Discurso durante a 90ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à memória do jornalista Aloysio Biondi.

Autor
Tião Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Afonso Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à memória do jornalista Aloysio Biondi.
Publicação
Publicação no DSF de 03/08/2000 - Página 15601
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ALOYSIO BIONDI, JORNALISTA, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO, JORNALISMO, PAIS, INCENTIVO, DEBATE, SOLUÇÃO, PROBLEMA, ECONOMIA.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AUTORIA, JANIO DE FREITAS, REPORTER, HOMENAGEM POSTUMA, ALOYSIO BIONDI, JORNALISTA.
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, ALOYSIO BIONDI, CRITICA, LIBERALISMO, ECONOMIA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, ocupo a tribuna para dar continuidade aos gestos de homenagem e respeito que já foram externados dentro do Senado Federal à figura marcante e inesquecível, que tanta contribuição trouxe ao jornalismo brasileiro, aos milhões de leitores da Imprensa Nacional, que, sem dúvida, acolheram, no seu dia-a-dia, na sua escrita, uma imagem de referência moral, ética e de clareza de raciocínio dentro dos debates sobre a economia nacional e a alta estima que deve ter sempre o povo brasileiro pelo seu patrimônio nacional.

Refiro-me ao nobre e eminente jornalista Aloysio Biondi, quem tivemos a tristeza e o drama de perder no recente mês de julho.

            Inicialmente, apresento uma leitura, que solicito à Mesa seja transcrita nos Anais do Senado Federal, do jornalista Jânio de Freitas, que faz uma homenagem, a meu ver, clara, objetiva, extremamente feliz, quase insubstituível em relação ao que se deve dizer e pensar de Aloysio Biondi.

“A grande contribuição de Aloysio Biondi para o jornalismo só agora vai se mostrar, na plenitude, com a sua falta. A imensa contribuição de Aloysio Biondi para o país só será percebida na plenitude quando, e se, houver estudos abrangentes, de meados de 60 para cá, das relações entre a imprensa e poder entre a propaganda oficialesca e a realidade econômica, entre governo e negócios.

Biondi não freqüentava ministérios, bancos, gabinetes estatais, rodas de grandes empresários. E, no entanto, jamais um jornalista soube de modo tão completo quanto ele, e duvido que algum dia outro venha a saber, o sentido real, os pormenores e as conseqüências das decisões econômicas e monetárias, como dos grandes negócios envolvendo interesses governamentais ou sociais. O dia-a-dia de Aloysio Biondi era uma ourivesaria sem fim, pinçando e estabelecendo conexão, surpreendente e verdadeira, dos maiores e dos mínimos dados presentes nas seções de economia, nos boletins de serviços governamentais, nas estatísticas e nos balanços, de que era admirável analista. Sua memória incomum guardava tudo, mas seus leitores também podiam guardar: Biondi nunca sonegou uma informação que lhe parecesse devida ao leitor, nunca deformou para que não desagradasse o empresário influente, o poder governamental ou objetivos não-jornalísticos de seu empregador, se fosse o caso.

Não é à toa que Aloysio Biondi foi um tanto maldito, apesar do seu êxito como editor, como colunista, como articulista e repórter. Simples, tranqüilo, bem-humorado, passou a vida de redação em redação. Em cada uma, formou, com a competência didática e a fraternidade incomuns, uma legião de jornalistas. Nos últimos tempos, essa qualidade foi descoberta pela renovada Faculdade Cásper Líbero de jornalismo, que o incluiu no seu corpo docente e, neste ano, lhe outorgou o reconhecimento de Notório Saber.

A quantidade de farsas e negociatas que Aloysio Biondi desnudou não tem conta. Seu livrinho recente sobre as privatizações é e será sempre um trabalho de consulta obrigatória a respeito do período atual. Mas não sei quem foi mais excepcional, entre o jornalista e a pessoa Aloysio Biondi, se é que um dos dois foi mais excepcional que o outro.

