Discurso durante a 134ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Justificativa à apresentação de Requerimento de Voto de Aplauso ao teatrólogo, ensaísta e jornalista Sábato Magaldi, pelo recebimento do Título de Professor Emérito da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo - USP.

Autor
Francelino Pereira (PFL - Partido da Frente Liberal/MG)
Nome completo: Francelino Pereira dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Justificativa à apresentação de Requerimento de Voto de Aplauso ao teatrólogo, ensaísta e jornalista Sábato Magaldi, pelo recebimento do Título de Professor Emérito da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo - USP.
Publicação
Publicação no DSF de 14/10/2000 - Página 20410
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • JUSTIFICAÇÃO, VOTO, HOMENAGEM, SABATO MAGALDI, ESCRITOR, JORNALISTA, PROFESSOR, TEATRO, RECEBIMENTO, TITULO, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), ELOGIO, OBRA INTELECTUAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. FRANCELINO PEREIRA (PFL - MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, estou encaminhando à Mesa um requerimento, com base no art.222 do Regimento Interno, para que, ouvido o Plenário, o Senado Federal manifeste um voto de aplauso ao teatrólogo, ensaísta e jornalista Sábato Magaldi, pelo título de Professor Emérito que lhe foi consagrado pela Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo - USP.

Sr. Presidente, como justificativa desse requerimento, desejo pronunciar algumas palavras.

No último mês de agosto, na Capital paulista, o teatrólogo, ensaísta, escritor e professor mineiro Sábato Magaldi foi homenageado com o título de Professor Emérito, a ele conferido pela Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo.

Foi uma homenagem a quem, durante quase quatro décadas, fez parte do corpo docente da Faculdade, vivendo e convivendo o tempo todo com o teatro.

Muito me apraz trazer ao conhecimento do Plenário do Senado Federal a notícia dessa homenagem tributada pela USP a esse intelectual brasileiro, meu ex-colega na Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais, em Belo Horizonte.

Para minha maior alegria, lembro com desvanecimento uma singularidade da turma com a qual convivi, ao longo de cinco anos.

Dela fazia parte um outro aluno que, como Magaldi, viria a se tornar um nome de relevo nas letras. Falo de Autran Dourado, o escritor mineiro laureado, agora em 2000, com o Prêmio Luiz de Camões de Literatura.

Portanto, de uma única turma da gloriosa Faculdade da Praça Afonso Arinos saíram pelo menos dois escritores, que dignificam a cultura e a literatura de Minas e do Brasil.

Estive em São Paulo para assistir à outorga do título a Sábato e, assim, pude compartilhar de momentos de grandes alegrias, vividos por ele, pela esposa Edla e por seus numerosos amigos, incluindo o diretor da escola, prof. Tupã Gomes Corrêa, a quem coube a entrega do título.

A trajetória de Sábado começa em 1948, no Teatro Brasileiro de Comédia, criado pelo empresário ítalo-paulistano Franco Zampari, na rua Major Diogo, no bairro da Bela Vista, hoje chamado pelo povo de Bixiga.

No TBC, surgiu também a Escola de Arte Dramática, da qual Sábato Magaldi foi o segundo nome a integrar seu quadro de professores. Ali ele criou a disciplina História do Teatro Brasileiro. Mais tarde, essa disciplina foi levada para a Escola de Comunicações e Artes, da USP, que absorvera a escola da rua Major Diogo. Com ela, também Sábato foi para a ECA.

Ali Sábato deu seqüência a uma brilhante carreira como professor universitário, atividade à qual, dentre as demais que exerceu, dedicou seu apreço maior.

Essa carreira é, agora, publicamente reconhecida pela Escola de Comunicações e Artes, com a outorga a seu mestre maior do seu também mais significativo título.

Quem escreve um verbete para enciclopédia só pode ser um expoente. O teatrólogo Sábato Magaldi escreveu não um, mas dois verbetes. Ambos sobre o teatro brasileiro, tema de sua paixão, a ponto de sua trajetória de vida confundir-se com a própria história do teatro em nosso País.

Cultor do bom texto, empenhado na qualidade literária, foi por isso que lhe coube, a convite, a missão de redigir o verbete sobre Teatro Brasileiro, para a Enciclopédia Mirador, além de escrever verbete assemelhado para uma enciclopédia francesa.

Foi também ele o autor do capítulo sobre o Teatro Brasileiro para a obra História das Literaturas de Língua Portuguesa no Mundo, publicada na Itália, em Portugal e na França.

