O SR. MOREIRA MENDES (PFL – RO. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, conforme requerimento que fiz hoje, já aprovado pelo Plenário desta Casa, com pesar, registro o falecimento, aos 86 anos, do Sr. Adalberto Pinto de Barros, ocorrido no último dia 13 de julho, na cidade de Porto Velho, capital do meu Estado.  

Mais do que a perda de um grande amigo, lamento, como todos os rondonienses, o desaparecimento de um dos grandes pioneiros de Rondônia, cuja passagem pela terra que escolheu para trabalhar e criar a família também muito se beneficiou com seu espírito empreendedor, estimulando o desenvolvimento empresarial de uma região inóspita e praticamente esquecida. Por acreditar nesse potencial e na força de trabalho de seus habitantes, os frutos dessa herança de coragem espalham-se hoje por todos os setores da economia do Estado.  

O que poderia esperar um jovem de vinte e dois anos, saído de quartéis em que serviu nos Batalhões de Engenharia do Recife, de Florianópolis e de São Paulo, ao chegar de barco, há sessenta e quatro anos, ao então Território Federal do Guaporé, para concretizar o sonho que o levaria a se tornar um dos maiores empresários do futuro Estado de Rondônia?  

Juntamente com a coragem dos que acreditam na força de trabalho, o tino comercial de ver uma das maiores dificuldades das populações que habitavam então as duas únicas comunidades do Estado, Porto Velho e Guajará-Mirim, era a demanda de alimentos. E se a carne era um dos alimentos mais difíceis para chegar à mesa dos consumidores, nasce aí a primeira ação pioneira do Sr. Adalberto. Aproveitando os trens da lendária estrada de ferro Madeira-Mamoré, passou a transportar gado da Bolívia para Porto Velho. Mas essa oferta era insuficiente. Para suprir as dificuldades de transporte rodoviário por meio da quase inacessível BR–29, hoje BR-364, ele marca outro tento pioneiro em sua biografia: trazer carne de Cuiabá por via aérea.  

Com esse esforço, o Sr. Adalberto viria a ser, também, um dos principais fornecedores de carne de Manaus, transportando o produto por meio de barcos até a capital amazonense.  

Viúvo em 1972, da Sr.ª Maria Júlia Botelho de Barros, dedicou-se à educação de três filhos, trabalhando no mister escolhido com o mesmo empenho até 1980. Grato pela confiança da terra e do povo que ajudou a desenvolver, o Sr. Adalberto retribuiu todo esse apreço em doações sociais, como os terrenos em que foram instalados o Aeroclube de Rondônia (em cuja área também serve de Kartódromo), a Comunidade Nossa Senhora de Nazaré, o colégio de 1º e 2º graus João Bento da Costa, a Sociedade Rosa Cruz, a construção da estrada 13 de Setembro, que dá acesso à colônia dos japoneses, a principal fornecedora de produtos hortigranjeiros de Porto Velho.  

Quero deixar registrado nos Anais desta Casa as condolências que faço também em nome do povo de Rondônia aos filhos deste grande pioneiro: Antônio Botelho de Barros, Isabel Maria Botelho de Barros Viana, Adalberto Pinto de Barros Filho e Lúcia Helena de Barros Pereira, bem como os seus onze netos, três bisnetos, genros e noras: Ivete Ribeiro de Barros, Teobaldo de Monticello Pinto Viana, Gláucia Helena Almeida de Barros e Joaquim Pereira Filho.  

É o registro que faço, Sr. Presidente.