Discurso durante a 152ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Estarrecimento da população de Roraima pela participação de membros do poder público no assassinato de 7 jovens naquele Estado, esta semana, em episódio conhecido como a Chacina do Cauamé. Transcrição de matérias publicadas no Jornal do Brasil e Folha de S.Paulo, acerca do referido crime.

Autor
Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Estarrecimento da população de Roraima pela participação de membros do poder público no assassinato de 7 jovens naquele Estado, esta semana, em episódio conhecido como a Chacina do Cauamé. Transcrição de matérias publicadas no Jornal do Brasil e Folha de S.Paulo, acerca do referido crime.
Publicação
Publicação no DSF de 11/11/2000 - Página 22300
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ASSUNTO, HOMICIDIO, VITIMA, MENOR, JUVENTUDE, SUSPEIÇÃO, MEMBROS, DELINQUENCIA JUVENIL, MUNICIPIO, BOA VISTA (RR), ESTADO DE RORAIMA (RR), PRISÃO PREVENTIVA, DELEGADO, EX-DIRETOR, SISTEMA PENITENCIARIO.
  • PROTESTO, VIOLENCIA, PODER PUBLICO, ESTADO DE RORAIMA (RR), SOLICITAÇÃO, PROVIDENCIA, GOVERNADOR, ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL (OAB), POLICIA FEDERAL, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ).

            O SR. ROMERO JUCÁ (PSDB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com tristeza que volto à tribuna desta Casa para fazer o registro de assunto sobre o qual, sinceramente, não gostaria de precisar falar nesta manhã.

Novamente, o meu Estado, Roraima, vira manchete de primeira página nos jornais brasileiros, por assunto de extrema gravidade, que causa tristeza à nossa população. No Governo do Sr. Neudo Campos, há 3 anos, o Estado de Roraima ficou conhecido pela morte de 36 bebês na maternidade do Estado. Há 2 anos, novamente, as manchetes do jornais, em primeira página, trataram da corrupção no Poder Judiciário, no Estado de Roraima.

Hoje, venho aqui comentar e pedir providências para algo que estarrece toda a população do meu Estado. Esta semana, sete jovens com idade entre 13 e 19 anos foram assassinados na praia do Cauamé, fato que ficou conhecido como a Chacina do Cauamé. Eram jovens que, segundo algumas versões, participavam de galeras, de grupos de jovens que estariam, de certa forma, comportando-se indevidamente.

Entretanto, qualquer que fosse a atitude ou a culpa desses jovens, jamais poderia ocorrer esse desfecho, perpetrado principalmente por membros do Poder Público estadual.

Nesta semana, foram encontrados sete corpos na praia do Cauamé. Jovens, como eu disse, assassinados barbaramente, inclusive uma menina de 13 anos. O grupo era formado por dez pessoas; uma se escondeu na mata, duas foram feridas mas, para infortúnio dos assassinos, fingiram-se de mortas. No outro dia, ao serem resgatadas por populares, puderam acusar ou indicar os responsáveis por tal barbaridade.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, qual não foi, mais uma vez, a estupefação do povo de Roraima e minha pessoal ao ver que entre os acusados está um delegado de polícia do Governo do Estado, pessoa de confiança do Governador que até há poucos dias comandava o Sistema Penitenciário do Estado e era Presidente - pasmem os senhores - da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Roraima. O Chefe do Sistema Penitenciário do Estado, delegado de polícia, homem de confiança do Governador foi o responsável pelo assassinato de sete crianças em Roraima esta semana.

Esse fato está estampado na primeira página do Jornal do Brasil e em diversas páginas e matérias do jornal Folha de S.Paulo, que contam a perversidade do crime. Divulgaram inclusive que os outros acusados do crime também são agentes penitenciários.

Em quem acreditar e a quem pedir proteção em Roraima agora, Sr. Presidente? Sinceramente, a polícia fica em uma situação extremamente difícil.

            E por que faço aqui este discurso indignado? Primeiro, para protestar e dizer que o povo de Roraima não é isso que está aqui. A população de Roraima não é violenta, não é assassina e não concorda com esse fatos lamentáveis. Segundo, para pedir o acompanhamento da Polícia Federal e da OAB para que esse crime não fique impune. E, por último, para registrar que temos a compreensão - nós, do PSDB e da Oposição no Estado - de que o problema da juventude, das galeras, da violência entre os jovens é grave no meu Estado, mas essa não é a forma de resolvê-lo. Temos propostas.

            A Prefeita eleita de Boa Vista, Teresa Jucá, tem propostas para enfrentar esse desafio. E vamos enfrentá-lo, com clareza, transparência e, principalmente, com respeito aos direitos humanos.

Esses jovens não mereciam esse destino. Espero que fique esse exemplo para que tenhamos condições de punir os culpados e buscar uma política que proporcione um futuro melhor para os jovens e adolescentes de Roraima. Da forma como estão encaminhados hoje esses setores em Roraima, esse é o futuro, infelizmente, de grande parte da nossa juventude.

Por isso faço hoje este protesto contra o fato ocorrido. Quero pedir as providências necessárias e registrar que estaremos acompanhando o desenrolar dessas investigações e, principalmente, da punição. É inadmissível que crimes dessa natureza fiquem impunes em nosso Estado. Aí estão sete jovens assassinados pela mão, pode-se dizer até, de parte do Poder Público, porque um delegado de polícia usou armas e funcionários públicos para cometer essa barbaridade. Sinceramente, não sei aonde vamos parar.

Sr. Presidente, ficam aqui o meu protesto e a minha solicitação de transcrição dessas matérias da imprensa, juntamente com o meu discurso de protesto e de cobrança de providências do Governador, da OAB, da Polícia Federal e do Ministério da Justiça para esse rumoroso e triste caso.

Muito obrigado.

 

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SEGUEM DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SENADOR ROMERO JUCÁ EM SEU PRONUNCIAMENTO.

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/11/2000 - Página 22300