O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Será uma brevíssima comunicação. Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, hora do espanto 1. Eu não me espantei, ontem, quando o Senador Romeu Tuma me assegurou, numa postura ética e firme, que só apoiaria, em São Paulo, um candidato que se comprometesse a aprofundar as investigações sobre o escândalo dos precatórios e o destino do dinheiro malversado na Prefeitura de São Paulo. Não me assustei. É uma postura ética, natural e previsível num homem como o Senador Romeu Tuma, uma das peças essenciais nos trabalhos da CPI, que, por muitas vezes, foi presidida, Senador Geraldo Melo, por V. Exª.

O Senador Romeu Tuma realizou um trabalho de investigação, acompanhou-me - eu era Relator - ao Paraguai, e não se poderia esperar de S. Exª atitude diversa. É evidente que, por vias indiretas, o Senador Tuma disse, sendo S. Exª do PFL, que, por uma questão ética, pelo menos vota na Marta Suplicy, em São Paulo.

Esse não é o espanto. O espanto me foi causado pela declaração do Presidente da República: que São Paulo foi roubada durante muito tempo, que teve o seu dinheiro malversado, e que, portanto, precisa mudar - implicitamente dizendo que apoiaria a nossa candidata do PT, Marta Suplicy.

Não entendo isso. Quando convocamos Paulo Maluf para depor na CPI dos Precatórios, o PSDB votou contra. E recebemos um ofício do Paulo Maluf dizendo que estava no exterior. No dia seguinte, descobrimos que ele estava jantando com o Presidente da República no Palácio do Planalto ou no Palácio da Alvorada.

As liberações dos precatórios em São Paulo foram absolutamente irregulares, concedidas de forma especial pelo Malan, depois das conversas do Maluf com o Presidente da República.

Não sei que postura ética repentina é essa do Presidente Fernando Henrique. Não notei, durante a CPI dos Precatórios, essa postura ética. Notei por parte dele, pessoalmente, de seu Governo, de seu Ministro, o favorecimento da negociata de São Paulo.

Eu me pergunto agora: será que Marta Suplicy aceitará o apoio de Fernando Henrique? O candidato do PSDB em Londrina, o ex-Líder do Governo, Deputado Luiz Carlos Hauly, deixou explícita a aceitação desse apoio. O desastre sucedeu de forma abrupta e inesperada: em um dia, perdeu 10 pontos. Continuou perdendo e, de franco favorito, em uma semana, foi para o quarto lugar no ranking dos mais votados. Eu, no lugar de Marta Suplicy, exigiria do Presidente da República o que o Senador Romeu Tuma está exigindo do candidato que venha a apoiar: a apuração, em profundidade, dos desvios dos precatórios em São Paulo. Exigiria mais: que o Presidente da República explicasse, de uma vez por todas, a sua participação e do seu Ministro no caso dos bancos Marka e FonteCindam; e que explicasse, definitivamente, como se compra uma fazenda de 1.047 alqueires, em Minas Gerais, por US$2 mil - US$1.98 o alqueire -, junto com Sérgio Motta. Posteriormente, essa fazenda foi transferida para uma empresa, constituída pelo Presidente da República atual e por Sérgio Motta, por US$20. Duas incidências ou uma incidência e uma reincidência de sonegação fiscal.

No lugar da candidata do PT, Marta Suplicy, eu não aceitaria o apoio de Fernando Henrique, porque esse apoio, uma vez aceito, talvez torne a candidatura de Marta Suplicy igual a todas as outras. O PT, até agora, tem se diferenciado no Brasil por uma postura ética, de correção e de ausência de escândalos em suas administrações. Porém, se esses apoios se consolidam e são bem-vindos, essas candidaturas petistas caem na vala comum da corrupção política brasileira.

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