Além de estudioso do teatro brasileiro, Sábato ostenta em seu currículo também atividades desenvolvidas como jornalista, na área de crítica teatral, e de escritor, igualmente devotado a essa atividade.

São dele dois livros de texto básico para o conhecimento do teatro: Nelson Rodrigues: Dramaturgia e Encenações e O Texto no Teatro.

Como crítico de teatro de O Estado de S. Paulo, produziu, em co-autoria com Maria Thereza Vargas, o histórico de Cem Anos de Teatro em São Paulo, editado em quatro números semanais do Suplemento do Centenário, por ocasião do centésimo aniversário daquele jornal brasileiro.

Com uma riquíssima bagagem intelectual, Sábato Magaldi chegou à Academia Brasileira de Letras, onde é detentor da cadeira nº 24, na sucessão do escritor Cyro dos Anjos, de quem foi amigo pessoal durante o tempo em que, deixando Minas, foi para o Rio para ser crítico de teatro no antigo Diário Carioca.

            Como ele, outros mineiros do mundo das letras seguiram o mesmo caminho e foram fazer carreira no Rio de Janeiro. São escritores que deixaram a terra mineira, mas sem jamais perder a intimidade com Minas. Sempre foi assim. Quem não conhece Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Hélio Pelegrino, Autran Dourado e Fernando Sabino?

Do Rio para São Paulo,

Na solenidade, na escola paulista, para entrega do título de Professor Emérito, Sábato usou palavras simples para rever o percurso de sua carreira. Foram momentos de emoção, em que ele se declarou recompensado e realizado com a homenagem que recebia, explicando que lecionar, mais do que as outras atividades constituiu o seu objetivo precípuo e fonte de permanente prazer.

Para quem ouviu a declaração, ficou a certeza de que a ECA acertou ao premiar seu grande mestre. Afinal, Sábato, posso dizer, vive e respira o tempo todo o teatro, sendo, portanto, merecedor da honraria.

No desempenho de suas atividades, o hoje Professor Emérito da Escola de Comunicações e Artes sempre adotou postura compatível com sua formação de Mestre, seja na crítica teatral, que exercia em O Estado de S. Paulo, seja como dirigente da revista Anhembi ou como redator-chefe de outra publicação, a Revista do Teatro Brasileiro, passando também pelo Suplemento Literário, dirigido pelo crítico Décio de Almeida Prado, naquele jornal paulistano.

Com essa intensa vivência na área teatral, Sábato Magaldi credenciou-se para criar e estruturar o currículo da disciplina História do Teatro Brasileiro, na Escola de Arte Dramática. Afinal, ele próprio sempre foi personagem dessa história, participando desde 1953 de quase todos os acontecimentos da área.

Talvez tenha sido essa experiência a inspiração que o levou, em seu discurso na ECA, a definir um ponto de vista pessoal sobre a arte que ele sempre dominou: Em teatro - disse Sábato -, qualquer espetáculo importante a que se assiste modifica as coordenadas da História do Teatro, reclamando permanente renovação de conceitos.

A História do Teatro Brasileiro, por ele mencionada, guarda íntima vinculação com a criação da Escola de Comunicações e Artes, para a qual foi transferida a Escola de Arte Dramática, do TBC. Sábato foi o segundo professor da nova faculdade, pelo que lhe foi possível acompanhar as vicissitudes que se viu compelida a enfrentar, diante do quadro de anormalidade institucional então vivido pelo País.

No mesmo discurso, ele, como um autêntico professor de História lembra a postura do professor Júlio Garcia Morejón, primeiro diretor da escola, “que habilmente conseguiu formar um corpo docente sem que os professores precisassem apresentar atestado ideológico de submissão ao regime”.

Apesar do notório reconhecimento de quantos conviveram com Sábato no magistério, agora publicamente reafirmado pela ECA, ele próprio considera essa sua trajetória como um permanente aprender, ao assim afirmar: “Esse aprendizado, como professor, me deu segurança para escrever vários livros. E a escola me proporcionou visibilidade para lecionar, durante quatro anos letivos, na Universidade de Paris III, a chamada Sorbonne Nouvelle, e na Universidade de Provence, no campus de Aix-en-Provence”.

No mesmo discurso de São Paulo, ao se referir à vida acadêmica, Sábato faz uma outra confissão, reveladora de seu imenso apreço ao magistério: “Um dos prêmios que mais me honraram foi o recebido da Reitoria da Universidade de São Paulo, em 1993, por relevante desempenho na área de pesquisa, na ECA”.

