Pronunciamento de Ramez Tebet em 05/12/2000
Discurso durante a 168ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Apoio à candidatura do Senador Pedro Simon à Presidência da República.
- Autor
- Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
- Nome completo: Ramez Tebet
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
ELEIÇÕES.
POLITICA PARTIDARIA.:
- Apoio à candidatura do Senador Pedro Simon à Presidência da República.
- Aparteantes
- Carlos Bezerra, Gilberto Mestrinho.
- Publicação
- Publicação no DSF de 06/12/2000 - Página 24294
- Assunto
- Outros > ELEIÇÕES. POLITICA PARTIDARIA.
- Indexação
-
- ELOGIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), EMPENHO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, RESULTADO, CRESCIMENTO, PARTICIPAÇÃO, CANDIDATO ELEITO, PREFEITO, VEREADOR, MUNICIPIOS, PAIS.
- APOIO, PEDRO SIMON, SENADOR, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, INCENTIVO, ETICA, EXERCICIO, POLITICA, VALORIZAÇÃO, COSTUMES, COMBATE, VIOLENCIA.
SENADO FEDERAL SF -
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O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, já estou há algum tempo no Senado, Casa da Federação e uma Casa política. Falo muito em política no Senado da República, mas quase nunca ocupo a tribuna para falar dessa política que é questão de vida e morte, a política que permeia a vida dos povos, essencial na vida de todos os seres humanos.
Falar de política, portanto, é falar da vida. Venho aqui falar de política partidária, particularmente da política do meu Partido, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Venho manifestar a esta Casa e, por intermédio dela, à sociedade brasileira, a alegria de ver que o PMDB parece ter acordado. O PMDB está renascendo, está se mexendo, sacudindo, movimentando, locomovendo.
O Partido disputou as últimas eleições municipais do Brasil, elegendo quase 1.300 Prefeitos e a maioria esmagadora dos Vereadores do nosso País, mas o resolveu ir às ruas conversar com a sociedade. O PMDB entendeu que não podia mais ficar na retaguarda, que, a exemplo do que aconteceu no passado, tem importância capital na história da redemocratização do País. O Partido tem de discutir as questões nacionais com a sociedade, indo às ruas.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, justamente no dia da Proclamação da República, 15 de novembro deste ano, com satisfação, integrei uma comitiva partidária que saiu de Brasília indo até Santa Catarina, à cidade de Joinville, administrada pelo Prefeito Luiz Henrique, ex-deputado Federal, ex-Presidente do nosso Partido. S. Exª realiza uma grande administração naquela cidade, onde é comandado por um companheiro nosso do Senado da República, o eminente Senador Casildo Maldaner.
Saí de lá fortalecido nas minhas convicções, porque vi a força do PMDB. Vi a pujança do PMDB catarinense: quando a causa é boa, basta um grito para que o Partido una. Foi assim que vi um encontro que parecia - desculpem-me os companheiros de Santa Catarina - despretensioso ganhar majestade. Foi pujante. Para lá acorreram lideranças políticas do nosso Partido de outras unidades da Federação. Lá se encontrava, por exemplo, o Prefeito Cícero Lucena, de João Pessoa, o Prefeito mais bem votado neste País. Eu integrava a comitiva do Presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, dos Ministros Eliseu Padilha, Fernando Bezerra, Ovídio de Angelis e Jader Barbalho. Reencontrei-me ali com outros companheiros, outros nomes do Partido, de longe, lá do Nordeste, como, por exemplo, o companheiro Jackson Barreto, de Sergipe, entre tantos outros.
Ali, vi o grito de alegria e satisfação por ver que o PMDB estava evocando o velho MDB. Fez-se uma evocação das lutas democráticas capitaneadas por Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela e tantos outros que deram as suas vidas, que deram tudo de si em defesa dos ideais democráticos. Vi que o Partido - repito - estava disposto a reencontrar-se. Busquei a causa disso e percebi a vontade de colaborar com um Brasil mais justo, mais humano.
