O SR. SÉRGIO MACHADO (PSDB - CE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo esta nobre tribuna para reverenciar a memória daquele que foi um dos mais brilhantes parlamentares da Bancada cearense nesta Casa. Falo do já saudoso Wilson Gonçalves, paraibano de coração cearense. Coração que parou de repente na tarde do último domingo em Fortaleza. Wilson era daqueles homens públicos que engrandeciam esta atividade pela qual aprendemos a nos apaixonar. Ele tinha a exata noção do que é fazer política por paixão e o valor do espírito público.

Nascido na Paraíba, na brava Cajazeiras, foi no Crato, uma das referências da Região do Cariri - sul do Ceará - que ele fincou raízes e deu início a uma brilhante carreira estudantil. Ele ainda era garoto quando seus pais, o advogado Zacarias Gonçalves da Silva e Adília Cavalcante Gonçalves, mudaram-se para o sul do Ceará. Concluídos os estudos secundários no Crato, o jovem Wilson iria para Fortaleza estudar Direito na então Universidade do Ceará, hoje Universidade Federal do Ceará (UFC), onde colou grau em 1937.

Cumprida esta primeira missão acadêmica, foi para o seu Crato querido que ele retornou em seguida para exercer a advocacia. Seu talento foi emprestado a diversos cargos públicos, dentre eles o de interventor do município. Só então despertaria em Wilson a paixão pela política partidária. O ano era 1945, o mundo comemorava o fim da Segunda Grande Guerra e ele ingressava na Assembléia Estadual Constituinte de 1947. O brilhante desempenho no primeiro mandato seria a garantia de novas incursões no Parlamento estadual. Tanto que viria a ser eleito mais tarde para as legislaturas iniciadas em 1951 e 1955.

O Ceará ainda contou com sua competência e retidão de caráter como Vice-Governador, de 1959 a 1963, gestão do Governador Parsifal Barroso, de igualmente saudosa memória, oportunidade em que Wilson assumiu a Chefia do Executivo estadual por nada menos que 27 vezes. Pouco depois, em 1962, Wilson foi eleito Senador, contando com a plena confiança dos cearenses para sua reeleição para esta Casa, com mandato de 1971 a 1979. Aqui, neste plenário em que ora me pronuncio, ele deixou sua marca de seriedade ao ocupar com brilhantismo a Vice-Presidência em 1970 e no biênio 1975 - 1976.

O Senado ele só deixaria por uma causa igualmente nobre. Renunciou parte do seu segundo mandato para assumir uma cadeira no extinto Tribunal Federal de Recursos, hoje Superior Tribunal de Justiça (STJ). A 22 de novembro de 1978 o Senado perdia para aquela nobre Corte o talento de Wilson Gonçalves.

Não temo incorrer no pecado da soberba ao discorrer as virtudes desse paraibano que aprendeu a amar o Ceará e a cativar o carinho e o reconhecimento do seu povo. Wilson era daqueles políticos que enchiam de orgulho a todos nós que escolhemos a política como caminho para dar concretude a nossos sonhos.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.