O SR. SENADOR ROMERO JUCÁ (PSDB - RR) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, ninguém pode ignorar que um dos maiores problemas que afligem nosso País - aliás, um problema de praticamente todas as nações -, é o alto consumo e a comercialização de drogas. Não só, mas principalmente nas áreas urbanas, as drogas têm trazido dependência e destruição física e moral para muitas pessoas, principalmente para o segmento jovem da população. Além do mais, têm deixado um rastro de crimes e de violência por onde passa e se faz presente. E chamo atenção para o fato de que não são apenas as drogas ilícitas que trazem prejuízo à sociedade, mas também as lícitas, pois não se pode negar que nenhuma droga mata mais no Brasil do que o álcool, seguido de perto pelo tabaco.

Por isso, gostaria de congratular o Centro de Integração Empresa -Escola (CIEE) pela oportuna e importante iniciativa de promover um concurso, no meio universitário, sobre o tema drogas. Essa entidade, sediada em São Paulo, capital, tem cumprido um papel social de relevo, ao trabalhar para integrar estudantes ao mercado de trabalho e à sociedade. O “Concurso para Universitários sobre Programas de Prevenção de Drogas”, promovido em parceria com a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) e com o Grupo Internacional de Estudos de Álcool e Drogas (GREA), da Universidade de São Paulo, visa incentivar a elaboração, pelos estudantes universitários de todo o País, de projetos originais, exeqüíveis e científicos para combater o consumo de drogas, da forma mais eficaz e inteligente, que é a prevenção: - impedindo que, a cada ano, a cada mês, a cada dia, mais e mais jovens brasileiros sintam-se atraídos pelo prazer traiçoeiro que a droga proporciona.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, tivemos, há poucos dias, a satisfação de ver aprovada lei, pelo Congresso Nacional, que proíbe a propaganda de bebidas alcoólicas e de cigarros. Finalmente tivemos a coragem de enfrentar o poderoso e rico lobby dos fabricantes de bebida e de tabaco. Essa foi uma grande vitória no campo do combate às drogas lícitas. Se ainda se pode tolerar o consumo das drogas lícitas, sob o argumento de que, numa sociedade livre e democrática, o Estado não deve proibir ao cidadão maior de idade praticar nenhum ato que apenas prejudique a si mesmo, era evidentemente um absurdo incentivar-se o consumo de drogas por meio da propaganda, com todas suas sofisticadas técnicas de persuasão.

No campo das drogas ilícitas, há muito que fazer. Grande parte da insuportável violência urbana e da corrupção das instituições sociais dos grandes centros tem, como pano de fundo, o comércio de drogas e seus fabulosos lucros. A guerra contra a droga ilícita, não só no Brasil, mas no mundo, está sendo perdida. Algo precisa ser feito. Alguns liberais, como o respeitado economista norte-americano Milton Friedman, defendem a legalização de muitas das drogas hoje proibidas, de modo a trazer sua comercialização do mundo do crime para o mundo legal. Outros estudiosos do tema discordam desse ponto de vista, argumentando que nenhuma complacência deve ser demonstrada por mercadorias que causam tão grave problema de saúde pública.

Enfim, a sociedade deve debater esse problema, de forma aberta e democrática. Como está, não pode ficar. Assim, nada melhor do que esse debate, que essa procura de alternativas comece pelo segmento dos jovens universitários, uma vez que são justamente os jovens os mais prejudicados nessa questão.

Mais uma vez, portanto, dou os parabéns ao Centro de Integração Empresa-Escola por ter tido a idéia de promover o “Concurso para Universitários sobre Programas de Prevenção de Drogas”.

Era o que tinha a dizer.

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