Discurso durante a 156ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Satisfação com a matéria publicada no jornal A Gazeta, do Estado do Acre, edição do último dia 14, sobre a trajetória do educador acreano Raimundo Gomes de Oliveira.

Autor
Nabor Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Nabor Teles da Rocha Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Satisfação com a matéria publicada no jornal A Gazeta, do Estado do Acre, edição do último dia 14, sobre a trajetória do educador acreano Raimundo Gomes de Oliveira.
Publicação
Publicação no DSF de 18/11/2000 - Página 22640
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, RAIMUNDO GOMES DE OLIVEIRA, PROFESSOR, LEITURA, REGISTRO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, A GAZETA, AUTORIA, ERIKA LOPES, JORNALISTA, ELOGIO, ATUAÇÃO, EDUCAÇÃO, ESTADO DO ACRE (AC).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

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O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB - AC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, o jornal A Gazeta, editado em Rio Branco, capital do Estado do Acre, publicou, em sua edição do último dia 14 do corrente, uma reportagem sobre a trajetória de um grande professor acreano, Raimundo Gomes de Oliveira.

Essa reportagem, de autoria da Jornalista Érika Lopes, tem o título “Raimundo Gomes: exemplo de trabalho” e representa um dos mais importantes registros já feitos sobre o digno educador e formador de sucessivas gerações de jovens acreanos. Vou lê-lo, na íntegra, para que conste dos Anais do Senado Federal, por ser, realmente, a mais justa homenagem a alguém que dedicou quase 50 anos de sua vida ao sistema educacional do nosso Estado.

Tem o seguinte teor o artigo da Jornalista Érika Lopes:

O educador acreano Raimundo Gomes de Oliveira começou a trabalhar como professor aos 24 anos e se hoje não está mais atuando é por forças alheias à sua vontade e à vocação pedagógica. Raimundo pode ser considerado o “educador acreano do século”. Ele possui todos os traços que um verdadeiro professor deve ter. É e foi atuante, inovador e corajoso, para desafiar os preconceitos de sua época e, por isso mesmo, sob a aparência de um homem rígido, cativou alunos, professores, funcionários e, até mesmo, políticos.

Raimundo Gomes chegou em Rio Branco em meados da década de 40 e terminou o primário no Grupo Escolar Sete de Setembro. Em seguida, conseguiu uma vaga no Colégio Acreano, que na época tinha o nome de Instituto Gétulio Vargas e se localizava ao lado do Palácio Rio Branco. Enquanto Raimundo foi funcionário da Secretaria de Estado de Educação e estudante do Colégio Acreano recebeu uma grande influência de sua chefe e professora Maria Angélica de Castro.

“Foi ela quem me levou para o campo do Magistério. Eu estava pensando em ingressar na área contábil e não tive tempo. Afinal, Maria Angélica assistiu comigo”, afirmou o professor. Em 1951, passou a lecionar francês à noite, e, mais tarde, também no Colégio Eurico Dutra - antigo CERB -, ministrando curso de alfabetização de adultos.

Entre a extensa lista dos notáveis acreanos que foram alunos de Raimundo Gomes estão governadores e desembargadores e o atual Prefeito Mauri Sérgio, entre outros. O professor foi condecorado várias vezes pelos Três Poderes, e, só no Colégio Acreano, atuou durante 32 anos como diretor.

O educador resistiu a diversas tentativas de eleição para diretor no Colégio Acreano. Em governos anteriores, não havia interessados em substituí-lo e ele continuava atuando. No entanto, na última tentativa de implantação das eleições nos colégios para escolha do diretor, Raimundo Gomes perdeu o cargo. Muitos amigos de profissão e alunos o alertaram para tomar cuidado, pois um complô político contra ele estava formado.

Raimundo Gomes não se preocupou, afinal “nunca teve inimigos”. Segundo ele, acreditava que seu trabalho seria reconhecido e valorizado.

