e peço que conste dos Anais da Casa. Depois, tecerei alguns comentários.

      Pesquisas das duas mais conceituadas faculdades de Medicina do País, a da USP e a da Universidade Federal de São Paulo (UFSP), revelam o consumo de cocaína, maconha, solventes e anfetaminas por estudantes das 10 principais escolas médicas do Estado de São Paulo.

      O estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), realizado em nove escolas médicas e o mais amplo já feito no País, tem conclusão surpreendente: 20% dos 3.300 entrevistados são usuários de cocaína, maconha, éter, anfetaminas e tranqüilizantes. Já a pesquisa de 1998 da Escola Paulista de Medicina, da UFSP, abrangendo 547 alunos com idades entre 17 e 35 anos, matriculados do primeiro ao sexto ano na EPM, mostra que 16% usam maconha, 18%, éter e benzina e 1%, cocaína.

      “Constatamos que os que mais abusam de maconha e solventes são os que praticam esportes”, afirma o coordenador do estudo da EPM, o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira Filho.

      As duas pesquisas apontam para dois perigos: o do vício e o da aproximação com traficantes. Afinal, não se compra cocaína e maconha em farmácias, como no caso do éter, anfetaminas e tranqüilizantes. Outro fato mostrado pela pesquisa da USP deixa uma interrogação: 1% dos entrevistados contou ser usuário de cocaína e outras drogas, tomar anfetaminas (substâncias usadas por quem faz regime), que deixam as pessoas “turbinadas”, “ligadas” e causam diminuição do rendimento e da atenção. Como a pesquisa foi feita em 1994, fica a pergunta: estariam esses médicos aptos a exercer a profissão? A resposta do coordenador do estudo da USP, psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, é clara: “Evidentemente, não.”

Interpretando a pesquisa, estamos condenando 20% dos jovens futuros médicos deste País pelo consumo de drogas - cocaína, maconha, anfetaminas, derivados do éter.

      “Os trabalhos foram coordenados pelo Grupo Interdisciplinar de Estudos do Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da USP e pelo Programa de Orientação e Assistência a Dependentes do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina. A pesquisa da USP foi realizada na Capital, com alunos da sua faculdade, da Escola Paulista de Medicina, da Santa Casa e da Faculdade de Medicina de Santo Amaro. No interior, em outras cinco escolas médicas: as de Botucatu, de São José do Rio Preto, de Marília, do ABC e da Unicamp - Universidade Estadual de Campinas.

      O estudo da USP mostra que o uso de drogas é maior nos últimos anos do curso médico. A preferência pela maconha, especialmente em festas e antes de competições, é maior entre os alunos que estão no quarto, quinto e sexto anos. É preferida por homens que consideram seu desempenho escolar fraco.

      Dos 3.300 entrevistados, 60% não souberam explicar os motivos do consumo de drogas; outros 17% declararam consumir drogas por curiosidade; 9%, por diversão ou prazer; 6%, para aliviar tensão e 8% não souberam identificar os motivos. Ao serem perguntados sobre quem os levou ao uso experimental de drogas, apontam os amigos em primeiro lugar e, em segundo, os colegas de faculdade.”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/11/1999 - Página 30127