O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PPB - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, acabo de regressar de visita à vasta extensão de terras cultivadas com algodão, milho e soja, na região de influência do Rio Mississipi, nos Estados Unidos.

Fi-lo, Sr. Presidente, atendendo a convite formulado pela Braspov, Associação Brasileira de Obtentores de Vegetais, bem como pelo desejo próprio de conhecer o bom desempenho da agricultura americana em razão da aplicação de novas técnicas e tecnologias.

Integrei grupo heterogêneo, composto por pesquisadores, professores, consultores, técnicos, produtores, secretários de estado de produção de agricultura e parlamentares.

Visitamos, no curso de uma semana, laboratórios e estufas, com experimentos de empresas que se dedicam à pesquisa em busca permanente da melhoria da qualidade dos seus produtos, e constatamos a excelência dos trabalhos ali realizados.

Visitamos cooperativa de produtores, e obtivemos informações não só quanto ao processo produtivo, mas também com relação à comercialização dos seus produtos.

Conhecemos laboratório estatal de classificação, que nos demonstrou a eficiência dos seus serviços.

Tivemos a oportunidade de visitar uma usina de descaroçoamento e empacotamento de algodão de excelente qualidade, assim como a Universidade Estadual de Louisiana, onde pudemos constatar seus extraordinários experimentos.

E, mais importante, Sr. Presidente, visitamos inúmeros produtores na sua área de trabalho, na sua área de atuação, nas suas lavouras, e ali pudemos constatar que os agricultores não escondiam a sua satisfação pelos resultados obtidos, em razão basicamente das modernas técnicas utilizadas, notadamente no que diz respeito aos organismos geneticamente modificados.

O segredo: melhor desenvolvimento das plantas, melhor produtividade, menor uso de defensivos e, sobretudo, redução de custos.

Aqui, no Brasil, observa-se ainda uma forte resistência ao uso dessa nova tecnologia. Precisamos avançar, precisamos discutir mais, e, se o assunto continuar sendo tratado de forma superficial, corremos o risco de ficar à margem da história, enquanto outros países avançam tecnologicamente.

Espero, Sr. Presidente, voltar a esse tema com informações mais precisas, com dados específicos daquilo que vimos, das instituições e propriedades que visitamos, das manifestações dos próprios produtores, para, num debate mais amplo, verificarmos o que acontece em um país onde a agricultura tem uma participação expressiva no PIB.

Mas quero aproveitar, Sr. Presidente, esta primeira oportunidade em que ocupo a tribuna desta Casa depois do recesso para manifestar profunda indignação a respeito de uma matéria veiculada na Revista Veja nº 1.658, de 19 de julho de 2000.

Prefiro interpretar que o articulista foi negligente ao estribar seu trabalho em informações obtidas de fontes sabidamente tendenciosas, maliciosas, incorrendo, por isso, em inominável injustiça contra o Governador Siqueira Campos.

A história do Tocantins, Sr. Presidente, é muito bonita para ser vilipendiada.

Muito sofrida, também.

O “Caudilho do Tocantins”, como se refere a revista, é um líder muito querido e respeitado pelo seu povo. Aliás, nenhum tribunal teria melhor credencial e mais legitimidade para julgá-lo do que o seu próprio povo, que já o fez, elegendo-o por três vezes, de forma consagradora, seu governante.

Falam por si sós as inúmeras obras que têm proporcionado ao Tocantins verdadeira revolução sócio-econômica, conferindo-lhe crescimento em índice superior à média nacional.

Um arrojado programa rodoviário ali implantado, que integrou as diversas regiões do Tocantins, e este às principais regiões do País, fez a sua malha rodoviária crescer de 260 quilômetros para cerca de 4 mil quilômetros no curto período de existência do Estado.

A modernização e ampliação do sistema de produção, de geração e de distribuição de energia elétrica também permitiu ao Estado um salto qualitativo; nosso Estado implantou um programa também intenso de geração de energia e de distribuição de energia, inclusive para o meio rural, com cerca de 30.000 quilômetros, beneficiando 18.000 propriedades.

