Discurso durante a 154ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Concordância com as criticas do jornalista Boris Casoy sobre a questão da inexistência de correção salarial dos servidores públicos. Contestação de matérias jornalísticas que abordam sua vida particular, em especial, relativamente à origem dos seus bens. Reflexões sobre a crise do capitalismo e a participação do PT no cenário nacional.

Autor
Lauro Campos (PT - Partido dos Trabalhadores/DF)
Nome completo: Lauro Álvares da Silva Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SALARIAL. IMPRENSA. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Concordância com as criticas do jornalista Boris Casoy sobre a questão da inexistência de correção salarial dos servidores públicos. Contestação de matérias jornalísticas que abordam sua vida particular, em especial, relativamente à origem dos seus bens. Reflexões sobre a crise do capitalismo e a participação do PT no cenário nacional.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 15/11/2000 - Página 22438
Assunto
Outros > POLITICA SALARIAL. IMPRENSA. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, AUSENCIA, EMPENHO, ATENÇÃO, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, TRABALHADOR, INEXISTENCIA, REAJUSTE, SALARIO MINIMO, REPOSIÇÃO, PERDA.
  • CRITICA, ARTIGO DE IMPRENSA, SUSPEIÇÃO, IRREGULARIDADE, ORADOR, AQUISIÇÃO, BENS.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, AUMENTO, PARTICIPAÇÃO, INFLUENCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), EXERCICIO, POLITICA, PAIS.

O SR. LAURO CAMPOS (Bloco/PT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há poucos dias ouvi, pela televisão, críticas acerbas proferidas pelo âncora Boris Casoy. Ele disse que o Governo faz uma gatunagem com os funcionários públicos, a quem deve um reajuste de cerca de 80%. O milagre brasileiro deve ser este, pois como é possível viver não tendo tido a reposição de 80%, ou seja, só com os 20%? Cidadãos que sobrevivem com 20% da miséria que já ganhavam antes! E este Governo não sai da televisão, ocupa todos os espaços, na terra e nos céus, nos aviões.

Assim, realmente à nossa dívida externa, que este Governo aumentou de maneira muito eficiente, sem antecedentes na nossa história, devemos somar a dívida pública de cerca de R$560 bilhões, e ainda outras dívidas, como com a educação e com a saúde.

No Professor Adib Jatene eu confio e reproduzo com segurança o que ele diz. Para mim, ele não mente. Não é como outros que já disseram quatro vezes - e anotei - que são mentirosos. Presidente da República que diz: “Sou um artista, um ator. O Glauber Rocha queria que eu fizesse um filme. Não fiz o filme, mas me tornei um artista, um ator, porque o Presidente da República é um ator”. E disse quatro vezes que é mentiroso. De modo que acredito, sim, em Adib Jatene. Por ele, ponho minha mão no fogo. Foi ele quem, há poucos dias, mostrou nos jornais que 11 mil leitos foram desativados só no Município de São Paulo.

Bem, são dívidas e mais dívidas. Dívidas impagáveis. E até o jornalzinho que comentou, porque nos acompanham dia a dia, hora a hora, querem até saber quantas trempes tem o fogão da minha casa. Um repórter me perguntou: “Quantas trempes o senhor tem lá no seu fogão?”

Eu estava acostumado à liberdade da ditadura. Em 1964, já há muito tempo - dez anos - eu era professor universitário. Só fui professor universitário na minha vida e, desse modo, eu tinha liberdade, pelo menos, para pensar e para, em uma sala de aula, expor para os meus alunos aquilo que eu estava pensando. Por volta de 1973, eu chegava em casa e dizia para a minha mulher e para os meus filhos: “Olha, se esses ‘milicos’ soubessem o que vou pensar amanhã, deveriam mandar me prender hoje. E fariam muito bem se o fizessem.” Eu estava em um processo de crescimento, de desenvolvimento intelectual, espiritual, moral, ético.

Por falar em ética, não sou exemplo de ética para ninguém, e sempre disse isso aos meus alunos. Embora tivesse sido escolhido 41 vezes paraninfo de turmas, sempre disse a eles: “Não sou guru de ninguém”. Porém, aqueles que estão fotografando minha casa não sabem que atingem, realmente, um ponto crucial. A casa, de acordo com Freud, é o símbolo do útero materno, e com essas coisas não se deve mexer.

Pois bem. Na Universidade de Brasília, havia aquelas canetinhas tipo Bic. Em vinte e tantos anos em que estive lá como professor, usei três, por haver esquecido a minha em casa. E papel? Nenhum papel, nem uma folha de papel. Eu comprava o meu papel. Nunca tive um telefone na sala, na minha sala. Nunca tive um computador. Nunca tive uma viagem paga pela Universidade. Quando fui estudar na Itália, vendi um apartamento que eu tinha, na Avenida Augusto de Lima, Edifício Paraopeba, em Belo Horizonte, para custear a minha viagem. Não fui como esses PhDs, não. Sei como eles vão e sei como eles voltam: para entregar o Brasil, para destruir o País. Conheço-os todos muito bem. Quase todos. Muitos deles.

