Discurso durante a 165ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Presta homenagens pelo transcuro do centenário de nascimento do ex-Senador Milton Campos.

Autor
Paulo Souto (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Paulo Ganem Souto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Presta homenagens pelo transcuro do centenário de nascimento do ex-Senador Milton Campos.
Publicação
Publicação no DSF de 01/12/2000 - Página 23479
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • LEITURA, DISCURSO, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, SENADOR, MOTIVO, COMPROMISSO, AUSENCIA, PRESIDENCIA, SESSÃO, HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, MILTON CAMPOS, EX-DEPUTADO, EX GOVERNADOR, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), EX MINISTRO, EX SENADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA, DEFESA, DEMOCRACIA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PAULO SOUTO (PFL - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, Senador Carlos Patrocínio, Sr. Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Carlos Velloso, Srªs e Srs. Senadores, Srs. familiares do Dr. Milton Campos, minhas senhoras e meus senhores, como revelou o Sr. Presidente desta sessão, impedido por motivos superiores de presidir, como tanto desejava, a sessão comemorativa do Centenário do Senador Milton Campos, o Senador Antonio Carlos Magalhães considera que não poderia deixar de apresentar o seu testemunho em relação a uma das mais eminentes figuras da República em todos os tempos. Por isso, incumbiu-me de que aqui lesse palavras que são suas. S. Exª conheceu e conviveu, de certa forma, com o Senador Milton Campos durante um período de sua vida política.

            Neste momento, ao Senador Francelino Pereira, autor do requerimento de realização desta justa homenagem, diz o Senador Antonio Carlos Magalhães, deixo a incumbência de presidir, em grande parte, esta sessão solene. Ex-Governador de Minas Gerais, é um colega que se tem dedicado ao desenvolvimento de seu Estado de representação, pois, não nascido em terras mineiras, mas seu filho por adoção, só lhe tem proporcionado dedicação e orgulho.

            Saúdo igualmente os Senadores José Alencar e Arlindo Porto, ambos representantes do Estado de Minas Gerais, presentes a esta importante homenagem ao Dr. Milton Campos.

            Srªs e Srs. Senadores, Milton Campos iniciou sua trajetória pública estimulado pela vitória da Revolução de 1930. Hostil às práticas autoritárias e elitistas dos líderes da República Velha, desejava contribuir para a regeneração política do País. Seu primeiro cargo público foi o de Advogado-Geral do Estado de Minas Gerais e já ali deixava sua marca. Como tal, conseguiu solucionar uma antiga questão de limites com o Estado de São Paulo.

            Manteve-se sempre firme aos princípios da democracia liberal. No período do Estado Novo, participou do grupo que clandestinamente editava o jornal Liberdade. Antigetulista, foi um dos organizadores da UDN em Minas Gerais, no final da Era Vargas. Acreditava que o bem-estar nacional não poderia ser assegurado com a supressão ou limitação da democracia. 

            Diz o Senador Antonio Carlos Magalhães que o conhecia bem, no seu estilo sóbrio e na sua competência de homem público exemplar. O Dr. Milton, como o chamávamos, tinha, de todos nós, seus companheiros da UDN, o maior respeito, pois ninguém, neste País, o ultrapassou no exemplo digno, no desempenho de todas as funções que exerceu ao longo de sua vida.

            Foi Presidente Nacional do nosso Partido de 1955 a 1957, período de grande efervescência política, inclusive dentro da própria UDN, provocada pela ala radical, com a qual convivíamos internamente. Mas a sua educação, o seu saber elevado, a lhaneza do seu caráter o tornavam um cidadão singular e o gabaritavam ao exercício do cargo, que soube conduzir com postura moderadora, reguardando sempre os padrões mais elevados da conduta pública e parlamentar.

            Em verdade, ninguém jamais fez qualquer reserva em relação ao comportamento desse grande representante de Minas Gerais.

            Governou o seu Estado dentro dos princípios democráticos, exatamente quando a democracia renascia no País, após a ditadura de Vargas. E, não obstante seu liberalismo, agiu com presteza na promoção do desenvolvimento econômico e social, reorganizando o serviço público de Minas, criando o Departamento de Administração, racionalizando e modernizando a burocracia estadual.

            Homem de visão, implementou, como Governador, um dos grandes impulsos a Minas: a regulamentação da formação de sociedades de economia mista, possibilitando a construção e a exploração de centrais e usinas hidrelétricas, que transformaram o Estado.

            Vivíamos num celeiro de homens de grande mérito e poder oratório, mas ninguém ultrapassava a figura de Milton Campos. Convivíamos, naquela época, além de Milton Campos, com Gustavo Capanema, Bilac Pinto, José Maria Alkmin, Octávio Mangabeira, Adauto Cardoso, Afonso Arinos, Aliomar Baleeiro, nomes tutelares da vida pública brasileira, mas a sua postura de discurso e firmeza de caráter estarão marcadas indelevelmente em nossas memórias. Não apenas nas de seus amigos e parentes, como Maria Regina Campos, Juliana Campos Horta de Andrade e Teresa Campos Horta Lobato, mas, na memória nacional, na História de nosso País, pelos seus grandes feitos e exemplos.

            Ainda hoje pautamos grande parte de nosso ordenamento jurídico em suas letras. Como primeiro Ministro da Justiça do período revolucionário, incumbiu-se da complexa tarefa de dar à Revolução seu ordenamento jurídico. Produziu códigos e regulamentos considerados essenciais ao eficiente funcionamento do Poder Judiciário, resguardando, paralelamente, os direitos do homem e do cidadão. Deixou o Ministério em outubro de 1965, considerando cumprido seu compromisso com a tarefa de criar instituições favorecedoras da democracia e dos direitos do cidadão.

            Não há dúvida de que era uma época difícil, onde valores como Dr. Milton se sobressaem não só na tribuna, mas principalmente nos exemplos de suas vidas.

            Milton Campos, como aqui se disse, chegou a se candidatar a Vice-Presidente da República. Por todos os seus atributos e responsabilidade na defesa da Pátria - e vejam como coincide esta opinião com o que foi há pouco colocado pelo Senador Jefferson Péres -, podemos asseverar que, se eleito, a situação do Brasil, com certeza, teria sido outra.

            Quando o Senado participa do Centenário de Milton Campos, o seu Presidente jamais poderia ser omisso no elogio e na homenagem a tão grande Parlamentar e homem público. Tudo o que se disser de sua pessoa será pouco para o que ele representou de saber, dignidade e competência nas atividades públicas.

            Quero, portanto, deixar o registro do orgulho de ter com ele convivido, diz o Senador Antonio Carlos Magalhães, e, ao mesmo tempo repetir à sua família que esta homenagem não é só o orgulho dos seus amigos e dos seus familiares. Ele foi, sem dúvida, um dos maiores homens deste País.

            Muito obrigado. (Palmas)


            Modelo15/1/249:12



Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/12/2000 - Página 23479