Pronunciamento de Pedro Simon em 03/08/2000
Discurso durante a 91ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
HOMENAGEM AO EX-SENADOR SALGADO FILHO, PELO TRANSCURSO DOS 50 ANOS DE SEU FALECIMENTO.
- Autor
- Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
- Nome completo: Pedro Jorge Simon
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- HOMENAGEM AO EX-SENADOR SALGADO FILHO, PELO TRANSCURSO DOS 50 ANOS DE SEU FALECIMENTO.
- Publicação
- Publicação no DSF de 04/08/2000 - Página 15782
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, SALGADO FILHO (PR), EX SENADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
O SR. PEDRO SIMON
(PMDB - RS) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há cinqüenta anos, mais exatamente no dia 30 de julho de 1950, o Rio Grande do Sul perdia, num acidente aéreo, um de seus mais destacados líderes políticos, o então Senador Salgado Filho.
Nascido em 1888, em Porto Alegre, Joaquim Pedro Salgado Filho pertencia ao quadros do Partido Trabalhista Brasileiro e era muito ligado a Getúlio Vargas. Aliás, ele faleceu quando se dirigia a São Borja, onde se encontraria com Vargas para pedir-lhe que o apoiasse na campanha para o Governo do Estado. O avião em que Salgado Filho viajava, um Lodestar, da Savag (Sociedade Anônima de Viação Aérea Rio-grandense), explodiu ao colidir com o Cerro Cortelini, em São Francisco de Assis. Morreram as dez pessoas que estavam no aparelho.
Indicado por Getúlio Vargas, Salgado Filho foi o Primeiro-Ministro da Aeronáutica, de 1941 a 1945. Sua atuação foi decisiva para estruturar tanto a aviação civil quanto a aviação militar em nosso País. Organizou a Força Aérea Brasileira e criou o Primeiro Grupo de Aviação de Caça e a Primeira Esquadrilha de Ligação e Observação, que atuaram na II Guerra Mundial. Na aviação civil, reorganizou as linhas nacionais e autorizou a primeira linha para os Estados Unidos. Ainda em sua gestão, foram construídos ou reaparelhados aeroportos e bases aéreas e foi aprovado o Regulamento do Tráfego Aéreo.
Formado em Direito, Salgado Filho apoiou Ruy Barbosa na campanha civilista, em 1910. Engajado na Revolução de 30, foi indicado para a chefia da Polícia do Rio de Janeiro, em 1932. Naquele mesmo ano, foi nomeado, interinamente, Ministro da Educação e Saúde Pública. Ainda em 1932, assumiu o cargo de Ministro da Indústria e Comércio e teve uma atuação brilhante, já que foi o autor de quase toda a legislação trabalhista do período, além de ter instituído o uso obrigatório da carteira de trabalho e criado os institutos de pensão e aposentadoria de bancários e comerciários. Eleito Deputado Federal, em 1935, mostra-se ardoroso defensor da causa da aviação.
Em 1936, como Parlamentar, chefiou Missão Econômica do Brasil enviada ao Japão. Indicado Ministro do Superior Tribunal Militar, em 1938, permaneceu naquela Corte até 1941, quando foi comandar o recém-criado Ministério da Aeronáutica. Eleito Senador em 1947, integrou nesta Casa as Comissões de Finanças e de Forças Armadas.
A morte de Salgado Filho foi marcada por uma estranha coincidência. Dois dias antes de seu falecimento, no dia 28 de julho, havia ocorrido um grave acidente aéreo, no Rio Grande do Sul, com um Constellation, da Panair do Brasil, que se chocara contra o Morro do Chapéu, em Sapucaia do Sul.
Vindo do Rio de Janeiro, o Constellation não conseguira pousar no aeroporto São João, em Porto Alegre, em função do mau tempo. Foi então desviado para Gravataí, onde havia um campo de pouso alternativo. Quando a aeronave ganhava altura, depois de uma segunda tentativa frustrada de pouso, houve o acidente, que vitimou 44 passageiros e 7 tripulantes.
Correu, então, no Rio de Janeiro, o boato da morte de Salgado Filho que, naquele mesmo dia 28 de julho, havia viajado para o Rio Grande do Sul. Mas o boato logo foi desmentido pelo filho de Salgado Filho, Pedro Grandmasson Salgado, de 21 anos, que deixara o pai no aeroporto para embarcar num Constellation, sim, mas da Varig.
No dia seguinte, sábado, Salgado Filho compareceu ao velório de uma das vítimas do desastre do Constellation. Indagado na ocasião se não tinha medo de acidentes, ele reafirmou sua confiança na aviação. Disse que voaria no domingo, a São Borja, para pedir o apoio de Vargas.
Foi nesta viagem, iniciada ao meio-dia, sob mau tempo, que Salgado Filho acabou perdendo sua vida.
Nesta segunda-feira, a pista de pouso e decolagem da Base Aérea de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, passou a chamar-se Salgado Filho, em homenagem a este grande brasileiro. Na presença de dois de seus filhos, foi inaugurado um pedestal em sua memória. Trata-se de uma merecida homenagem a um homem que fazia parte de uma brilhante geração de líderes políticos gaúchos, que tiveram atuação nacional na primeira metade deste século, como Getúlio Vargas, Oswaldo Aranha e João Neves da Fontoura, entre tantos outros.
Com este breve pronunciamento, presto eu também uma homenagem a Salgado Filho.
Era o que eu tinha a dizer.