Discurso durante a 150ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Presença no Congresso Nacional do Movimento Nacional pela Paz, para atender o projeto de desarmamento da população. (Como líder)

Autor
José Roberto Arruda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: José Roberto Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
  • Presença no Congresso Nacional do Movimento Nacional pela Paz, para atender o projeto de desarmamento da população. (Como líder)
Publicação
Publicação no DSF de 09/11/2000 - Página 22075
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PRESENÇA, CONGRESSO NACIONAL, BRASILEIROS, MÃE, FAMILIA, VITIMA, VIOLENCIA, PAIS, DEFESA, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI, DESARMAMENTO, POPULAÇÃO, BUSCA, PAZ, TRANSFORMAÇÃO, SOCIEDADE.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB - DF. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo esta tribuna, como Líder, para registrar a presença, em Brasília, de um movimento nacional pela paz.

As galerias do Senado Federal estão tomadas por brasileiros e brasileiras humildes, das mais diversas Regiões do País, que têm em comum o fato de usarem uma camiseta estampada com o rosto de seus filhos ou familiares mortos, vítimas da violência urbana. Ao saudá-los, gostaria de conclamar as Srªs e os Srs. Senadores de todos os Estados brasileiros a refletirem sobre a importância desse gesto coletivo e, para isso, temos, aqui, a fotografia de vários desses brasileiros, mortos pelo que chamo de banalização do uso da arma de fogo.

Aqui, estão presentes as organizações não-governamentais que lutam pela paz em todas as cidades brasileiras. Gostaria de cumprimentá-las, citando a presença do Dr. Rubem César, do Viva Rio, que parou o Rio de Janeiro há alguns meses, em frente à Candelária, num movimento que pedia a paz e o fim da violência.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o movimento do Instituto Viva Rio, chamado “Sou da Paz, O Brasil pede o desarmamento”, está distribuindo a todos os Congressistas um documento simples, para o qual peço-lhes a atenção, o qual traz, de forma resumida, alguns dados estatísticos importantes a respeito da violência urbana no País.

Vou tomar emprestada, Sr. Presidente, a pergunta que o Senador Artur da Távola fez na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania: “Para que serve o revólver?” Responderam-lhe que servia para matar. S. Exª, então, disse: “Bom, se quero uma sociedade menos violenta e mais pacífica, quanto menos revólveres eu tiver, mais pacífica será a sociedade.”

O projeto de desarmamento foi aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e está sendo analisado pela Comissão de Defesa Nacional e Relações Exteriores. O movimento para a sua aprovação, Sr. Presidente - representado por milhares de mães, algumas das quais, em nome dos seus Estados, estão nas galerias do Senado Federal, neste instante -, veio nos pedir, legitima e democraticamente, que votemos o projeto do desarmamento.

Estamos acostumados, na democracia, com o lobby dos grandes grupos econômicos - diga-se de passagem, legítimos também. O lobby dos fabricantes de armas, por exemplo, não sai dos corredores do Senado Federal, mas é preciso que ouçamos, também, o lobby organizado da sociedade civil, das pessoas simples, das mães e pais de famílias que perderam seus filhos e que, num gesto muito bonito, estão transformando a dor da perda do filho em um movimento pacífico, organizado, forte, porque de abrangência nacional, pela transformação da sociedade. Uma dessas mães, a jornalista Valéria Velasco, que teve o seu filho, Marquinhos, de quinze anos, morto, em Brasília, há cinco anos, num desses momentos de violência, disse-me algo muito importante: que transformou a sua vida na luta pelo desarmamento e pela paz, porque não quer que outras mães sintam a dor que sentiu.

Cumprimento todos os brasileiros e brasileiras, pessoas humildes, que, de ônibus, vieram de todas as cidades, principalmente das grandes cidades. Aproveito a presença dessas mães sofridas, que vêm aqui com lágrimas nos olhos, com o coração partido, vestindo camisetas que estampam a fotografia dos filhos que perderam, para dizer que não tenho dúvidas de que o Congresso Nacional, de que o Senado Federal fará a sua parte, votando as leis que são necessárias para que construamos uma sociedade pacífica.

Quero, também, pedir licença às Srªs e aos Srs. Senadores para distribuir a todos esse pequeno documento preparado pelo Instituto “Sou da Paz”, em que diz, por exemplo:

Mito: “Quem mata no Brasil é bandido e bandidos não seguem as leis.”

Realidade: Cerca da metade dos assassinatos são cometidos por pessoas sem antecedentes criminais!

Muitas vezes são brigas de boteco e mesmo desavenças familiares que viram tiro porque havia um revólver por perto.

Mito: “O que mata no Brasil é arma ilegal.”

E não adianta proibir por lei, porque a arma é ilegal.

            Realidade: A imensa maioria dos crimes é cometida com armas brasileiras e de calibre permitido!

            Mito: “Eu só me sinto seguro com uma arma na mão.”

Trata-se daquele que acha que estando armado vai evitar o seqüestro, o crime ou o roubo.

            Realidade: As armas representam muito mais risco do que segurança para quem as porta.

O universo das pessoas armadas que são vítimas de crime, Sr. Presidente, é 57% superior ao universo das pessoas que são vítimas de assalto, por exemplo, e estavam desarmadas.

É com essa convicção, Sr. Presidente, que apresentei o projeto do desarmamento, que, por intermédio do Relatório do Senador Renan Calheiros, foi melhorado. Abriu-se as exceções, razoáveis até, aos colecionadores, aos praticantes de tiro, aos que moram na área rural. Mas é preciso que esse projeto, que restringe enormemente o número de armas, que cria mecanismos para que as polícias possam efetivamente reprimir o uso de armas de fogo no Brasil, possa ser votado.

Saúdo, mais uma vez, a presença aqui em Brasília de milhares de mães e familiares de vítimas da violência.

Tenho absoluta convicção de que a dor de cada um de vocês de terem perdido um filho ou uma filha na violência urbana será transformada, por intermédio desse gesto coletivo da presença de todos no Congresso Nacional, numa energia positiva a motivar o Congresso Nacional a votar essa e tantas outras leis que podem criar uma sociedade mais pacífica e menos violenta.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/11/2000 - Página 22075