O Partido mostrou-se satisfeito com aqueles que, aqui em Brasília, se lembraram de um nome que representa, sem dúvida alguma, a síntese do PMDB. Tem-se buscado encontrar um companheiro de vivência, de coleguismo e de confidência de Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e Teotônio entre aqueles que estão vivos. Ninguém tem dúvida de que, para invocar esse passado e restabelecer a esperança de um Brasil menos injusto, o ideal do Partido há de ser sintetizado e encarnado na figura do Senador Pedro Simon. Pelas qualidades que ornamenta o seu caráter e a sua personalidade, S. Exª representa a síntese deste PMDB, o PMDB que tem uma militância que não quer ficar na retaguarda, que tem uma militância atuante, uma militância viva. Essa militância sabe que esse nome tem passado e tem presente. A essa altura da vida, não há como, aos 70 anos de idade, Pedro Simon desmerecer tudo aquilo que construiu ao longo de sua vida.
Quem pode duvidar da honestidade pessoal de Pedro Simon, da sua integridade moral? Quem pode duvidar do seu trabalho em favor deste País, como Ministro da Agricultura que foi, como Governador do Rio Grande do Sul? Quem pode duvidar, pela sua atuação constante no Senado da República, do seu amor cívico, do seu amor pelo Brasil? E tudo isso permeado por um profundo sentimento cristão e por uma lealdade - posso atestar - de fazer inveja.
Joinville, naquele instante, representou para nós - para mim pelo menos -, a Goiânia do passado, a capital do Estado de Goiás, que foi o marco de uma marcha vitoriosa que conduziu o país para a escolha do seu Presidente da República por via direta. Se foi Goiânia o palco, o cenário da luta pelas diretas em praça pública, sem dúvida alguma, a meu ver, Joinville passa a representar, para o PMDB, o marco inicial da trajetória da caminhada de Pedro Simon como candidato a candidato na convenção do PMDB que vai escolher seu candidato à Presidência da República.
Em todos os discursos do Senador Pedro Simon que tive oportunidade de ouvir, S. Exª afirmou, graças à humildade que coroa sua personalidade, que ali estava como um soldado do partido, como homem que não foge à luta, que não teme obstáculos, que não teme dificuldades e que, ao contrário, se encoraja a cada dificuldade que aparece no caminho de quem quer ajudar o próximo, no caminho de quem quer contribuir para a construção de uma pátria mais justa e mais humana, a inspiração para continuar seu trabalho e sua trajetória.
Isso foi no dia 15 de novembro, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em Joinville. Já no dia 24 de novembro, tendo passado por Goiânia, foi promovido pela caravana, para honra de Mato Grosso do Sul, para glória do PMDB do meu Estado e para imensa satisfação minha, um encontro na capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande. Esse encontro, essa festa se repetiu com um sucesso extraordinário. Em Campo Grande, eu vi com alegria - eu, que modestamente presido o PMDB regional, o PMDB do meu Estado - a representação dos 77 municípios de Mato Grosso do Sul, vi o reencontro do PMDB de Mato Grosso do Sul para uma causa boa, para uma causa justa. Refiro-me ao fato de o partido, com um nome digno e honrado como o de Pedro Simon, sair da retaguarda e marchar na vanguarda da luta que temos como partido responsável pela restauração democrática do nosso Brasil.
Esse é o caminho que o partido tem que seguir. Precisamos recuperar o tempo perdido. Ali estava a militância a nos impulsionar e a encorajar Pedro Simon, que, aos 70 anos, mas com o mesmo ideal de antes, coloca seu nome e sua vida pública a serviço do partido e do Brasil, na pregação daquilo que ele acredita e nós também, isto é, que o Brasil tem jeito, que o Brasil pode ser a pátria dos nossos sonhos.
Não se pode perder esse sonho, Senador Pedro Simon, não se pode esmorecer nessa caminhada. E tudo isso deve ser feito em nome daquilo que V. Exª representa, em nome daquilo que o nosso partido fez, em nome daquilo por que esse partido tanto lutou. Esse partido, um dia - a política é feita de contradições -, foi com seu maior nome e sua maior bandeira disputar o voto do eleitorado, mas foi em circunstâncias que não eram para ele - lamentavelmente, as circunstâncias do país naquele momento não eram para Ulysses Guimarães. Mas o velho guerreiro, o velho destemido, aquele que dizia que navegar é sempre preciso, aquele que tinha o sonho de dirigir os destinos deste país, teimou, saiu candidato à Presidência da República e infelizmente, Sr. Presidente, Srs. Senadores, deu naquilo que deu: elegemos um moço - as circunstâncias fizeram com que o povo nele acreditasse -, o ex-Presidente Collor, e aí o país assistiu a essa derrocada que fez marca, e marca muito ruim em nossa História, que foi a deposição de um Presidente da República.
