Discurso durante a 158ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Necessidade de apuração da veracidade das denúncias de ameaça de morte ao governador Jorge Viana, mediante a designação de um delegado especial.

Autor
Nabor Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Nabor Teles da Rocha Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Necessidade de apuração da veracidade das denúncias de ameaça de morte ao governador Jorge Viana, mediante a designação de um delegado especial.
Publicação
Publicação no DSF de 22/11/2000 - Página 22817
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, DENUNCIA, AMEAÇA, GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC), DEFESA, DESIGNAÇÃO, DELEGADO, INVESTIGAÇÃO, VIOLENCIA, PERSEGUIÇÃO.
  • LEITURA, EDITORIAL, JORNAL, A GAZETA, ESTADO DO ACRE (AC), INFORMAÇÃO, AUSENCIA, PROVA, AMEAÇA, GOVERNADOR, CRITICA, CRIAÇÃO, APREENSÃO, SOCIEDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, VISITA, CAPITAL DE ESTADO.
  • SUSPEIÇÃO, RELAÇÃO, TRAFICANTE, DROGA, GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC).

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O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB - AC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Acre, lamentavelmente, retornou às manchetes escandalosas da grande imprensa nacional, desta vez devido as denúncias feitas pelo Governador do Estado e alguns aliados, de que estariam sendo vítimas de ameaças, inclusive quanto às suas próprias vidas. Chegam, até mesmo, a alardear a existência de planos e complôs que teriam, nas sombras, adversários políticos de S. Exª.

O próprio Presidente da República foi envolvido nesse emaranhado de versões, durante a escala técnica de seu avião no Aeroporto Internacional de Rio Branco, quando retornava de uma reunião no Panamá. O quadro pintado para o Chefe de Governo federal foi, com efeito, dos mais preocupantes, digno de uma firme intervenção policial e judicial, que Sua Excelência prometeu mandar fazer com urgência.

De minha parte, defendo essa investigação da maneira mais ampla, profunda e decidida possível. O povo acreano é generoso, ordeiro, trabalhador, voltado para a construção de um futuro melhor e menos injusto, e não pode ficar exposto, indefinidamente, ao bombardeio de notícias alarmistas e que o deixam em posição vexaminosa ante os demais brasileiros.

Essa é, aliás, a posição responsável de toda a sociedade acreana. E foi expressa, com serena firmeza, pelo editorial do jornal A GAZETA, do Acre, publicado na sua edição de ontem, em que defende a efetiva designação de um delegado especial para investigar não apenas as queixas do Governador e seus aliados, mas todo o quadro de violências, ódios e perseguições que intranqüiliza o povo do meu Estado.

Estamos saindo de uma campanha em que os eleitores de Rio Branco e, com certeza, também os de todo o Acre, apoiaram decididamente os candidatos que pregavam uma vida sem ódios e sem medo. E, com a coerência que faço questão de imprimir a todos os meus passos como cidadão e como homem público, passo a ler, na íntegra, o editorial de ontem do vibrante e respeitado matutino acreano, A GAZETA, que tem o seguinte teor:

“Que venha o Delegado especial.” Esse é o título do editorial de A Gazeta. E vem o texto:

“Informações obtidas por A Gazeta junto a alguns órgãos de segurança -- sérios e independentes -- garantem que não há provas consistentes de ameaças, muito menos de um plano “diabólico”, para atentar contra a vida do Governador do Estado.

Diante disso, é preciso que se tenha coragem para dizer que o Governo não tem o direito de criar um clima falso de violência ou de paranóia, fazendo crer à sociedade e ao Presidente da República, em sua escala técnica em Rio Branco, que o Acre transformou-se outra vez numa terra-sem-lei, onde até a vida do Governador corre perigo.

A rigor, os riscos de vida que correm o Governador ou outras autoridades do Estado são os mesmos ou até menores pelos que passam os cidadãos comuns, diante da escalada da violência que o Poder Público não consegue conter.

O que está havendo neste Estado, entre outras empulhações, -- e é preciso que as autoridades da República saibam disso -- é que o Governo local está tentando mascarar sua incompetência em manter um reles traficante atrás das grades. Foragido, esse traficante acabou revelando que trocou telefonemas com o Governador do Estado durante os trabalhos da CPI do Narcotráfico aqui no Estado. Com essa revelação, o Governo entrou em apuros e criou esse falso clima de insegurança.

