Discurso durante a 149ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

VOTO DE PESAR PELO FALECIMENTO DO EX-GOVERNADOR E EX-SENADOR PELO PIAUI HELVIDIO NUNES, OCORRIDO NO ULTIMO DIA 3.

Autor
Hugo Napoleão (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Hugo Napoleão do Rego Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • VOTO DE PESAR PELO FALECIMENTO DO EX-GOVERNADOR E EX-SENADOR PELO PIAUI HELVIDIO NUNES, OCORRIDO NO ULTIMO DIA 3.
Publicação
Republicação no DSF de 11/11/2000 - Página 22330
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, HELVIDIO NUNES, EX GOVERNADOR, EX SENADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, VALORIZAÇÃO, ETICA, EXERCICIO, POLITICA.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL - PI. Para encaminhar.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na última sexta-feira, no município de Picos, Estado do Piauí, faleceu o ex-Deputado Estadual, ex-Secretário de Estado, ex-Governador do Estado do Piauí e, por duas vezes, ex-Senador da República Helvídio Nunes de Barros.

Há 21 anos o Senador Helvídio, como o chamávamos mesmo depois de transcorridos os anos de seu mandato, submetia-se a uma cirurgia cardíaca que foi bem sucedida, tendo sobrevivido todos esses anos, sempre em atividade. Mas, infelizmente, quis o destino que ele fosse chamado para mais uma missão, a missão eterna, a missão espiritual da qual nenhum de nós escapa. Atendido às pressas no hospital São José, Município de Picos - inclusive por uma equipe chefiada por seu próprio irmão, o eminente médico Dr. José Nunes de Barros -, não resistiu e, infelizmente, veio a falecer.

Tive a felicidade de conviver com S. Exª nesta Casa, no Congresso Nacional, S. Exª no Senado da República e eu na Câmara dos Deputados. Participamos de diversas sessões do Congresso e de diversas reuniões de comissões mistas que, àquela época, tinham competência para analisar os decretos-leis, figura jurídica banida da nossa Constituição.

Helvídio Nunes era um advogado e - por que não dizer - até um jurista. Quando se cogitava no Senado Federal de estabelecer algum diálogo sobre qualquer matéria de natureza, por exemplo, tributária, Helvídio era chamado. Sempre com a voz da lucidez e da razão, sempre com a voz no mesmo timbre, exímio orador que era, inclusive nos palanques pelo Estado do Piauí afora, colocava as palavras de maneira apropriada, adequada, num português absoluta e rigorosamente escorreito, fazendo-se presente pela assiduidade, pela combatividade e pelo trabalho.

Pertenceu aos quadros da antiga União Democrática Nacional e labutou nesse partido que o levou finalmente à Suprema Magistratura do nosso Estado. Foi sempre um lutador, um combatente. Percebeu cedo que a saúde, a educação e os esportes compunham muito bem os objetivos de governo e assim agiu, tendo feito em todo o Estado do Piauí, em todos os três setores a que me referi, obras que ainda hoje lá estão. E governou de 1967 a 1970, quando se desincompatibilizou para se candidatar a Senador pela vez primeira, sendo reeleito pelo processo indireto em 1978.

Então, a vida de Helvídio Nunes foi sempre caracterizada pela formação jurídica, tendo estudado, primeiramente, em Picos, depois em Crato, no Ceará, no Colégio Pedro II e na Faculdade Nacional de Direito, da antiga Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Mas, colega nesta Casa, companheiro de Petrônio Portella, outro insigne piauiense, cuja homenagem aos 20 anos de falecimento foi prestada pelo Senado Federal no dia 18 de fevereiro deste ano. Foram colegas, companheiros e amigos, um sempre leal ao outro. Mas foi amigo de todos, na realidade. Ele tinha uma preferência muito especial, na nossa Bancada, pelo Deputado Paulo Ferraz, infelizmente também já falecido. A todos agradava, encantava e envolvia, mas não esquecia a sua Picos. Ele se deslocava de Teresina em todos os finais de semana, saindo de Brasília, e ia para a sua Picos, reunir-se com seus amigos.

Deixou o mandato, mas não a política. Continuou, nos anos sucessivos, acompanhando pari passu a política do Estado do Piauí, e certamente que a política municipal. Abraçou também algumas atividades empresariais para as quais sempre tinha tempo de bem produzir e de bem trabalhar. Por isso, Sr. Presidente, esse homem que foi presidente de diversas comissões - e aqui tenho em mãos os dados biográficos, publicados pelo Centro Gráfico do Senado Federal, que teve várias missões no exterior e condecorações estaduais e nacionais - é o homem que nós, hoje, homenageamos em uma missão que não queríamos ter.

Nesta homenagem que fazemos gostaria de consignar à sua viúva, D. Maria Teresinha Nunes de Barros, à sua família, notadamente ao seu irmão José, aos filhos Maria Elizabeth, Teresa Mônica, Ana Zélia, Verônica Maria, Márcia Maria, esta, doutora, e ao Carlos Luiz Nunes com quem tive a oportunidade de falar pelo telefone, o meu sentimento do maior pesar nesta missão dolorosa e desagradável. Resta, porém, um consolo: é que o nome impecável de Helvídio Nunes continuará a servir de exemplo para os pósteros, é que o nome de Helvídio Nunes, que andou nesta Casa, neste Congresso Nacional, Ministérios da República, defendendo com ardor o seu Piauí e a sua querida Picos, ele, indiscutivelmente, há de ser marcado de maneira indelével. Meus sentimentos também ao Prefeito José Neri, do Município de Picos, ao povo do Piauí. Neste sentido, encaminho requerimento lamentando, mas formulando para que Deus, Nosso Senhor, tenha sempre piedade de sua alma, que foi muito boa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/11/2000 - Página 22330