No entanto, Raimundo recebeu um afastamento por licença prêmio em 99 e, junto com ele, sua esposa, que também trabalhava no colégio, acabou recebendo um afastamento forçado e definitivo. Diversos amigos educadores afirmam que houve motivos políticos para isso.

O educador mantém, apesar de tudo, orgulho por ter trabalhado tanto tempo em uma profissão tão digna. Não pretende parar. Quer continuar trabalhando, apesar das mágoas com as pessoas que não reconheceram e não valorizaram seu trabalho.

“Sei que fiz meu trabalho muito bem feito [declarou ele à jornalista]. No ENEM 98, o Acre tirou o 10º lugar em nível nacional. Hoje, qualquer um que chegar neste mesmo local vai ver que ele não é mais o mesmo. Sou contra as eleições nas escolas. Acho importante haver uma especialização, cursos e concursos que formem diretores”, disse.

A vida do educador acreano.

Raimundo Gomes de Oliveira é natural de Sena Madureira.

Formou-se professor em 1954 e dirigiu uma escola em Xapuri por quatro anos. Em 1959, foi designado novamente para dirigir escola em Tarauacá e voltou para Rio Branco em 1962. Até 65, foi diretor artístico da Rádio Difusora e professor do Colégio Acreano.

Em 1966, foi nomeado vice-diretor do colégio e, depois de uma briga com o diretor da época, pediu afastamento do cargo. No entanto, como todos do colégio gostavam dele muito mais do que do próprio diretor, fizeram um abaixo-assinado para que ele ficasse. Ele ficou e o diretor pediu demissão.

Raimundo Gomes permaneceu na direção do Colégio Acreano até 1998, onde tomou medidas como a criação de classes mistas, já que até então tudo era separado por sexo, até mesmo a cantina.

O educador também foi um dos fundadores da Casa do Estudante Acreano, em 1951, que era na época atuante e que criou a Olimpíada Estudantil entre Guaporé (antiga Rondônia) e Acre, em 1953, com ajuda do Governador Abel Pinheiro.

O educador empresta o nome a uma escola no bairro Tucumã.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tomei a iniciativa de proceder à leitura deste artigo, publicado, como disse, no jornal A Gazeta, do Acre, edição do último dia 14, para tributar também minha homenagem pessoal ao Prof. Raimundo Gomes de Oliveira.

Quando o conheci, há muitos anos, ele ainda dirigia a Escola Normal, que fundara no Município de Tarauacá, de onde sou originário. Tivemos um convívio muito próximo e cordial, pois sempre acompanhei o seu trabalho, a seriedade com que se dedicava ao mister de educador.

Quando tomei posse no cargo de Governador do Estado, para cumprir o mandato de 1983 a 1986, o Prof. Raimundo Gomes de Oliveira já era o consagrado diretor do Colégio Acreano. Mas, como ele pertencia a um partido contrário ao meu, recebi muitas pressões para que o afastasse daquele cargo - mas não concordei. Mantive o Prof. Raimundo Gomes à frente do Colégio Acreano, em respeito às suas qualidades, de homem determinado e inteiramente dedicado à causa da educação.

O Colégio Acreano, que ele dirigiu por trinta e dois anos, sempre foi o estabelecimento padrão no Estado; lá foram educados e se graduaram rapazes e moças, ao longo de sucessivas gerações, muitos deles assumindo, mais tarde, encargos de grande importância, como governadores, desembargadores, juízes, deputados, vereadores, prefeitos, etc.

Por essa razão, Sr. Presidente, creio ser da maior importância e oportunidade a homenagem que hoje se presta a um dos mais dedicados e valorosos apóstolos da educação no meu Estado, o Prof. Raimundo Gomes de Oliveira, a quem, neste momento, reitero a expressão do meu profundo respeito e de admiração por sua obra benemérita.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/11/2000 - Página 22640