Discurso durante a 148ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Regozijo pela perspectiva de Recife sediar a filial brasileira do Museu Guggenheim, de Nova York

Autor
Roberto Freire (PPS - CIDADANIA/PE)
Nome completo: Roberto João Pereira Freire
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • Regozijo pela perspectiva de Recife sediar a filial brasileira do Museu Guggenheim, de Nova York
Publicação
Publicação no DSF de 07/11/2000 - Página 21901
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • EXPECTATIVA, VISITA, GRUPO, MUSEU, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), DISCUSSÃO, POSSIBILIDADE, ESTABELECIMENTO, FILIAL, BRASIL.
  • DEFESA, IMPORTANCIA, VINCULAÇÃO, CRIAÇÃO, MUSEU, BRASIL, DESCENTRALIZAÇÃO, NATUREZA CULTURAL, POSSIBILIDADE, FAVORECIMENTO, REGIÃO NORDESTE, ESPECIFICAÇÃO, MUNICIPIO, RECIFE (PE), OLINDA (PE), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE).
  • COMENTARIO, MOBILIZAÇÃO, POLITICO, DEFESA, ESTABELECIMENTO, MUSEU, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE).

O SR. ROBERTO FREIRE (PPS - PE. Para uma comunicação inadiável.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, aproveito este momento para falar de um assunto importante, embora muito diferente em termos políticos de outro fato mais polêmico, ou seja o debate da sucessão que vai ocorrer no Senado Federal, com a eleição do Presidente para a próxima Legislatura. Aliás, de passagem, acentuo que o assunto sucessão é inadiável e sobre o qual essa Casa talvez devesse começar a se debruçar, fugindo da disjuntiva de uma disputa - Antonio Carlos Magalhães x Jader Barbalho, que só constrangimento causa a todos. Creio que as forças políticas e os Senadores devessem buscar algo que superasse essa disjuntiva, para que encontrássemos aquele que melhor representasse, neste momento, o pensamento do Senado Federal e a afirmação do próprio Congresso Nacional acima dessas, repito, constrangedoras e recíprocas acusações.

Mas o assunto que trago agora é outro. No próximo dia 11 de novembro, sábado, estará aportando em Recife uma comitiva do Museu Guggenheim de Nova Iorque. Ela vem ao Brasil para discutir onde poderá ser criado e construído um novo museu, dentro da política de descentralização que aquela prestigiada Fundação estabeleceu.

Trago essa questão ao plenário do Senado, e a julgo importante, porque na sociedade pós-industrial que estamos vivendo um dos aspectos básicos para a geração de emprego e renda é a cultura. Esta, juntamente com o lazer e o turismo, é parte constitutiva dos novos ciclos de desenvolvimento econômico e, portanto, vital ao futuro de qualquer país. Claro que a cultura tem um outro valor maior, próprio, intransferível, que é o aprimoramento do espírito humano. Entretanto, o seu aspecto econômico não pode ser negligenciado.

O Guggenheim é um museu que exerce um enorme fascínio no âmbito internacional. A começar pelo seu ineditismo arquitetônico, como foi no caso de Nova Iorque, Estados Unidos, onde a obra assinada por Frank Lloyd Wright converteu-se em ícone da modernidade. E esse encantamento também é sentido em outras localidades como Veneza (Itália), Berlim (Alemanha) e Bilbao, na Espanha. Além da arquitetura, e aí mais expressivamente, os seus acervos, exposições permanentes e itinerantes emocionam milhares de pessoas. E esse aspecto fica realçado ainda mais, quando se sabe da parceria celebrada entre o Guggenheim e o Ermitage, este um dos maiores museus do mundo, sediado na antiga Leningrado, hoje São Petersburgo, na Rússia. É esse universo de cultura que queremos ver presente também em nosso país.

Como nordestino, embora respeitando as expectativas dos responsáveis pelo Guggenheim, entendo que seja fundamental vincular a criação do museu no Brasil a uma descentralização cultural. Tradicionalmente o eixo Rio de Janeiro e São Paulo costuma atrair iniciativas desse porte, mas, em minha avaliação, é chegada a hora do Nordeste. E na região, destacam-se Recife e Olinda até mesmo em virtude de uma circunstância especial: historicamente, há uma ligação entre as cidades de Recife e de Nova Iorque. A primeira sinagoga que existiu nas Américas, no Novo Mundo , pouco tempo após a descoberta do Continente, foi sediada em Recife, durante a ocupação dos holandeses. Depois da saída dos holandeses, os judeus foram quase que expulsos, pela volta da Inquisição para o território brasileiro. Os fundadores da sinagoga então situada na Rua dos Judeus, atualmente Rua do Bom Jesus, no bairro do Recife Antigo, rua que ainda existe, aportaram em Nova Amsterdã, antigo nome de Nova Iorque; ou seja, foram os primeiros judeus a chegar em Nova Iorque. Essa íntima ligação histórica justifica que o Museu Guggenheim, de Nova Iorque, possa estabelecer sua filial latino-americana no Recife. Já haveria, inclusive, a definição do local, o istmo que liga Recife à Olinda, de rara beleza e onde já se encontra o Memorial Arcoverde.

As mais diversas forças políticas pernambucanas já estão se mobilizando em torno do projeto. É preciso que as forças econômicas e os segmentos culturais também se movimentem mais intensamente, e até de forma mais efetiva, para o êxito da reivindicação.

Estou encaminhando à direção estadual do Partido Popular Socialista, em Pernambuco, sugestão para que ajude a promover uma melhor articulação envolvendo os prefeitos eleitos de Recife e Olinda com o Governador do Estado, bem como a ampliar as discussões com outros setores dinâmicos da sociedade.

As equipes de transição dos prefeitos eleitos devem estabelecer, desde logo, como prioridade, a efetiva integração dos poderes municipais de Recife e de Olinda à luta pela primazia do Museu.

O pleito nordestino e do meu estado em relação ao Guggenheim, por todos os títulos, é legítimo e se justifica principalmente pela expressiva presença de Pernambuco no contexto da cultura nacional.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/11/2000 - Página 21901