A coragem e a altivez com que Biondi aceitou muitas adversidades são, em minha memória, um caso único. Sua vida foi de dificuldades contínuas, mas ninguém poderia ser mais generoso do que Aloysio Biondi. Nem de caráter mais límpido.

           Cedo ao lugar comum, nada pode agora ser mais verdadeiro e eloqüente: Aloysio Biondi, uma perda irreparável.

Este artigo de Jânio de Freitas foi publicado na Folha de S. Paulo do dia 23 de julho de 2000.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - Com imenso prazer, Senador Suplicy.

Antes de conceder o aparte ao Senador Suplicy, acrescento que farei, após o aparte, a leitura do último artigo de Aloysio Biondi, que foi publicado na revista Caros Amigos. O artigo intitula-se “O fim do neoliberalismo, a virada”. Trata-se de um belíssimo e inesquecível artigo que ele nos deixa como sua última contribuição.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Tião Viana, V. Exª presta uma merecida homenagem ao jornalista Aloysio Biondi, que, infelizmente, há cerca de dez dias nos deixou. Tive oportunidade de conhecê-lo quando trabalhei na Folha de S.Paulo como articulista, de 1976 a 1980. Fomos colegas próximos de bancada na redação e, desde aquela oportunidade, pude testemunhar o extraordinário empenho, a vontade extraordinária de Aloysio Biondi de estar sempre pesquisando, desvendando a verdade, sendo um jornalista no mais puro senso da palavra: a pessoa que descobre as coisas e quer desvendar a verdade para revelá-la à opinião pública. E ele, nesse sentido, prestou um serviço extraordinário a todos os seus leitores nos últimos anos. V. Exª leu artigo que foi muito bem escrito por um dos jornalistas mais sérios e imparciais da imprensa brasileira, que é Jânio de Freitas. Ele viu em Aloysio Biondi um extraordinário exemplo, pois Aloysio Biondi foi um jornalista que jamais se submeteu a pressões de quem quer que fosse para publicar algo de uma maneira diferente daquela que fosse a sua convicção sobre uma matéria. Muitas vezes ele trabalhou como editor - nem sempre, portanto, assinando matérias -, e nesses momentos ele foi um verdadeiro professor de uma grande legião de jornalistas que estavam trabalhando sob a sua orientação. Mas Aloysio Biondi destacou-se sobretudo por seus trabalhos de denúncia sobre a natureza do modelo brasileiro, seja durante a época da ditadura militar, seja em tempos mais recentes, durante o Governo Fernando Henrique Cardoso. Ele foi o jornalista que, com muita clareza, foi fundo para examinar, por exemplo, a natureza do Proer, a natureza do processo de privatização das empresas públicas. Em “O Brasil Privatizado” ele mostra como é que instituições oficiais de crédito e como é que entidades de previdência fechada - tais como Previ, Petrus, Funcef e Centrus - foram muitas vezes orientadas pelo Palácio do Planalto a adquirir participação em empresas em conluio, em coordenação com empresas privadas, proporcionando aos proprietários, aos controladores dessas empresas privadas a possibilidade de controlar empresas que antes eram patrimônio público. Tal procedimento resultou, no meu entender e no de Aloysio Biondi, em concentração de riqueza e de poder. Esse é um dos fenômenos que explica por que o Presidente Fernando Henrique Cardoso, ao longo do seu mandato, não conseguiu melhorar significativamente a distribuição da renda em nosso País. Gostaria, inclusive, de recomendar a todos os Senadores e a todos os que nos ouvem, se ainda não leram, que leiam “O Brasil Privatizado”, de Aloysio Biondi, publicado pela Fundação Perseu Abramo - já foram vendidos, Senador Tião Viana, 140 mil exemplares. Trata-se de um fenômeno que foi muito além daquilo que poderia prever a Fundação Perseu Abramo ou o próprio jornalista Aloysio Biondi, que merece a mais justa homenagem do Senado Federal. Ontem o Senador Pedro Simon havia aqui apresentado um requerimento de pesar, mas felizmente V. Exª traz hoje a leitura desses artigos tão bonitos sobre Aloysio Biondi e de Aloysio Biondi. Muito obrigado.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - Agradeço e muito me honra o aparte de V. Exª, Senador Eduardo Suplicy.