            São deles igualmente estas outras palavras, que confirmam sua dedicação também à pesquisa: “É difícil encontrar um equilíbrio entre as várias atividades que se esperam de um professor. Mas, se estou recebendo hoje a mais alta homenagem atribuída a um docente, creio que eu a devo a minha paixão pelo ensino e pela pesquisa”.

Esse devotamento fez com que, mesmo aposentado, Sábato Magaldi continuasse a receber orientandos para o Mestrado e o Doutorado, com o que, segundo proclama, se mantém atualizado em muitos campos, “já que o acompanhamento de uma pesquisa é sempre uma forma de participar dela, enriquecendo-nos e afastando o espectro da velhice improdutiva”.

            A pesquisa pela qual se empenha Magaldi envolve também, talvez pela sua formação jornalística, um forte interesse pela qualidade do texto. Numa conferência que proferiu em Belo Horizonte, referiu-se à revalorização da forma de escrever, que disse estar ocorrendo na produção teatral.

            Essa mudança, segundo explica, é uma decorrência da distensão política desde o final dos anos 70, uma realidade que, ao mesmo tempo, criou um novo desafio ao dramaturgo brasileiro, após um longo período em que se viu obrigado a escrever por metáforas. A abertura democrática restabeleceu a liberdade de criar sem restrições, fazendo prevalecer a hegemonia do encenador, que havia sido interrompida, a partir de 1964, pela hegemonia da censura.

            Pela sua vivência no cenário cultural brasileiro, Sábado Magaldi foi o primeiro Secretário Municipal de Cultura de São Paulo, de 1975 a 1979, época em que criou, com o cenógrafo Aldo Cravo, as Bienais de Artes Plásticas de Teatro, no quadro das Bienais da capital paulista.

            Detentor de diversas medalhas e condecorações nacionais, ele recebeu também o reconhecimento do Governo da França, que lhe conferiu dois títulos honoríficos: Cavaleiro das Artes e Letras, em 1967, e Cavaleiro da Ordem Nacional do Mérito do Governo Francês, em 1979.

            É esse extraordinário trabalho que me trouxe hoje ao plenário do Senado Federal, para, com muita alegria e vaidade, aplaudir o nome de Sábato Magaldi, um grande mineiro que, com elevação, tem sabido honrar o Brasil, no teatro, no magistério e no jornalismo.

            Nesta oportunidade, solicito à Mesa que faça constar, como parte integrante deste discurso, os documentos que a ele anexo.

            Muito Obrigado.

 

*********************************************************************************************

DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR FRANCELINO PEREIRA EM SEU PRONUNCIAMENTO:

*********************************************************************************************

ANEXOS

Discurso proferido pelo homenageado,

SÁBATO MAGALDI

            Ao receber, surpreso e comovido, a notícia de que seria concedido o título de Professor Emérito da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, refiz em poucos instantes todo o percurso de minha carreira no magistério e me senti realizado. Porque lecionar, mais do que as outras atividades a que me dediquei ao longo de décadas, foi meu objetivo precípuo e fonte permanente de prazer.

            Achava-me em Paris, no ano de 1953, para obter o certificado de Estética da Sorbonne, que exigia ainda o estudo das disciplinas subsidiárias de História da Arte e Psicologia, quando Alfredo Mesquita, fundador e diretor da Escola de Arte Dramática de São Paulo, me convidou para colaborar em seu estabelecimento de ensino. Eu já fazia crítica teatral desde 1950, no Diário Carioca, e, como audoditada em artes cênicas, julgava necessário adquirir base mais sólida para o exercício da profissão. Aluno de Edienne Souriau, autor de livros fundamentais como As 200 mil situações dramáticas e A Correspondência das Artes, nunca tive coragem de mencionar para ele que era crítico militante. De volta ao Brasil, em poucos dias, mudei do Rio para São Paulo, atendendo à necessidade de continuar o programa oferecido na disciplina História do Teatro pelo professor Paulo Mendonça, nomeado diretor da UNESCO em Paris.

