Discurso durante a 96ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DA EX-DEPUTADA MARCIA KUBITSCHEK. (COMO LIDER)

Autor
José Roberto Arruda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: José Roberto Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE. HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DA EX-DEPUTADA MARCIA KUBITSCHEK. (COMO LIDER)
Publicação
Publicação no DSF de 11/08/2000 - Página 16530
Assunto
Outros > SAUDE. HOMENAGEM.
Indexação
  • CONCLAMAÇÃO, SENADOR, VOTAÇÃO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, AUMENTO, VINCULAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, SAUDE.
  • HOMENAGEM POSTUMA, MARCIA KUBITSCHEK, EX-DEPUTADO, FILHA, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB – DF. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Peço desculpas ao Senador Casildo Maldaner, que é o próximo orador inscrito. Serei breve.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, inicialmente, cumprindo a missão que me cabe, quero solicitar aos Srs. Senadores que já se encontram nas dependências do Senado Federal que, por gentileza, registrem suas presenças no painel para que tenhamos, na abertura dos trabalhos, prevista para as 11 horas, uma avaliação objetiva do quorum para a sessão de hoje.  

Aproveito para lembrar aos eminentes Senadores – e tomo a liberdade de me dirigir aos Senadores da base de apoio do Governo e também aos Senadores do Bloco de Oposição –, que teremos hoje a votação da PEC da Saúde. Trata-se de matéria que transita na consciência dos Srs. Parlamentares, independentemente de filiações partidárias, e que vem obtendo, ao longo dos últimos tempos, uma aprovação cada vez maior na sociedade e no Congresso Nacional. Mais recursos para a saúde, da forma como, equilibradamente, consta dessa emenda constitucional, significa um avanço importante sob a ótica do investimento na área social no Brasil. Creio ser importante que, juntamente com os Srs. Líderes partidários, possamos, dentro de trinta ou quarenta minutos, fazer uma avaliação mais precisa do quorum nesta Casa. Razão por que tomo a liberdade de solicitar aos Srs. Senadores que registrem seus nomes nos painéis, para possibilitar essa avaliação.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vivemos uma semana de intensos trabalhos. Muitos de nós chegamos aqui pela manhã e saímos já altas horas da noite. Sinto-me em falta comigo mesmo, porque não registrei aqui uma palavra de apoio à iniciativa do Senador Pedro Simon e de outro colega Senador — cujo nome me falta agora —, que registraram o pesar desta Casa, o pesar de todos nós pelo falecimento de Márcia Kubitschek.  

Márcia Kubitschek, filha do grande Presidente Juscelino Kubitschek, foi Deputada Federal Constituinte e Vice-Governadora do Distrito Federal. Herdou do Presidente Juscelino Kubitschek não apenas a força e a energia do sorriso espontâneo, mas também o espírito público, o amor pelo Brasil. Depois de ter acompanhado o pai em seu exílio, a partir de 1964, de ter vivido longe do Brasil por quase vinte anos, Márcia retornou ao País após a redemocratização, em meados dos anos 80. Tendo em vista sua vasta cultura, a formação acadêmica, o conhecimento do mundo e o respeito que tinha das mais altas figuras de praticamente todos os países do mundo, Márcia poderia ter continuado a viver em Nova Iorque ou em qualquer país europeu, ou, se vivesse no Brasil, poderia ter escolhido qualquer lugar para viver e seria sempre homenageada. Entretanto, ela escolheu Brasília para morar. Mais do que isso, ela e Dona Sarah Kubitschek vieram para Brasília, com a redemocratização, em 1985, e viveram aqui todo esse tempo.  

Dona Sarah nos deixou há quase três anos, e, agora, Márcia, precocemente, abre uma lacuna muito grande na vida pública de Brasília, a Capital do País, e na vida pública brasileira.  

Registro aqui, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, meu sentimento pessoal. Tive o privilégio de uma convivência de amigo e de companheiro de Partido com Márcia Kubitschek. Tive o privilégio de conviver no dia-a-dia com Dona Sarah e com Márcia durante um período superior a dez anos. Fui companheiro de chapa de Márcia Kubitschek nas eleições para o Senado, em 1994. Durante muitos anos, percorremos esta cidade, suas regiões periféricas e muitas cidades brasileiras, e Márcia Kubitschek sempre carregando a herança e o exemplo da vida pública de Juscelino Kubitschek.  

Márcia era, sobretudo, uma figura humana doce, carinhosa, amiga, de muita grandeza. Uma pessoa nobre, no sentido mais objetivo da palavra. Márcia tinha espírito público e coerência política. Não é demais lembrar, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que, em 1990, na eleição presidencial, o então candidato Fernando Collor fez um insistente convite público para que Márcia fosse sua candidata a vice-presidente. E Márcia não aceitou o convite, exatamente porque já tinha empenhado a sua palavra no apoio ao então candidato Deputado Ulysses Guimarães. E, por essas coisas da História, tendo deixado de ser candidata a vice, provavelmente deixou de ser a primeira mulher a ocupar a Presidência da República, como a História nos diria mais tarde.  

Márcia não ocupou, como o pai, a Presidência da República, mas marcou sua passagem na vida pública brasileira exatamente porque privilegiou a coerência e a transparência em seus atos.  

Márcia deixa uma enorme saudade em todos nós, que convivemos com ela no dia-a-dia, e uma enorme lacuna na vida pública brasileira.  

Lamento ainda mais porque, muito jovem, Márcia não cumpriu o que era um objetivo de sua vida: escrever suas memórias, escrever sobre a época em que conviveu com o pai Governador de Minas, com o pai Presidente da República e com o pai no exílio, nos tempos da ditadura militar.  

Registro aqui, portanto, Sr. Presidente, esta palavra de pesar à família Kubitschek, as suas filhas, Alejandra, Júlia, Ana Cristina, a todos os seus familiares. A minha palavra, Sr. Presidente, é de todos nós que acompanhamos o sonho de Juscelino de construir uma nova capital. É uma palavra de luto, de saudade, mas, sobretudo, de homenagem à grande brasileira Márcia Kubitschek.  

 

Ü V


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/08/2000 - Página 16530