O SR. FRANCELINO PEREIRA (PFL - MG) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, há pouco mais de dois anos - agrada-me recordar -, vi nascer em Belo Horizonte uma extraordinária publicação mensal criada pelo escritor e cartunista Ziraldo, a Revista Palavra, que, durante 16 meses consecutivos, foi presença qualitativamente forte no meio editorial e cultural do País.

           Palavra, que ultimamente era dirigida pela empresária Ângela Gutierrez, tinha tudo para dar certo, a começar pela qualidade de seu texto e pela seleção das matérias que enfocava, todas diferentes ou inusitadas, mas sempre de grande profundidade.

           Ao longo de sua existência, a revista sustentou-se pela enorme força de vontade de Ziraldo e sua equipe e, em seguida, pela determinação de Ângela Gutierrez, que, como explica o jornalista José Eduardo Gonçalves, ex-editor de Palavra, “ousou demais, para insistir num projeto de valorização do que de melhor se produz na cultura brasileira.”

           Eduardo Gonçalves traça o perfil dessa caminhada, quase heróica, em artigo publicado na Revista Caros Amigos, outra boa publicação brasileira, já em seu quarto ano de existência. Nesse artigo, o ex-editor de Palavra diz não entender porque a revista não logrou viabilizar-se, a despeito de reunir tantas qualidades e atrativos, inclusive de comprovada receptividade junto ao público e de seu enquadramento nas regras da lei federal de incentivo à cultura. Faltou-lhe programação publicitária, opina o ex-editor dessa publicação.

           Antes, no próprio número de despedida, a edição deste mês de agosto, Ângela Gutierrez sustentava, parafraseando o Eclesiastes, que, para tudo, há o tempo para nascer e o tempo de morrer.

           Acompanhei a trajetória da Revista Palavra desde abril do ano passado, ao ser editado seu primeiro número. Nela reconheci um fantástico e contagiante esforço, primeiro pela equipe que se juntou a Ziraldo e, mais recentemente, pela perseverante vontade de Ângela Gutierrez.

           Em maio último, fiz questão de entregar pessoalmente um exemplar da publicação a cada colega Senador, na certeza de que nela encontrariam sobretudo qualidade.

           Por isso, ao contrário do que a empresária afirma no derradeiro editorial da revista, tenho a convicção de que ela não morreu. Valho-me, a propósito, de uma frase da própria Ângela para mostrar que Palavra, como os bons livros, permanece viva, perenizando um esforço editorial e de cultura.

           Concordo com Ângela, aí sim, quando ela diz: “Partimos de Minas, com tudo o que esta terra nos legou de coragem, emoção, valores e paixão pela liberdade. E fomos muito, muito longe, em busca de um sonho que teima em se manter de pé.”

           Como os sonhos não morrem jamais, sei que a iniciativa de Ziraldo e de Ângela haverá de tocar os brios da nossa gente, para que o ressurgimento de Palavra não tarde.

           Com essa expectativa, solicito à Mesa do Senado Federal que considere como parte integrante deste pronunciamento o editorial anexo, de Ângela Gutierrez, publicado na edição de agosto último da Revista Palavra, bem como o artigo subscrito pelo ex-diretor da publicação, José Eduardo Gonçalves, publicado na edição deste mês da Revista Caros Amigos.

           Muito obrigado.

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR FRANCELINO PEREIRA EM SEU DISCURSO ENVIADO À PUBLICAÇÃO:

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