Em Campo Grande Pedro Simon falou de sua crença no fim da impunidade. Outro dia recebi no meu gabinete um livro de mais de 300 páginas, todo ele de discursos proferidos desta tribuna em defesa da ética na vida pública, em defesa da honestidade, dos bons princípios, contra a violência que campeia abertamente no Brasil. Todos os discursos de Pedro Simon nesta legislatura estão consubstanciados num livro, numa demonstração evidente de que a sua luta é intransigente, é uma luta de quem crê. Não é uma luta de quem fez um discurso só, de quem proferiu em uma só ocasião aquilo que pensa a respeito da impunidade no país. Não. O livro se constitui numa seqüência de discursos admiráveis, de discursos feitos com sentimento, de discursos que saíram da alma do Senador Pedro Simon conclamando este país a pôr realmente um fim na desonestidade, nesse clima de impunidade existente no país.
Pedro Simon, em Campo Grande, falou dos seus ideais, emocionou- se ao fazer a defesa dos humildes e, como verdadeiro democrata, mostrou plena disposição para percorrer o Brasil em defesa de suas idéias, em defesa das idéias do partido. E com humildade, repito, S. Exª admitiu que possa surgir outro nome para disputar com ele na convenção partidária o direito de ser candidato à Presidência da República do nosso Brasil.
Aliás, Sr. Presidente, Srs. Senadores, este é um ponto importante a merecer uma ponderação de nossa parte: presta o Senador um grande serviço ao partido. Recordo-me da indagação de um antigo peemedebista de Mato Grosso do Sul. Ele me perguntava como podia o PMDB, com mais de 50% dos votos - ele referia-se a Mato Grosso do Sul - no nosso Estado e com mais de mil prefeitos no Brasil, com outros tantos e tantos vereadores, não ter candidato à Presidência da República no nosso país. Dizia ele: por que o PMDB fica assim escondido? Se tem nomes, organização, estrutura, por que o PMDB não faz como o PPS, partido pequeno numericamente, mas que todos sabem que tem o combativo Ciro Gomes como candidato à Presidência da República? Dizia ele: por que o Partido da Frente Liberal tem vários nomes para a Presidência da República? Por que o PT, já vitorioso nessas últimas eleições, agora tem mais de um nome? Já não é mais somente o Lula um dos possíveis candidatos do PT, surgiu aí um rival do Lula, um rival declarado, companheiro nosso aqui do Senado da República, o Senador Eduardo Suplicy. Por que o PT se dá - isso na linguagem dele - ao luxo de ter dois candidatos à Presidência da República e o nosso PMDB de guerra, o PMDB da democracia, das lutas sofridas, de Ulysses Guimarães, há duas eleições sucessivas não apresenta um nome para disputar a Presidência da República?
Não tive o que dizer a esse companheiro, a esse meu conterrâneo de Mato Grosso do Sul. O que eu poderia lhe dizer diante desses argumentos? Todos os partidos têm. O Partido da Social Democracia Brasileira tem mais de um candidato, falou-me ele; os jornais falam no atual Ministro da Saúde, o nosso amigo e companheiro do Senado José Serra, e no Governador Tasso Jereissati. Por que só o PMDB não tem candidato?
Então, fiquei contente por ter organizado a festa do PMDB em Campo Grande, Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, porque pude dar resposta a essas perguntas, que são verdadeiras. Se não tomássemos uma atitude, se Pedro Simon não tivesse coragem cívica, essas perguntas ficariam no ar, sem que houvesse uma resposta à legião imensa de seguidores e de eleitores do PMDB.
O Sr. Carlos Bezerra (PMDB - MT) - V. Exª me concede um aparte?
O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS) - Com muita honra, Senador.