De modo que, então, fui às minhas expensas. Não devo nada a ninguém nessa vida, a não ser àqueles que me acolheram, me estimularam, mas não devo nada. Fiz concurso para catedrático, fui examinado por cinco cadetráticos: um de São Paulo, um da Federal de Minas Gerais, um do Pará, etc. Fui examinado por cinco, competentes, para não ser examinado por reporterezinhos incompetentes, que não têm capacidade, não têm possibilidade, jamais, de fazer um vestibular para serem meus alunos.

Não é fácil sobreviver. Eu luto. Na ditadura, lutávamos com a esperança de que um dia iríamos ter uma democracia em que se pudesse desenvolver melhor a nossa sociedade.

Em 1974, por exemplo - ouço falar aí do Amazonas -, fiz um projetinho, um modesto projeto, pelo qual eu propunha que se criasse um grande fundo para que os ministérios da Saúde, dos Transportes, da Educação, das Minas e Energia, enfim, os ministérios todos, reunidos, fizessem um estudo para uma ocupação racional, ecológica, respeitosa da Amazônia. Por causa disso fui chamado à reitoria! No ano seguinte, começaram a me ameaçar de morte. Quando fui conversar com o professor Fernando Henrique Cardoso, mostrar a ele as ameaças de morte, ele falou: “nunca vi ninguém tão ameaçado quanto você, Lauro”.

Naquela ocasião, com a luta que travamos, pensei que fôssemos entrar num regime de mais dignidade, mais ética, mais respeito, mais sociabilidade, mais amor e menos ódio - o ódio que eu sentia e a inveja que eu sentia voltarem-se contra mim. Hoje tenho absoluta certeza de que não será para o meu tempo de vida ver um País mais digno.

Um país mais digno, mais democrático, é, por exemplo, mais ou menos, o que vi quando fui morar na Inglaterra. Lá, um cara-suja, o que ganhava salário mínimo nas minas de carvão, recebia um salário sete vezes menor do que o que recebia um Member of Parliament, um deputado inglês. Eram sete salários mínimos o que um deputado recebia. O lixeiro na Inglaterra é mister, é tratado por mister. Naquele tempo eu tinha esperança de ver - não apenas nas universidades, mas também na sociedade de um modo geral - menos medo, menos receio, menos agressão, menos temor.

Lecionei onze disciplinas nos meus quarenta anos de magistério: dez na Economia e uma na Sociologia. Eu não gostava de escolher a matéria para não estar repetindo e vendo amarelar as minhas anotações; eu queria sempre uma matéria nova para me desafiar, para que eu continuasse estudando. Nunca descansei.

Geralmente, quando alguém se tornava catedrático nos velhos tempos, parava de estudar. No dia em que passei no concurso para catedrático, eu disse: “Agora tenho condições de começar a estudar mais ainda”. E até hoje faço isso. Quero, realmente, morrer lutando contra as minhas limitações, a minha burrice, a minha incapacidade de alimentar uma cabeça curiosa e insatisfeita.

Sendo assim, eu não podia entrar para um outro partido que não fosse o Partido dos Trabalhadores, onde me aguardavam inúmeras decepções. Infelizmente, eu acho que o Governador Mário Covas tem razão quando disse há poucos dias: “O PSDB hoje é o anti-PSDB”. É duro fundar-se um partido em que as esperanças parece que vão se objetivar e perceber que não aconteceu bem assim. Que beleza era o meu pequeno e perseguido Partido dos Trabalhadores! Que maravilha foi descer daquilo que chamavam cátedra antigamente - eu era professor catedrático e titular da Universidade de Brasília. Descer dali, deixar de falar para trinta rapazes mais ou menos desinteressados e começar a falar nos núcleos do Partido na Ceilândia, na Candangolândia foi uma grande recompensa para mim. Que prazer que eu tinha ao, naqueles núcleos, conversar com aqueles que estavam ansiosos por entender as coisas um pouco melhor. Eu socializava o meu privilégio, o privilégio de ter estudado na Itália, na Inglaterra, de ter tido um pai catedrático, que tinha os livros à minha disposição e tinha a sua orientação, os privilégios todos que tive eu tinha que socializá-los um pouco, conversando, trocando idéias.

Um dia, em 1988, um tal de Sr. Franco, que penetrou no Partido dos Trabalhadores, propôs que se acabasse com os núcleos, que se acabasse com aquelas colméias, onde os trabalhadores ficavam à espera de receber também a interação que lhes propiciaria compreender melhor o mundo para transformá-lo. Era isso o que eu fazia.

