Pronunciamento de Roberto Requião em 09/08/2000
Discurso durante a 95ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
SOLIDARIEDADE AO DEPUTADO HELIO ROSAS, ACUSADO DE ENVOLVIMENTO NO SUPERFATURAMENTO DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DE SÃO PAULO, PELA REVISTA VEJA.
- Autor
- Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
- Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- SOLIDARIEDADE AO DEPUTADO HELIO ROSAS, ACUSADO DE ENVOLVIMENTO NO SUPERFATURAMENTO DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DE SÃO PAULO, PELA REVISTA VEJA.
- Publicação
- Publicação no DSF de 10/08/2000 - Página 16476
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
-
- SOLICITAÇÃO, SUBCOMISSÃO, INVESTIGAÇÃO, SUPERFATURAMENTO, OBRA PUBLICA, TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO (TRT), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CONVOCAÇÃO, HELIO ROSAS, DEPUTADO FEDERAL, OPORTUNIDADE, DEFESA, ACUSAÇÃO, CORRUPÇÃO, PUBLICAÇÃO, IMPRENSA.
- INEXATIDÃO, DECLARAÇÃO, EDUARDO JORGE CALDAS PEREIRA, EX-CHEFE, SECRETARIA GERAL, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, CONTRADIÇÃO, ESCLARECIMENTOS, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), RELAÇÃO, TRAFICO DE INFLUENCIA, VENDA, INFORMAÇÃO, SOCIEDADE, EMPRESA, NEGOCIAÇÃO, DEBENTURES.
O SR. ROBERTO REQUIÃO
(PMDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) – Minha Presidente, a título de epígrafe, uma observação.
Assisti nas televisões, nos últimos dias, Senador Bello Parga, a um protesto da Abert contra a lei que proíbe a propaganda do fumo. E a Associação Brasileira de Rádio e Televisão, agredindo a língua, Aurélio Buarque de Holanda e a V. Exª, que é um especialista no vernáculo, inicia dizendo que a proibição da propaganda do fumo passou "desapercebida". Desapercebida é a Abert, que não percebeu a agressão que fez ao português. É evidente que passou despercebido. Desapercebido é quem não percebe.
Era só uma observação, a título de epígrafe.
Segunda observação: fui procurado, hoje, pelo Deputado Rosas, que foi acusado pela revista Veja indevidamente, mais uma vez, no caso do TRT de São Paulo. O Deputado se dispõe a comparecer à subcomissão, já determinou a abertura de seu sigilo bancário e fiscal, e a realização de uma auditoria, pela firma Bolsinhas, na evolução de seu patrimônio nos últimos vinte anos, onde se observa um decréscimo de 50% em relação ao que tinha vinte anos atrás.
O Deputado Hélio Rosas está profundamente ofendido e agredido na sua honra e espera ser um dos primeiros convocados pela subcomissão que está analisando o escândalo do TRT. É um homem sério, eu o conheço há muito tempo, é meu amigo pessoal, e eu acredito na sua seriedade. Espero e faço esse apelo à comissão: que logo no início das oitivas convoque o Deputado Hélio Rosas.
Por outro lado, se eu acredito no Deputado Hélio Rosas, não acredito nem um pouco no tal do Eduardo Jorge Caldas Pereira. Na comissão, onde o interroguei, ele afirmava que tinha entrado na Direct To Company de Curitiba pagando R$200 mil, e que para isso havia contraído um empréstimo.
A Folha de S. Paulo esclarece, hoje, mais uma vez, depois de ter entrado em contato com seus sócios, que ele não aportou capital algum, e saiu da empresa há 19 dias. Não aportou capital algum e só estava na Direct To Company com um único objetivo: colocar nos fundos de pensão os R$20 milhões de debêntures autônomas, que são aquelas debêntures desvinculadas das ações, com as quais o investidor corre o risco por completo.
A Folha de S. Paulo destaca que a negociação da venda das debêntures começou há cerca de quatro meses, quando Eduardo Jorge ainda era sócio da DTC, empresa criada no ano passado e que precisa captar dinheiro no mercado para tornar-se viável. A DTC tenta vender R$20 milhões em debêntures. Os papéis da DTC foram oferecidos ao Presidente do Banco do Brasil, Alcir Calliari, que hoje dirige a GTD Participações, empresa criada por onze dos maiores fundos de pensão do País. O principal acionista da GTD é a Previ (21.6%) – fundo de pensão do Banco do Brasil –, que tem 32.5 bilhões em investimentos e comanda 58 empresas.
Segundo Alcir Calliari, os fundos de pensão estão analisando a compra de papéis da DTC, que tem entre os sócios Edson Soares Ferreira, ex-Diretor de Crédito do Banco do Brasil e Conselheiro da Previ até junho do ano passado.
Na verdade, procurei os contratos da DTC na Associação Comercial e não encontrei o nome de Edson Soares Ferreira nos registros da Associação Comercial. Encontrei, sim, o nome de Eduardo Jorge Caldas, que, embora diga ter saído, não baixou seu nome nos registros e na relação de acionistas até hoje.
A empresa Blue Chip Consultoria, sócia da DTC, ficou encarregada de negociar os papéis no mercado. Ela pertence ao empresário Carlos Casagrande Sehbe.
(...)
A empresa contratada pela DTC para negociar as debêntures manteve negócios com uma das empresas de Eduardo Jorge, a EJP Consultoria. A Folha obteve três notas fiscais emitidas pela EJP entre maio e julho deste ano em favor da Blue Chip, que somam R$59 mil. Elas indicam que a empresa do ex-Secretário da Presidência foi contratada pelo próprio sócio (Sehbe) na DTC para prestar consultoria.
Fica bem claro que o Sr. Eduardo Jorge Caldas realmente fazia advocacia administrativa e vendia influência, que participou dessa empresa curitibana sem aportar um tostão, porque aportaria somente a sua influência diante dos fundos de pensão para colocação de R$20 milhões em debêntures.
Por outro lado, Senador Gilberto Mestrinho, o capital inicial dessa empresa curitibana, que emite R$20 milhões em debêntures, era de R$1 mil. As mágicas do tráfico de influência e da advocacia administrativa fariam com que ela se tornasse, rapidamente, uma empresa importante no mercado brasileiro.
Já disse neste Plenário e quero, para encerrar, repetir que uma das diretoras é a ex-Secretária de Comunicação do Governo do Paraná, Srª Sila Shulmann, que pagava contas de campanha do Prefeito Antônio Belinati, Fernando Carli e Cássio Taniguchi em Curitiba, com cheques da conta fantasma, localizada pela CPI dos Precatórios, no Banco do Brasil do Alto da Rua XV em Curitiba. Ainda mais: que essa empresa contratou do nosso glorioso PFL um serviço de R$798 mil, o que qualquer outra empresa semelhante faria no mercado por R$200 mil.
É a notícia que dou neste espaço das comunicações inadiáveis, desejando, para fechar, que rapidamente a Abert corrija o besteirol que colocou no ar. Não é isso, Senador Bello Parga?
)²