Discurso durante a 109ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Congratulações ao Indesp pela elaboração do Plano Nacional de Desenvolvimento do Esporte, para o quadriênio 2000 - 2003.

Autor
Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE.:
  • Congratulações ao Indesp pela elaboração do Plano Nacional de Desenvolvimento do Esporte, para o quadriênio 2000 - 2003.
Publicação
Publicação no DSF de 30/08/2000 - Página 17457
Assunto
Outros > ESPORTE.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, PRATICA ESPORTIVA, BENEFICIO, SAUDE, PESSOAS, SOCIALIZAÇÃO, JUVENTUDE, RECONHECIMENTO, PAIS, AMBITO INTERNACIONAL.
  • ELOGIO, TRABALHO, INSTITUTO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DO DESPORTO (INDESP), ELABORAÇÃO, PLANO NACIONAL, DESENVOLVIMENTO, ESPORTE, DEMONSTRAÇÃO, CONSCIENTIZAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, IMPORTANCIA, PRATICA ESPORTIVA, PROGRESSO, PAIS, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. ROMERO JUCÁ (PSDB - RR) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a prática de atividades esportivas é, reconhecidamente, benéfica para a saúde de pessoas de todas as idades. Nos adultos e na terceira idade, ela retarda o processo do envelhecimento, reduz os efeitos do estresse e diminui consideravelmente os riscos de doenças cardiovasculares. Entre os jovens, seus efeitos ultrapassam em muito os aspectos puramente médicos e sanitários, constituindo um dos mais efetivos fatores de integração social da juventude de todas as classes sociais.

            Juntamente com a escola, os desportos constituem uma forma de ocupar e unir os jovens em torno de atividades construtivas para a sociedade e positivas para o futuro de cada indivíduo. É uma das melhores maneiras de se desviar a garotada do caminho sem volta das drogas e do ócio que leva ao delito.

            Com efeito, o esporte tem sido, historicamente, uma das poucas vias, em nossa sociedade injusta e excludente, de ascensão social para os jovens das classes populares. O futebol, modalidade mais popular, é, desde muito tempo, o caminho trilhado por garotos humildes que ascendem, por seus méritos pessoais, de sua situação original de penúria a um status social de classe média ou mesmo, em casos especiais, de classe alta. Foi o que sucedeu, por exemplo, com nosso Pelé, mundialmente considerado o "Atleta do Século".

            Fora do futebol, outros esportes tornaram útil, produtiva e exemplar a vida de brasileiros de origem pobre que, não fora a carreira atlética, talvez não tivessem alternativa à marginalidade, quem sabe ao crime. Seria o caso, por exemplo, do grande Ademar Ferreira da Silva, único brasileiro até hoje a conquistar duas medalhas de ouro em jogos olímpicos, e de outros, como Joaquim Cruz, Nélson Prudêncio ou João Carlos de Oliveira, o "João do Pulo".

            Por longo tempo, a farsa do amadorismo entravou o desenvolvimento dos esportes no Brasil. O preconceito contra a profissionalização dos atletas e contra o próprio esporte, típico de nossa cultura bacharelesca que sempre desprezou as atividades físicas, ajudou também a cortar muitas carreiras promissoras. Esses fatos se refletem na fraca participação relativa dos brasileiros entre os medalhistas olímpicos na história dos jogos, para não se falar do fato de somente havermos enviado uma delegação esportiva às Olimpíadas em 1920, um quarto de século depois do nascimento do movimento olímpico moderno.

            A situação, porém, vem se alterando rapidamente. Já não são mal vistos pelas famílias, mesmo as de classe média e alta, os jovens que optam pelo esporte como atividade profissional. Vem crescendo, na mesma medida, a conscientização das empresas nacionais do retorno publicitário resultante do investimento no patrocínio ao desporto. O Governo vem fazendo sua parte, fomentando o esporte nas escolas e estimulando a participação da iniciativa privada em seu financiamento.

            O resultado de tudo isso é o rápido crescimento do número de medalhas obtidas por atletas brasileiros nas edições mais recentes dos jogos olímpicos. O surgimento constante de revelações como Claudinei Quirino e Sanderlei Parrela, nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no ano passado, é uma evidência desse processo. Faz parte do mesmo processo a ascensão do voleibol brasileiro, sobretudo na modalidade de praia, ao topo do ranking mundial.

            Ora, poder-se-ia pensar que é coisa fútil e sem real importância política ou econômica o destaque de um país no cenário esportivo internacional. Nada mais falso. O valor de propaganda dos bons resultados esportivos sempre foi reconhecido pelas grandes potências econômicas e políticas. Nos tempos da guerra fria, era mais um motivo de disputa por hegemonia entre Estados Unidos e União Soviética. Isso para não mencionar a manipulação ideológica por parte do Partido Nazista alemão nos jogos de Berlim, em 1936.

            Lembro esses fatos tristes, Sr. Presidente, para deixar claro que o sucesso nos esportes sempre foi uma expressão do poder das nações -- tanto quanto a pujança econômica, o desenvolvimento tecnológico, a força moral e cultural do povo ou o número de canhões ou ogivas nucleares -- e um fator de reconhecimento e respeito de um país pelos outros. Desprezar a importância do esporte para a imagem e mesmo para a defesa das aspirações diplomáticas dos países é passar atestado de ignorância em geopolítica e estratégia.

            Dadas essas vantagens para a saúde de todos, para a socialização dos jovens e para a imagem internacional do País, não surpreende que a Constituição Federal, em seu artigo 217, haja consignado ao Estado o dever de fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito dos cidadãos. O Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto -- Indesp, ligado ao Ministério do Esporte e Turismo, é o órgão ao qual incumbe a elaboração e a execução da meta de tornar realidade esse preceito constitucional. Para isso, está dotado de uma visão de futuro na qual se consolidará, em nosso País, uma verdadeira cultura esportiva, de modo a generalizar a prática desportiva e a desenvolver recursos humanos qualificados também para a ciência e a tecnologia do esporte.

            O Plano Nacional de Desenvolvimento do Esporte, elaborado pelo Indesp para o quadriênio 2000-2003, é uma demonstração da consciência, por parte do Governo Federal, desse papel decisivo do esporte para o progresso material e espiritual do povo e do País. Apresenta quatro programas, a saber: "Esporte, direito de todos", voltado para a melhoria geral da saúde e da qualidade de vida da população; "Esporte Solidário", voltado para jovens carentes e dedicado a retirá-los de situações de exclusão e risco social; "Brasil, Potência Esportiva", voltado para o aperfeiçoamento dos atletas de competição e à promoção da imagem do País no exterior; e "Gestão da Política do Esporte", dedicada ao planejamento, avaliação e controle das atividades oficiais de fomento do esporte.

            Diante do desafio de resgatar a maior parte da população brasileira da marginalidade e da miséria, conferindo-lhe os benefícios da cidadania que são de seu direito, todas as ações voltadas para a integração social e para a melhoria da saúde geral do povo são bem-vindas. Mais do que isso, são urgentes. Não tenho dúvidas de que no esporte esteja uma das mais poderosas alavancas para a promoção da qualidade de vida e da felicidade de nosso povo. Por isso, quero aplaudir, desta tribuna, o Indesp e o trabalho que vem realizando, sobretudo agora que dispomos de planejamento estratégico, com o Plano Nacional de Desenvolvimento do Esporte.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/08/2000 - Página 17457