Acredito ter sido uma fase feliz de sua vida esse convívio com Aloysio Biondi, pois o tratamento que ele dava à matéria jornalística nos fazia leitores muito felizes e muito interessados no jornalismo, na informação. Creio que milhões de brasileiros abrem todos os dias os jornais em busca de matérias verdadeiras, independentes e comprometidas com uma sociedade melhor, distinta, mais justa. Aloysio Biondi expunha as razões das injustiças, das distorções e a possibilidade de um Brasil mais verdadeiro e correto na defesa do patrimônio nacional e de sua auto-estima.

            Gostaria de dizer a V. Exª que tive o prazer também de fazer a leitura do livro “O Brasil Privatizado”. Foi uma obra importante que consolidou a tese de que estávamos desnacionalizando mesmo o nosso País e precisaríamos incutir mais auto-estima na sociedade, nos gestores públicos e nas empresas nacionais. Felizmente esse livro vendeu 140 mil exemplares a um preço simbólico de R$5. Acredito ser uma perda irreparável para qualquer brasileiro não ter acesso à informação e à análise proporcionadas pela leitura desse livro de Aloysio Biondi.

            Sr. Presidente, passo a ler o último artigo escrito por Aloysio Biondi, intitulado “Fim do neoliberalismo, a virada”:

Houve outra “virada” na própria história do planeta Terra que a grande imprensa e analistas simplesmente ignoraram. Reunidos na capital alemã em princípios de junho, os chefes de Estado dos sete países ricos, agrupados no chamado G-7, assinaram um tratado rejeitando as políticas neoliberais. Já chamado de Consenso de Berlim, como substituto do Consenso de Washington que deu origem à onda neoliberal, o acordo chegou até a ser noticiado pelos jornais, no dia de sua assinatura - mas depois o silêncio foi total: nem uma análise, nem uma entrevista, nem uma suíte, nada de nada... No entanto, as conseqüências para os rumos da humanidade são óbvias (até a próxima “virada”, claro): são enterradas as teorias que dominaram o mundo nos últimos anos, pelas quais o Estado deveria interferir o mínimo na vida dos países, deixando que “o mercado” se incumbisse de fazer todos os ajustes da economia - inclusive quanto à criação de empregos e melhora na distribuição da renda. As questões sociais foram varridas do mapa, aceitando-se a impiedosa “exclusão de centenas de milhões de seres humanos”, em nome da “eficiência” e da “globalização” impulsionada pelo FMI e Banco Mundial; a onda neoliberal, como muitos críticos previam, no final das contas não passou de uma gigantesca gazua que os países ricos, e não apenas os EUA, mas também e principalmente a Europa, usaram para tomar de assalto os recursos naturais e depois até as fábricas de pão de queijo dos países “emergentes”, que, mui obedientemente, viraram imergentes. Mais uma vez, vai-se tentar apresentar a reviravolta como uma “surpresa”, algo surgido da noite para o dia. Na verdade, ela tem tudo a ver com outras mudanças radicais no “jogo do poder” internacional, também ignoradas nos anos recentes, e para as quais esta coluna, mais de uma vez, tentou chamar a atenção. Em síntese, o neoliberalismo está sendo enterrado como conseqüência do aumento do poderio econômico e político da Europa, que coincide com o agravamento dos problemas da economia dos EUA (mantidos na sombra por uma prosperidade com pés de barro, e pelo ensandecido boom nas bolsas de valores). A Europa passa a dividir, de fato, a hegemonia mundial com os EUA - e o euro passa a fazer frente ao dólar, como moeda de aceitação internacional.