            Não vou esconder que, nos primeiros meses, me arrependi amargamente da decisão de trocar de cidade. Por divergência incontornável, pedi demissão da revista Anhembi, logo depois de publicado um artigo. Trabalhava até tarde na redação do jornal, num setor que não me interessava, tendo deixado um posto de prestígio na imprensa carioca. Por dificuldades financeiras, a EAD atrasava com freqüência o salário. A situação só se tornou tolerável no momento em que passei a redigir o noticiário teatral de O Estado de S. Paulo e Alfredo Mesquita resolveu criar a revista Teatro Brasileiro, de que eu era o redator-chefe. E, a convite de Décio de Almeida Prato, crítico brilhante de O Estado, assumi a coluna de Teatro do seu Suplemento Literário, por ele dirigido.

            Da EAD, hoje incorporada à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, guardo a melhor lembrança, pelo admirável espírito profissional nela impresso por todo o corpo docente. No trato com os alunos, suponho ter aprendido a dar aula. Ao longo dos anos, familiarizei-me com a matéria lecionada, embora, no início, terminasse o preparo de um assunto poucos minutos antes de transmiti-lo e temia não conseguir preencher mais do que quinze minutos. Já na EAD punha em prática um procedimento utilizado em 40 anos de magistério: o de nunca repetir uma aula durante todos os cursos. E por um motivo simples: ao entrar na Faculdade de Direito, em Belo Horizonte, minha cidade natal, um amigo mais velho pôs à minha disposição as apostilas de uma disciplina. Não me custou ver que o texto datilografado há uma dezena de anos era idêntico ao que o professor dizia para a classe em tom ligeiramente oratório. Assim, por que perder tempo saindo de casa ? Em teatro, qualquer espetáculo importante a que se assiste modifica as coordenadas da História do Teatro, reclamando permanente renovação de conceitos. Com relação à EAD, tenho ainda o orgulho de haver criado nela a disciplina História do Teatro Brasileiro.

            A nossa ECA - é do conhecimento geral - instalou-se com dificuldade e em anos pouco propícios, por causa da ditadura militar. Admiro o Prof. Júlio Garcia Morejón, que habilmente conseguiu formar um corpo docente sem que os professores precisassem apresentar atestado ideológico de submissão ao regime.

            Nada foi mais justo do que o convite a Alfredo Mesquita para ser o primeiro professor do Curso de Teatro. Tive a alegria de ser o segundo professor convocado e iniciei o processo de licenciamento de uma repartição autárquica federal, quando o Governo proibiu que os servidores se afastassem para ocupar outra função pública. Nem a então Escola de Comunicações Culturais nem os alunos eram responsáveis pelo problema e, assim, resolvi dar aulas no ano letivo inteiro sem ser remunerado. Mais tarde, o saudoso professor Antônio Guimarães Ferri, que havia assumido a direção da Escola, renovou o convite para que eu ministrasse uma disciplina que admitia compatibilidade com meu cargo federal.

            Feito o balanço dos anos passados na ECA, afirmo, com absoluta convicção, que eles foram, na maior parte do tempo, de grande contentamento. Antes de mais nada, pelo convívio amigo com os colegas e funcionários do Departamento de Artes Cênicas e das demais unidades da Escola. É motivo de satisfação que tantos ex-alunos ocupem hoje os postos que pertenceram aos veteranos, e que outros lecionem por toda parte no País. E não se pode esquecer o número expressivo de ex-alunos que se distinguem nos vários setores do teatro, da televisão e do cinema, ora no desempenho, ora na encenação, na dramaturgia, na cenografia, na indumentária e na crítica. E, se já existe uma bibliografia especializada consistente, ela se deve, em grande parte, aos nomes saídos do Departamento de Artes Cênicas e da Escola de Arte Dramática.

            Quanto a mim, foi o aprendizado, como professor, que me deu segurança para escrever vários livros. E a Escola me proporcionou visibilidade para lecionar, durante quatro anos letivos, na Universidade de Paris III (Sorbonne Nouvelle) e na Universidade de Provence, no campus  de Aix-en-Provence. Além de numerosos convites para pronunciar conferências e dar cursos tanto no Brasil como no Exterior. Um dos prêmios que mais me honraram foi o recebido da Reitoria da Universidade de São Paulo, em 1993, por “relevante desempenho na área de pesquisa” na Escola de Comunicações e Artes.