Então, quando eu fui o mais votado de Brasília, o Senador mais votado de Brasília até então - gastei R$60 mil na minha campanha, outros depois foram mais votados, mas gastaram milhões, vários milhões, muitos milhões -, não foi muita surpresa para aqueles que sabiam que eu não era um professor comum. Há muito anos, eu estava fazendo esse trabalho, alegre, sem remuneração, nunca pensei em ser candidato a nada; desde os meus 18 anos resolvi que seria professor universitário, e só. Então, nunca aceitei convite para nada. E às vezes em que fui me aperfeiçoar no exterior, fui com dinheiro meu, vendendo imóveis meus para custear as minhas viagens de estudo.

Como eu gostaria de, por exemplo, quando aconteceu a queda do muro no final dos anos 80 (1989/1990), como eu gostaria, como eu pedi que começássemos logo a estudar, a fazer grupos de estudo para procurar entender aquilo que ocorrera na União Soviética. Como é que o socialismo encontrou dificuldades crescentes e acabou a experiência socialista indo por água abaixo, pelo menos no nível da aparência. Nós tínhamos de estudar isso. Agora, o que está acontecendo? Dez anos perdidos. Dez anos depois, com quanta dor eu vejo que isso aconteceu. Eu não pude evitar de forma alguma que um grupo pequeno se organizasse para tentar entender, aproveitar aquela experiência, não deixá-la totalmente perdida, para quando o socialismo voltasse na União Soviética. Pois agora, na União Soviética, na semana passada, o Exército teve de reprimir o povo na Praça Vermelha, porque o povo na Rússia está desamparado, com essa grande experiência da economia de mercado que fizeram lá, uma máfia em cada mercado, no mercado bancário - em um trimestre, mataram 47 diretores de banco lá -, no mercado da prostituição, no mercado negro do câmbio, no mercado das aposentadorias e das pensões. Lá, organizou-se uma máfia em que se chegava perto de uma pessoa da terceira idade que morava sozinha e era proprietária de um pequeno imóvel e dizia àquela pessoa: "Olha, a sua sobrevida é pouca. Eu lhe dou US$5 mil se o senhor ou a senhora me considerarem, aqui, neste papel como herdeiro. Eu passo a ser herdeiro da senhora - dou US$5 mil para a senhora" - que deveria estar morrendo de fome - "e a senhora pode ficar tranqüila o resto de sua vida." Uma semana depois, mandava matá-la. A máfia organizou, também, essa atividade de mercado.

Em 1990, então, eu começava a brincar e falava que dentro de pouco iríamos ver a Rússia, depois de instalada a economia capitalista de mercado, transformar uma música brasileira em seu hino nacional: "Saudade que eu tenho da fome que eu tinha no antigo regime, no socialismo; saudade que eu tenho do frio que eu sentia”. E por quê? Porque agora, lá, a população faminta está recebendo um salário 27 vezes menor do que o que se pagava no velho sistema, dentro da antiga experiência de construção do socialismo real. Então, está todo mundo querendo voltar, e eu tenho angústia.

Eu não gostaria que a volta ao antigo regime, ou seja, a reativação da experiência da construção do socialismo na União Soviética voltasse a ocorrer sem que houvesse tido um período de crítica, de estudo, de análise. A literatura não é muito ampla, as ditaduras não gostam muito de livros e de intelectuais, não deixando, portanto, que essa literatura se proliferasse muito. Temos, por exemplo, um livro excelente de um francês, Charles Bettelheim, que mudou para lá, aprendeu russo em 1937 e foi para lá, e viveu décadas, estudando e escrevendo. Inclusive, um dos livros dele se chama A Luta de Classes na União Soviética, quatro volumes, e, nesse livro, dentre outras coisas, ele diz que há uma luta de classes, que poderá, obviamente, atrapalhar a experiência da construção do socialismo real.

Fui, então, fazer aquilo que eu aconselhava que fizessem: estudar a experiência do socialismo real e ver os seus defeitos, pois quando ocorresse a crise do capitalismo, que tinha que necessariamente ocorrer e que já está há mais da metade do seu caminho, haveria a necessidade de tentar construir-se alguma coisa, qualquer que seja o nome, seja comunismo, socialismo - não interessa o nome da rosa, interessa a rosa. Houve 27 tentativas de invasão da União Soviética.

A indústria capitalista é egoísta, individualista. Como produziremos carros de luxo para distribuir para a população? É impossível. Se o mercado não se importa de colocar milhões de cidadãos a pé, descalços, sem transporte, concentrando democraticamente a renda, criando os privilegiados através do cinismo do mercado livre; se não existe essa instituição que marginaliza e empobrece grande parte da população e que cria 5% de privilegiados, compradores de carros e artigos de luxo, tem que haver um governo despótico. A força tem que existir para que se faça a seleção daqueles que terão carro - 10% - e daqueles que não o terão - os 90% de excluídos. É óbvio que alguns não queriam permitir que o transporte individual - egoísta e excludente -, existente nos anos 50, fosse instalado na União Soviética. Quem sabe o carro e os objetos de luxo são incompatíveis com uma sociedade realmente justa e igualitária?!