            AS MUDANÇAS POLÍTICAS

Todas essas mudanças marcantes, ao longo dos últimos dois anos sobretudo, foram ignoradas à direita e à esquerda. No caso da direita, o silêncio talvez tenha sido e continue a ser deliberado, já que toda a sua máquina de propaganda esteve voltada para vender a idéia de que o modelo neoliberal era o caminho certo para o nirvana da prosperidade mundial, apresentando os EUA como a melhor prova dessa tese (dentro da “lavagem cerebral” neoliberal, vale relembrar a matéria de capa sórdida publicada em 1999 pela tradicionalmente respeitável revista The Economist, prevendo “crise iminente” e terremoto social na China...). Se a direita defendia seus interesses, a esquerda, como sempre, mergulhava em discussões intermináveis, ótimas para “seminários”, sobre qual a chamada “via” que os partidos socialistas europeus estavam trilhando: segunda, terceira, quarta, quinta? Blair é um traidor? Jospin é um burguesinho? Esses debates intelectualóides impediram que se enxergasse outro fato histórico, certamente o nascedouro do Consenso de Berlim, ou o começo do fim do neoliberalismo. A partir do final de 1998, quando Schröeder venceu as eleições na Alemanha, todos os principais países europeus passaram a ser governados por partidos de esquerda. Menos espetaculosa que a queda do Muro, dez anos antes, essa hegemonia dos partidos socialistas - de que “via” sejam - obviamente teria reflexos nas decisões políticas da Europa, entre as quais a rejeição às teorias neoliberais eram favas contadas. A guinada já estava em marcha. A homogeneidade de objetivos entre os governos de esquerda contribuiu para acelerar a implantação do euro, em janeiro do ano passado, com a superação de conflitos chamados “nacionalistas” entre França e Alemanha, por exemplo.

            AS MUDANÇAS ECONÔMICAS

Em economia, a aparência freqüentemente pode ser o oposto da realidade. Nos últimos anos, o noticiário sobre a “prosperidade norte-americana” assombrou o mundo. E a “fraqueza” do euro diante do dólar impressionou os incautos. Tudo aparência. Há décadas, a economia norte-americana mantém seu crescimento à custa de importações maciças, muito acima do valor das exportações, acumulando rombos fantásticos em sua balança comercial. Qualquer país nessa situação deficitária é forçado a desvalorizar sua moeda, para encarecer (e reduzir) as importações e baratear (e aumentar) as exportações, em busca de equilíbrio em suas trocas com o resto do mundo. Os EUA sempre fugiram à regra, simplesmente emitindo dólares para pagar suas compras - o que, já na década de 60, fazia o presidente francês De Gaulle chamar o dólar de mero “papel pintado”. Ou fez o ex-ministro americanófilo empedernido, Roberto Campos, chamar os EUA de “caloteiro mundial número um”, no ano passado. Até 1998, o déficit mensal dos EUA com outros países chegava a incríveis 15 a 18 bilhões de dólares - por mês. Em 1999, ele saltou para os 25 bilhões de dólares, e hoje está na faixa dos 30 bilhões de dólares. Por mês. Já em 1999, o BIS, banco central dos bancos centrais, em seu relatório divulgado em meados do ano, dizia que a situação era insustentável, e que o dólar deveria ser desvalorizado no mínimo em 23 por cento em relação ao euro, e em 28 por cento em relação ao iene japonês. Essa, a lógica econômica. Mas aconteceu o contrário: o dólar continuou a valorizar-se, e o euro a despencar. Por trás dessa tendência, esteve presente um fator que o cidadão comum dificilmente consegue entender: a queda do euro interessava à União Européia, exatamente para baratear suas exportações e encarecer as importações. Isto é, uma estratégia que chegou a provocar protestos oficiais de Clinton. Na prática, o euro desvalorizado permitiu aos países da União Européia baterem recordes de exportação, manterem a economia (e o emprego) em crescimento - e acumularem um saldo positivo na faixa de 200 bilhões de dólares anuais. Enquanto isso, os EUA apresentam um “rombo” de 300 bilhões de dólares e que caminha para os 360 bilhões de dólares em doze meses. O que a Europa tem feito com essa enxurrada de dólares? Basta olhar ao redor: suas multinacionais e bancos vêm comprando empresas e “concorrentes” em todo o mundo, inclusive nos próprios EUA. Enquanto os holofotes estavam concentrados na chamada “prosperidade norte-americana”, a Europa ampliava seu poder ao redor do mundo, pela presença crescente de suas empresas também em áreas estratégicas como energia, petróleo, telecomunicações. Os EUA já não detêm a hegemonia econômica absoluta - nem a política, no mundo. A mudança se refletirá sobre o dólar e seu poderio irreal.