O Sr. Carlos Bezerra (PMDB - MT) - Estou acompanhando atentamente o pronunciamento de V. Exª. O PMDB de todo o Brasil hoje se regozija com a candidatura do Senador Pedro Simon, um dos seus melhores quadros. Ainda ontem, reunimos a Executiva Estadual de Mato Grosso, com a presença das Bancadas federal e estadual, e discutimos sobre a indicação de um candidato do nosso Partido à Presidência da República. Todos, sem exceção, estão otimistas com a perspectiva da escolha do nome do Senador Pedro Simon, pois S. Exª inspira confiança no eleitorado brasileiro, no povo brasileiro. Estamos ocupando um espaço importante e fundamental dentro do eleitorado brasileiro - o que é perceptível em meu Estado - , e a candidatura começa a crescer. O Brasil deve ao Rio Grande a maior modificação política deste século, que foi a quase revolução feita por Getúlio Vargas, em 1930; ele veio do Rio Grande, tomou o Palácio do Catete e fez mudanças profundas na política brasileira. Vejo que um novo gaúcho está surgindo para tirar o Brasil dessa pachorra, dessa letargia em que se encontra. O Brasil é um País com grandes perspectivas e condições de resolver os seus problemas, que são seculares, como a concentração de renda, a concentração administrativa, a reforma tributária, a omissão e o conservadorismo do Palácio do Planalto para manter as coisas como estão, per omnia saecula saeculorum. Eu vejo no Senador Pedro Simon o homem com coragem para peitar tudo isso, para liderar um grande movimento nacional para fazer reformas verdadeiras, efetivas e definitivas ao Brasil. Lá em Mato Grosso, também estamos preparando uma grande festa para receber o nosso futuro Presidente da República: Pedro Simon. Parabéns a V. Exª pelo pronunciamento.
O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS) - Senador Carlos Bezerra, agradeço o seu aparte e gostaria de dizer que não encontrei nenhum conterrâneo, nenhuma pessoa que colocasse algum defeito no político Pedro Simon. Isso é um grande começo. Como disse Pedro Simon, antes de elaborarmos um projeto de desenvolvimento para o País, temos que caminhar pelo Brasil afora, por todas as unidades da Federação. É o que Pedro Simon e as nossas lideranças estão fazendo. Não estamos açodados, não. Faltam dois anos para a eleição presidencial, mas, desde já, precisamos percorrer o País e acabar com essa história de elaborar, dentro dos gabinetes, um programa eminentemente popular. Só depois dessa andança, seremos capazes de formular uma plataforma baseada nos princípios da moralidade pública e de um Brasil mais justo, mais humano. Haverá de ser, sim, um projeto de desenvolvimento. É por isso que estamos percorrendo o Brasil. Repito: não há nenhuma afobação, nenhuma precipitação nessa atitude, mas sim o interesse em dialogar, em conversar com a sociedade, em sentir os seus anseios e as suas reivindicações e de falar-lhe claramente sobre os nossos objetivos.
O Sr. Gilberto Mestrinho (PMDB - AM) - Permite V. Exª um aparte?
O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - V. Exª já excedeu cinco minutos do seu tempo, Senador Ramez Tebet.
O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS) - V. Exª me permite dar um aparte ao Senador Gilberto Mestrinho?
O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Faço um apelo ao Senador Gilberto Mestrinho para que seja breve.
O Sr. Gilberto Mestrinho (PMDB - AM) - Eu não poderia deixar, Sr. Presidente, de expressar ao eminente Senador Ramez Tebet a minha solidariedade e o meu apoio ao discurso que vem fazendo. Efetivamente, o PMDB preencheu um vazio, escolhendo um nome admirável, sob todos os aspectos, merecedor do respeito da sociedade brasileira, apresentando-o como seu candidato à Presidência da República. O Amazonas está solidário com Pedro Simon. Parabéns, Senador Ramez Tebet.
O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS) - Fico muito grato, Senador Gilberto Mestrinho.
Vou encerrar, Sr. Presidente, procurando sintetizar, porque agora é que a coisa está ficando quente.
O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Infelizmente, precisava ter esquentado durante o tempo de V. Exª.
O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS) - A campainha soa, todos têm o mesmo direito.
Com a candidatura Pedro Simon, com essas visitas que se fazem com tanta antecedência, precisamos desmistificar aquela tese pública e notória entre toda a população brasileira, entre todo o eleitorado, de que se escolhe as coisas de última hora, que os candidatos começam a percorrer os Municípios nos últimos instantes e acabam dizendo que fizeram um projeto ouvindo a sociedade brasileira. Com essa andança cívica, essa peregrinação cívica de Pedro Simon e do PMDB, vamos realmente conversar com a sociedade brasileira e acabar com a tese de que político só aparece de vez em quando. O PMDB tem que estar presente - e estaremos -, fazendo companhia a Pedro Simon nesta sua grande trajetória.
Sr. Presidente, muito obrigado.
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