Vendo-se acuado e fustigado pelos seus adversários políticos, como menino traquina, está tentando agora valer-se do seu “padrinho”, o Presidente da República, transformando uma simples escala técnica que o avião presidencial faz em Rio Branco em mais um ato de pirotecnia.

Contudo, se o Governo quer mesmo uma investigação sobre o que está acontecendo hoje neste Estado - embora preciosos recursos serão gastos e que poderiam ser melhor empregados, por exemplo, no combate ao narcotráfico - que se faça, então, essa investigação rigorosa e, sobretudo, independente.

Desse “delegado especial”, que o Governo está pedindo às autoridades federais, a sociedade quer e exige que ele não deixe nada por esclarecer. Que seja isento, implacável em suas conclusões. Que seja tecnicamente objetivo, que diga sim, sim, ou não, não. Poderia, por exemplo, começar investigando:

- em que circunstâncias o traficante Valtemir Gonçalves, o “Palito”, fugiu da penitenciária do Estado e quem seriam os responsáveis;

- qual foi o teor da conversa telefônica que o governador teve com ele;

- que o Ministério Público Estadual apresente “as testemunhas” que teriam alertado sobre um “complô” para atentar contra o governador;

- que homem é esse que diz ter uma lista de “marcados para morrer”, entre eles um delegado da Polícia Civil e o governador;

- que grupos políticos ou do “setor de comunicação” estariam tramando contra a vida do governador, do seu pai e de suas filhas.

Com tudo apurado, tudo esclarecido, a população deste Estado estará mais tranqüila, mais segura, com esses supostos malfeitores atrás das grades. Ou, então, acabará de vez com a hipocrisia, a bajulação e essa pantomima de mau gosto, que encheu, saturou.

Aí, só restará ao Governo do Estado uma saída: trabalhar com seriedade e honestidade, sem desculpas e fantasmas, para cumprir suas incontáveis promessas de campanha.

Esse, Sr. Presidente, Srs. Senadores, o teor do editorial do Jornal A Gazeta do Acre, edição de domingo último, de Rio Branco.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, muito pouco pode ser acrescentado às palavras firmes e ponderadas que o editorial de A Gazeta empregou para abordar a passagem triste e preocupante hoje vivida pela sociedade acreana.

Neste caso, como sempre, em que são alardeadas irregularidades nas atividades de homens públicos e em fatos ligados à coletividade, minha posição é a mesma - invariável e indelevelmente marcada pela coerência: que as acusações sejam apuradas, em toda a sua extensão, punindo-se os verdadeiros malfeitores e proclamando-se a inocência de quem tenha sido falsamente acusado. Mas, também sem hesitações, deve-se apurar e proclamar se a opinião pública está sendo enganada por falsas denúncias e por um clima forjado de violência, em que o denuncismo irresponsável pode estar sendo usado como arma contra legítimos e leais adversários.

As recentes eleições municipais tiveram, no Acre, um novo fator de progresso institucional e de retomada das nossas melhores tradições de cordialidade e respeito humano: os candidatos do Movimento Democrático Acreano receberam a mais expressiva demonstração de apoio de suas comunidades, por meio dos votos registrados nas urnas eletrônicas.

E, na raiz de tão significativo sucesso, está, sem dúvida, aquele princípio, a que me referi há pouco, que foi o principal lema da campanha de Flaviano Melo à Prefeitura de Rio Branco: “sem medo e sem ódios”.

Nós, do MDA, que fazemos oposição leal e conseqüente ao Governador Jorge Viana, temos o mais profundo e sincero interesse no cabal esclarecimento dessas denúncias para que o Acre possa voltar a viver tempos de paz e tranqüilidade, propícios ao bem-estar dos cidadãos e das famílias.

Para que não fiquem dúvidas a respeito de nossa posição, vou ser ainda mais enfático e transparente, ao expô-la neste plenário: dirijo um veemente apelo ao Ministro da Justiça, Dr. José Gregori, para que determine ao Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal a designação imediata do Delegado Especial a que se referiu o Senhor Presidente da República, a fim de pôr termo a essas deletérias especulações, que nada contribuem para levar o povo acreano ao justo conceito que merece ter junto aos irmãos das demais regiões.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/11/2000 - Página 22817