            A Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães, para um Estado novo e pobre como o Tocantins, é um grande feito, uma usina com capacidade de geração de 850 megawatts, que já está em franca execução e certamente será inaugurada no ano que vem.

No meio rural, um vigoroso programa de incentivo à produção do Estado tem propiciado aos produtores a oportunidade de cultivar a sua própria terra. E o Governo tem dado um apoio intenso: mais de 300 tratores foram distribuídos nos diversos Municípios do Estado, contemplando principalmente o pequeno produtor.

A saúde, que hoje tem um nível muito bom de atendimento e que melhora a cada ano, tem mais de 3.000 leitos públicos hospitalares em funcionamento, além de hospitais modernamente equipados e distribuídos nas regiões estratégicas do Estado. Realidade muito diferente dos 62 leitos públicos hospitalares que existiam quando o Estado foi criado.

E a educação: uma revolução!

O eficiente sistema de gestão autônoma e compartilhada estabeleceu um poderoso processo de formação da nossa infância e adolescência.

A universidade estadual estancou o êxodo da sociedade tocantinense, que via seus filhos demandarem outros Estados em busca da complementação do seu ensino. Hoje, não só estancou essa sangria, como oferece oportunidade aos demais segmentos da sociedade tocantinense de preparar a sua juventude, os seus homens e mulheres para uma participação ativa num mundo cada vez mais competitivo.

O Programa Pioneiros Mirins é o maior programa bolsa-escola em execução no País. O Tocantins não tem meninos ociosos nas ruas. Mais de 30 mil crianças estão hoje nesse programa, e há outros programas auxiliares em prática no Estado, ocupando-as com atividades artesanais, de iniciação profissional, de práticas desportivas, e ensinando-lhes, em complementação, conhecimentos de natureza cívica.

Centenas e centenas de obras significativas foram e estão sendo executadas em todos os Municípios, nas mais diversas regiões do Estado, conferindo-lhe extraordinário ritmo de desenvolvimento e fazendo justiça social.

Nossa Capital, Palmas, encanta tantos quantos a visitam, com serviços púbicos funcionando perfeitamente, amplas ruas e avenidas urbanizadas, ajardinadas, com iluminação pública, água tratada, captação pluviométrica, esgotamento sanitário e transporte coletivo funcionando, atendendo às demandas de uma sociedade cada vez mais exigente. Construída dentro dos mais modernos conceitos de urbanismo e arquitetura, Palmas é a cidade que mais cresce no País, algo em torno de 29%.

É o orgulho da brava gente tocantinense.

A deliberada escolha da sua localização à margem direita do rio Tocantins também cumpre importante papel de integração e de desenvolvimento, já que essa região era, até a instalação da capital, a mais pobre e isolada do nosso Estado.

Obras novas e modernas continuam a surgir para dar mais conforto e melhorar a condição de vida da nossa gente. Assim surge o terminal rodoviário, assim surgem e estão em franca execução o terminal aeroviário e o Estádio Nilton Santos, para a alegria daqueles que gostam do esporte.

Por essas razões, Sr. Presidente, o povo tocantinense não só aprova o trabalho do Governador Siqueira Campos, como nutre por S. Exª um sentimento forte de respeito e admiração.

Desse modo, deixo aqui registrada minha indignação pessoal e a da brava gente tocantinense em relação à matéria veiculada na revista Veja.

O Sr. Djalma Bessa (PFL - BA) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PPB - TO) - Com muito prazer, ouço o nobre Colega.

