Discurso durante a 91ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

REGOZIJO PELA INAUGURAÇÃO, NO DIA 30 DE JUNHO ULTIMO, DE USINA DE BENEFICIAMENTO DE BORRACHA NATURAL EM PORTO VELHO/RO.

Autor
Moreira Mendes (PFL - Partido da Frente Liberal/RO)
Nome completo: Rubens Moreira Mendes Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • REGOZIJO PELA INAUGURAÇÃO, NO DIA 30 DE JUNHO ULTIMO, DE USINA DE BENEFICIAMENTO DE BORRACHA NATURAL EM PORTO VELHO/RO.
Publicação
Publicação no DSF de 04/08/2000 - Página 15775
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • REGISTRO, INAUGURAÇÃO, USINA, BENEFICIAMENTO, BORRACHA NATURAL, MUNICIPIO, PORTO VELHO (RO), ESTADO DE RONDONIA (RO), INICIATIVA, COOPERATIVA, SERINGUEIRO, ELOGIO, ORGANIZAÇÃO, TRABALHADOR, MELHORIA, REMUNERAÇÃO, RECURSOS FLORESTAIS, ANUNCIO, AMPLIAÇÃO, PRODUTO FLORESTAL, COMERCIALIZAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO, PROJETO, TURISMO.
  • SAUDAÇÃO, PROJETO, DESENVOLVIMENTO, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, COMUNIDADE.

O SR. MOREIRA MENDES (PFL - RO) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, com o retorno dos nossos trabalhos, gostaria de registrar a inauguração da usina de beneficiamento de borracha natural de Porto Velho, ocorrida no dia 30 de junho, a que compareci com a satisfação de presenciar a realização de um marco histórico.  

Diante das expectativas que este Parlamento terá de enfrentar diante da cobrança de uma sociedade curiosa em saber a nossa versão das acusações difamatórias, que pipocam quase que diariamente para alimentar a quem gosta de consumir escândalos, anunciar que no meu distante Estado um empreendimento vem resgatar a luta de esquecidos trabalhadores, não deixa de ser um pequeno oásis diante deste deserto de idéias e ações em que querem transformar o nosso País.  

Eufemismos aparte, o fato de que agora aqueles trabalhadores que buscam na Floresta Amazônica o seu ganha-pão, graças aos esforços da Cooperativa dos Seringueiros de Rondônia (COOSERON), entidade presidida pelo Sr. Joaquim Nonato de Menezes, permitam-me, não poderia ser apresentado por outra imagem.  

Tenho certeza que os nobres representantes do Acre e do Pará dividem comigo este entusiasmo, posto que os seringueiros de seus Estados também contam com o empreendimento de que hoje os seus companheiros de Rondônia também se beneficiam.  

Nesse sentido, gostaria de me juntar ao agradecimento do Sr. Joaquim de Menezes, quando da inauguração da usina de Porto Velho, pelo incentivo dos seringueiros do Acre, após a criação do Conselho Nacional dos Seringueiros, no sentido de levar os seus companheiros rondonienses a formarem Associações Municipais de Seringueiros e dos "Soldados da Borracha".  

Com o crescimento dessas associações, surgiram a Organização dos Seringueiros de Rondônia (OSR) e, em seguida, a Cooperativa dos Seringueiros Extrativistas de Rondônia (COOSERON). Graças a esta entidade, foi eliminada uma das mais tristes página da história dos povos da floresta, marcada pela exploração do atravessador.  

Como sabem, o seringueiro trabalha na Região Amazônica desde o século passado. Com a II Guerra Mundial, milhares de homens foram trazidos, especialmente do Nordeste, pelo Governo com a promessa de que seriam recompensados pelo chamamento da Nação para o esforço de guerra. Mas a única coisa que receberam foi o título de "soldados da borracha". Uma honraria que só trouxe como paga aos sobreviventes que lutaram anonimamente nas trincheiras do chamado Inferno Verde, fornecendo a borracha dos pneus e tantos outros implementos originários das selvas amazônicas, abandono, fome e miséria. Até hoje, muitos daqueles heróis perambulam nas cidades, passando toda sorte de necessidades, sem direito ao menos a uma mísera aposentadoria.  

Como disse no início, este pronunciamento foge ao que se poderia esperar diante de provocações urdidas para desestabilizar até mesmo a democracia que conquistamos a tão duras penas, para enfatizar a conquista de um segmento, um pequeno segmento de trabalhadores, que não faz passeatas de protesto, greves ou alimenta discursos de qualquer conotação política.  

Com o trabalho da COOSARON, os produtos da floresta podem ser melhor remunerados. O preço da borracha bruta que era pago a 70 centavos, chega hoje ao associado da entidade a R$ 1,00 o quilo. E mais: dentro em breve, a Cooperativa irá comercializar outros produtos da floresta. Como castanha, óleo de copaíba, tecidos e a produção da madeira abatida por meio do manejo florestal, por meio de técnicas modernas e com certificado internacional. Faz parte do plano de metas da Organização dos Seringueiros de Rondônia, o gerenciamento de projeto de Ecoturismo, com base comunitária, uma experiência pioneira para os seringueiros. Não é gratificante ouvirmos isso, senhores e senhoras?  

O primeiro passo de todos esses projetos, foi dado com a inauguração da usina de beneficiamento de borracha natural de Porto Velho. A resposta desse empreendimento já começa a chegar na casa desses trabalhadores da floresta. Esse empreendimento, reconhece o Sr. Joaquim de Menezes, só se tornou uma realidade graças ao apoio do Governo Federal, por meio do Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentado das Populações Tradicionais, do PNUD, do CNPT-Ibama/Nacional.  

Mas, como adverte o Presidente da Companhia dos Seringueiros Extrativistas de Rondônia, a luta dos povos da floresta não acaba com as conquistas dos seringueiros. Há ainda outras lutas a serem conquistadas, como a que enfrentam os índios, os povos ribeirinhos. Daí o chamamento que a COOSERON faz aos Governos Federal e Estadual e às Prefeituras. Mas que esse apoio seja dado não como favor, mas como política de desenvolvimento, de ações concretas que venham a melhorar a qualidade de vida dessas sofridas comunidades.  

Mas isso é outra história. Fiquemos hoje com registro que assinala o início de um processo histórico, do sucesso de quem busca alternativas para o próprio desenvolvimento.  

Muito obrigado.  

 

P bú


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/08/2000 - Página 15775