            Não sei se deva desculpar-me, perante os colegas, pela resistência em lidar com as tarefas administrativas e, sobretudo, em assistir a reuniões. Justifico-me um pouco, talvez por ter sido burocrata no serviço público e Secretário Municipal de Cultura em São Paulo, durante a gestão do Prefeito Olavo Egydio Setúbal. Na Universidade, se há docentes de comprovada competência para administrar, e se eles aproveitam o conhecimento íntimo dos problemas do ensino, a fim de melhor resolvê-los, muitos são incapazes de tomar uma decisão certa e ganhariam em ceder seus postos aos que se formaram em escolas especializadas. É difícil encontrar um equilíbrio entre as várias atividades que se esperam de um professor. Mas se estou recebendo hoje a mais alta homenagem atribuída a um docente, creio que eu a deva a minha paixão pelo ensino e pela pesquisa.

            Ao aposentar-me, continuei recebendo orientandos para o Mestrado e o Doutorado, e com eles me atualizo em muitos campos que, de outra maneira, eu não disporia de tempo para franquear. O acompanhamento de uma pesquisa é sempre uma forma de participar dela, enriquecendo-nos e afastando o espectro da velhice improdutiva.

            Só me resta agradecer ao Prof. Tupã Gomes Corrêa, eminente Diretor da Escola de Comunicações e Artes, e aos membros da Egrégia Congregação que me conferiram o título mais nobilitante que um docente pode almejar. A todos, o meu muito obrigado.

 

Discurso do Prof. Waldenyr Caldas

            O professor Sábato Magaldi, mineiro de Belo Horizonte, iniciou sua carreira de crítico de teatro no Rio de Janeiro, no jornal Diário Carioca. Foi professor de História do Teatro da Escola de Arte Dramática de São Paulo, de 1953 a 1968, dividindo sua disciplina com o saudoso Décio de Almeida Prado. Em 1962, iniciou na EAD o ensino de História do Teatro Brasileiro, que, até então não perencia ao currílo. É nesse momento que escreve o livro, Panorama do Teatro Brasileiro, considerada a obra mais literária e de esforço de pesquisador, que o levam a análises refinadas e completas de textos nacionais. O livro trata de obras teatrais de Anchieta, no século XVI, até a contemporaneidade de Oswald de Andrade e Nelson Rodrigues.

            Em 1967, a convite do professor Júlio Garcia Morejón passou a ser o primeiro professor de História do Teatro Universal, da recém-criada Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo. Posteriormente, o professor Antonio Guimarães Ferri, novo Diretor da Escola, convidou-o para lecionar a disciplina Legdislação Teatral, hoje intitulada Legislação e Produção Teatrais.

            Pesquisador e escritor arguto, suas pesquisas foram sempre direcionadas para a História do Teatro Brasileiro, História do Teatro Universal, Estética e Legislação Teatral. Desse trabalho resultaram alguns livros como Temas da História do Teatro, Aspectos, Aspectos da Dramaturgia Moderna, O Cenário no Avesso, Iniciação ao Teatro, entre outros.

            Para a tese de doutoramento, defendida em 1972, Sábado Magaldi pesquisou o teatro de Oswald de Andrade, chegando, inclusive, a encontrar textos inéditos e inacabados. Logo em seguida, inicia as pesquisas para a livre-docência. O resultado foi o livro Nelson Rodrigues: Dramaturgia e Encenações, publicado em 1987.

            Pesquisador contumaz, Sábato Magaldi não parava de escrever. A pedido de Nelson Rodrigues, organizou a coletânea Teatro Incompleto, onde escreveu os prefácios de cada uma das peças do dramaturgo.

            Em 1983, redige sua tese de livre-docência, cujo título, em livro, é Um Palco Brasileiro: o Arena de São Paulo, publicado em 1984 pela Editora Brasiliense.

            De 1985 a 1986, foi professor associado da Université de La Sorbonne Nouvelle - Paris III. Depois, ainda em 1986 e 1987, lecionou no Instituto de Estudos Portugueses e Brasileiros.

            Tenho pouco tempo para falar da grandiosa obra de Sábato Magaldi. Mas quero ainda registrar que seu trabalho de professor, pesquisador, ensaísta e colaborador dos mais importantes jornais do País vem, desde os anos 50, acompanhando, por todas essas décadas, as formas que a produção dramatúrgica e cênica tem assumido em nosso País. E mais: ele é um dos principais historiadores do nosso teatro, bem como o maior estudioso do que os críticos chamam de fenômeno dramático.

            Parabéns ao imortal Professor Sábato Magaldi.


C:\Arquivos de Programas\taquigrafia\macros\normal_teste.dot 5/5/241:00



Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/10/2000 - Página 20410