O Sr. Djalma Bessa (PFL - BA) - Senador Leomar Quintanilha, quando V. Exª faz referência ao Governador Siqueira Campos, julgo-me no dever de prestar um esclarecimento. Fui colega de S. Exª na Câmara dos Deputados por várias legislaturas. Portanto, sinto-me na obrigação de dar o meu testemunho do seu zelo, da sua dedicação, do seu trabalho profícuo e diuturno no Legislativo, onde S. Exª teve oportunidade de lutar pela emancipação do Tocantins. Foi, realmente, um trabalho muito grande, em que S. Exª não tergiversou em pôr em risco a própria saúde e fez uma greve de fome para que fosse criado o Estado de Tocantins. Lutou bravamente e venceu e há de se creditar esse trabalho ao exercício do seu mandato de Deputado Federal. Emancipado o estado, abertas as eleições, S. Exª se candidatou e teve uma votação consagradora. Ainda não dava para avaliá-lo como administrador, como executivo, mas o trabalho que o Governador Siqueira Campos fez no Estado de Tocantins credenciou-o para um respaldo maior e para o apoio que teve para consolidar a sua liderança. Quero, portanto, aproveitando a oportunidade, felicitar o Governador pelo trabalho que vem fazendo, mas quero também parabenizar o povo do Tocantins por se revelar esclarecido e justo ao promover a liderança do Governador Siqueira Campos e lhe proporcionar esse aplauso e esse prêmio ao reconhecê-lo como um dos grandes líderes estaduais. Ele pode concorrer, disputar a área administrativa com qualquer Governador dos 26 Estados ou o do Distrito Federal que S. Exª não perde. Pode empatar, mas perder não. Quero, portanto, até fazer justiça e dizer que V. Exª não está fazendo um favor ao Governador; está fazendo um relatório, está cumprindo um dever: o de restabelecer a verdade. Essa reportagem é fruto de uma precipitação, é trabalho de quem não conhece a postura inatacável de S. Exª. V. Exª já fez um relatório que o consagra como administrador. Está, portanto, o Governador Siqueira Campos muito à vontade para prosseguir com seu trabalho dignificante, um trabalho realmente inigualável em prol do Estado do Tocantins. Obrigado a V. Exª.

O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PPB - TO) - Nobre Senador Djalma Bessa, V. Exª não só testemunhou o trabalho determinado do Deputado Siqueira Campos na Câmara dos Deputados para criar essa nova realidade que está sendo construída no coração do Brasil, que é o Estado do Tocantins. V. Exª, além disso, contribuiu, ajudou na criação desse Estado. A criação do Estado do Tocantins é uma demonstração inequívoca de que a divisão territorial do País é imperativa, pois ali deu certo, ali foi bom, ali foi importante. O Governador Siqueira Campos, quando deputado, já tinha essa visão, já tinha essa percepção e não se conformava em ver uma região importante como a região tocantina ser legada ao ostracismo, abandonada, com a sua gente sofrendo. Eminente Senador Djalma Bessa, não tive o privilégio, como V. Exª teve, de ser colega do então Deputado Siqueira Campos, mas fui seu companheiro, seu aliado, seu parceiro nessa luta extraordinária de criação, de implantação e de construção daquele que haverá de ser um dos mais prósperos estados da região. O Governador Siqueira Campos, que foi um bom Deputado, que foi um excelente Deputado, tem se revelado um extraordinário administrador. Não é por outra razão que no Estado do Tocantins se processa uma verdadeira revolução socioeconômica. O povo o aplaude de pé, satisfeito com a permanente, com a constante melhoria da qualidade de vida que tem experimentado. E é tão grande e tão visível o crescimento do Tocantins, que colegas de outros Estados, que empresários de outros Estados têm visto sua curiosidade ser despertada por ele: é uma permanente visita ao Tocantins e uma torcida para que consigamos, capitaneados pelo Governador Siqueira Campos, vencer o nosso principal obstáculo, qual seja, o de implantação das nossas obras de infra-estrutura. Superado esse obstáculo, poderemos, efetivamente, organizar a economia do Tocantins, inseri-lo num processo pujante de produção. Todo esse esforço é porque entendemos que aquela região, que tem o Tocantins em seu coração, está fadada a ser uma das regiões onde teremos uma das mais importantes e poderosas agroindústrias deste país, dando uma contribuição para mitigar a fome de tantos brasileiros de outras regiões, e, sobretudo, contribuindo para mitigar a fome de outros países do mundo.

Por essa razão digo que o articulista da Veja não tinha o conhecimento devido, adequado, para fazer o julgamento que fez: equivocou-se. Entendo que quem tem melhores condições e mais legitimidade para fazer esse julgamento é o povo do Tocantins, que convive com o Governador Siqueira Campos e que nutre por S. Exª, além de admiração e respeito, um sentimento de gratidão profundo por tudo o que ele tem feito por aquela terra e por aquela gente.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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