O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não utilizarei este tempo para expor as razões pelas quais, juntamente com o Senador Ademir Andrade, faço a defesa do Governador João Capiberibe, mas quero registrar, de maneira objetiva, a minha absoluta solidariedade e a absoluta solidariedade do Governador Jorge Viana para com o Governador João Capiberibe, do Amapá.

Conhecemos, há muitos anos, a figura pública do Governador Capiberibe. Trata-se de um homem íntegro, absolutamente comprometido com as razões sociais para governar este País, os Estados do Brasil e os que integram a Amazônia. É um homem a quem jamais poderia ter sido imputada qualquer suspeita de desvio de finalidade enquanto Governador de um Estado da Amazônia brasileira.

Deixarei esse debate para uma outra oportunidade, mas quero registrar que não acredito que haja razão, além de uma razão regimental, para terem afastado o Governador Capiberibe. Espero que a verdade venha à tona e a justiça se afirme no sentido da reafirmação do Governador como figura legitimamente eleita pelo povo e, mais ainda, como alguém que recentemente foi coroado com a vitória perante a Prefeitura de Macapá.

Mas o assunto que me traz à tribuna agora diz respeito à grave situação que se observa na região de fronteira do Acre, especialmente na Serra do Divisor - hoje Parque Nacional da Serra do Divisor. Trata-se de uma área federal onde uma missão da Polícia Federal, uma missão do Exército brasileiro e uma missão da Polícia Militar do Estado do Acre, atuando juntas, fizeram uma vistoria para verificar a movimentação do narcotráfico e também da guerrilha que, segundo indícios, estaria se movimentando naquela região.

Já abordei esse assunto desta tribuna, o Senador Mestrinho já trouxe suas preocupações ao Senado Federal sobre essa situação, e o Senador Bernardo Cabral também já o fez.

Tenho em mão um documentário que recebi hoje da TV local, a TV Gazeta do Acre. Nele se confirma, por depoimentos claros e concretos, com todas as evidências, que ali é um corredor importantíssimo do narcotráfico internacional. Estima-se que, somente num setor daquela região, são transportados três mil quilos de cocaína, parte deles em direção à Colômbia.

Outros depoimentos claros e marcantes dão conta da transferência de armas pesadas naquela região. Armas como a AR-15 e metralhadoras são transportadas pelos rios do Estado do Acre, especificamente o rio Azul, o rio Zulmira e o rio Moa.

Foi registrada também a presença de narcotraficantes e guerrilheiros que passam em grupos de dois, em posição de treinamento de combate de guerra - um se põe em frente ao outro tentando proteger toda a área de condução. Registrou-se ainda a presença de pequenos grupos - de até trinta pessoas -, considerados pelos que os viram, pelos que os reconheceram, como traficantes e guerrilheiros que estão atuando na região, inclusive praticando assassinatos.

Então, em meu nome, em nome do Governador do Estado, estamos enviando essa fita ao Sr. Ministro da Justiça, à Secretaria Institucional de Segurança Nacional da Presidência da República, por meio do General Alberto Cardoso. Esperamos que haja uma ação com senso de prioridade, mais eficiente, com mais razões de inteligência do Estado brasileiro, para que possamos proteger aquela população que vive no extremo oeste do Brasil.

Julgo ser esse um assunto de extrema gravidade. O que eram indícios de comportamento atípico na região de fronteira, o que era apenas uma suspeita da população do Acre de que estivesse havendo naquela região da Amazônia um forte corredor de escoamento de cocaína, afirma-se como algo grave, concreto, com o assassinato de pessoas e a movimentação militar não brasileira na região, o que põe em risco a integridade do território nacional.

Em um depoimento que me chegou por meio desse documentário, um cidadão fala do desvio de 1.500 quilos de cocaína para a Colômbia. Esse fato é uma surpresa para a mim, porque sempre imaginei o tráfico em sentido inverso; sempre pensei que a droga viesse da Colômbia para uma região do Brasil, que seria um corredor de passagem. Mas se registrou exatamente o contrário: a passagem de 1.500 quilos do território brasileiro para o território colombiano.

Estou enviando, em meu nome e em nome do Governador do Estado, este documentário ao Sr. Ministro da Justiça e à Presidência da República, para que sejam tomadas as devidas providências.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

C:\Arquivos de Programas\taquigrafia\macros\normal_teste.dot 5/10/246:59