Assim, por 10 anos fiquei com muitas angústias e receios. E, por incrível que pareça, um dos meus receios era o de que se desmoralizasse muito depressa a economia de mercado, a economia da máfia, a economia da exclusão e do empobrecimento, a economia que paga a um trabalhador hoje 27 vezes menos do que pagava anteriormente.

A experiência deles é muito recente, de 10 anos apenas. Eles sabiam como era aquele inverno, aquela agrura, aquelas restrições; agora sabem que, no capitalismo russo, a situação é mil vezes pior. Desse modo, a cada eleição, um número cada vez maior de pessoas quer livrar-se da economia de mercado russa.

Na minha vidinha no Partido dos Trabalhadores, muito antes de ser Senador, participei de uns dezesseis debates com o Senador Eduardo Suplicy. Um dia fui a Uberaba, e estava lá o Senador Eduardo Suplicy; outro dia, fui a Anápolis, e o meu opositor era S. Exª.

            O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Magalhães) - (Faz soar a campainha)

            O SR. LAURO CAMPOS (Bloco/PT - DF) - Já estou terminando, Sr. Presidente.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte, Senador Lauro Campos?

O SR. LAURO CAMPOS (Bloco/PT - DF) - Ouço V. Exª com prazer.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Gostaria de fazer apenas uma breve observação. Em todas as ocasiões em que tive a honra e a felicidade de debater com V. Exª, perante quaisquer auditórios, seja de núcleos do PT, seja de estudantes, sempre aprendi muito com V. Exª. Neste plenário, tive a oportunidade de desfrutar não apenas do seu conhecimento histórico e de teoria econômica, mas, sobretudo, de sua extraordinária atitude de procurar a realização de justiça para a humanidade, seja na União Soviética, seja no Brasil, em Planaltina ou em qualquer outro lugar. V. Exª é incansável, é um exemplo para todos nós como professor, como membro do Partido dos Trabalhadores e como Senador. Meus cumprimentos.

O SR. LAURO CAMPOS (Bloco/PT - DF) - Senador Eduardo Suplicy, agradeço muito as suas palavras. V. Exª pode estar certo de que a recíproca é verdadeira, pois foi sempre um prazer muito grande debater com V. Exª, em Minas Gerais, em Goiás e em muitos outros lugares. A cada dia que fui sedimentando o meu conhecimento de V. Exª e ampliando as nossas relações, pude descobrir o ser humano que é V. Exª, a gentileza e a generosidade que fazem parte de V. Exª. Desse modo, entre as recordações gratas que levo comigo e que levarei ao terminar o meu mandato, estão as suas gentilezas. Quando tive um enfarto em São Paulo, a presença e a gentileza de V. Exª ajudaram-me a sobreviver. Naquela oportunidade, o Dalmo Dallari, o filho, também foi muito gentil.

            Estando findo o meu tempo, gostaria de fazer algumas críticas à próxima campanha do meu Partido. Assim como tive certo receio de que se açodassem nesse fervor de reconstruir o socialismo na União Soviética, também tenho receio de que o PT esteja andando depressa, ambicioso e cego em grande parte, com o objetivo de chegar ao poder.

Há 40 anos estudo a crise do capitalismo. Portanto, se alguém do Partido me escutasse e se essa voz se traduzisse em um alerta, isso se daria no sentido de termos mais calma e de que não nos prestássemos a sermos os administradores do impossível. “Impossível” é a palavra empregada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso na página 242 do seu livro As Idéias e Seus Lugares. “É impossível”, diz Sua Excelência, “pagar a dívida externa e equilibrar o Orçamento”. Será que é isso que herdaremos e teremos que administrar? Será que herdaremos uma administração de um capitalismo que se tornou impossível, de acordo com as palavras do Presidente Fernando Henrique Cardoso?

Continuo dizendo que esta não deveria ser a hora do poder, a hora de um poder diferente. E será diferente o poder quando o Partido dos Trabalhadores lá estiver. Mas o poder será muito pouco diferente se trocarmos a reflexão pela ambição e nos açodarmos na conquista pelo poder. As eleições e o poder são sereias muito perigosas. Portanto, devemos ter muito cuidado no nosso relacionamento com essa nova experiência. Nos próximos cinco anos, o capitalismo mostrará suas entranhas e a profundidade da crise inadministrável em que ele penetrou.

Muito obrigado pelo tempo que me foi concedido, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/11/2000 - Página 22438