Além da ascensão européia, não se pode ignorar dois outros fenômenos que contribuíram para o enterro do neoliberalismo. Primeiro: os relatórios anuais do Banco Mundial e FMI, de outubro do ano passado, que mostravam o avanço da miséria em todo o mundo, simultaneamente ao aumento do fosso entre países ricos e pobres, contrariando todos os mitos das vantagens da globalização e “sabedoria do mercado”. Segundo: as gigantescas manifestações de rua, primeiramente em Seattle, contra essas mesmas conseqüências da “onda neoliberal”. Um cínico diria finalmente que, agora que “já comprou tudo”, a Europa pode dar-se o luxo de ser boazinha com suas novas colônias, como o Brasil.

Aloysio Biondi.

            Creio que esse é um artigo que traduz o sentimento de muitos intelectuais e analistas econômicos deste País, que têm, em sua trajetória, uma análise verdadeira dos rumos da economia global e da economia dos países do Terceiro Mundo, onde incluímos o nosso Brasil.

O Sr. Roberto Saturnino (PSB - RJ) - Permite-me um aparte, nobre Senador Tião Viana?

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - Com imenso prazer, nobre Senador Roberto Saturnino.

O Sr. Roberto Saturnino (PSB - RJ) - Quero cumprimentar V. Exª pelo seu pronunciamento, fazendo minhas as suas palavras, que, no fundo, lamentam - e lamentam dolorosa e profundamente - a perda desse brasileiro formidável que era Aloysio Biondi. Como se já não bastasse a perda gigantesca de Barbosa Lima Sobrinho, o Brasil, nestes últimos dias, ainda sentiu - e sentirá, nos próximos meses e anos - a perda lastimável de Aloysio Biondi, que era uma das vozes mais lúcidas, independentes e vigorosas de crítica a todo esse modelo neoliberal, a essa eleição do mercado como deus ex machina na economia, a todo esse processo de globalização, que, no fundo, é um processo de favorecimento aos donos do mercado financeiro internacional. Aloysio Biondi era uma voz que o Brasil escutava e prezava e que, infelizmente, agora se apaga. Dessa forma, quero me associar também às palavras de V. Exª, lamentando a perda e cumprimentando V. Exª pelo seu pronunciamento oportuníssimo.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - Agradeço, nobre Senador Roberto Saturnino, e incorporo, com muito prazer, o seu aparte ao meu pronunciamento.

Encerro, Sr. Presidente, a homenagem a um homem que amou o seu país, a verdade e o jornalismo e que tratou da economia com o mais profundo respeito, que foi Aloysio Biondi, após ter lido e, portanto, incluído em meu pronunciamento o último artigo que escreveu e o de Jânio de Freitas sobre ele. 

Muito obrigado.


C:\Arquivos de Programas\taquigrafia\macros\normal_teste.dot 5/13/245:51



Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/08/2000 - Página 15601