Discurso durante a 175ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexões, em seu primeiro pronunciamento na Casa, sobre o acirramento da violência no País e a necessidade de melhoria no padrão de vida da população brasileira.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL. SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Reflexões, em seu primeiro pronunciamento na Casa, sobre o acirramento da violência no País e a necessidade de melhoria no padrão de vida da população brasileira.
Aparteantes
Bernardo Cabral.
Publicação
Publicação no DSF de 16/12/2000 - Página 25463
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL. SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • ELOGIO, IMPORTANCIA, TRABALHO, SENADO, CONTRIBUIÇÃO, MELHORIA, ECONOMIA, POLITICA, BUSCA, ALTERNATIVA, COMBATE, POBREZA, INJUSTIÇA.
  • COMENTARIO, APREENSÃO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, CRESCIMENTO, VIOLENCIA, TRAFICO, DROGA, OCORRENCIA, HOMICIDIO, DEFESA, NECESSIDADE, MELHORIA, INVESTIMENTO, SEGURANÇA PUBLICA.

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como Senador recém-chegado a esta nobre Casa, devo dizer da minha admiração pelo trabalho que se faz aqui. Acompanhando de perto as atividades legislativas, vejo como é grande a contribuição do Senado nos mais diversos temas nacionais.

É motivo de orgulho para todos saber como esta Casa está sempre ajudando a construir um Brasil melhor: na economia, na política, nas questões sociais, na atenta vigilância em favor de todos os brasileiros.

Dentre esses temas, os que mais atraem o meu interesse, sem dúvida, são aqueles relacionados aos grupos sociais mais necessitados de apoio: os pobres, as crianças carentes, os idosos e os deficientes.

Nenhum brasileiro, hoje, deixa de perceber a pobreza que ainda pesa sobre o País e que precisa ser remediada com urgência.

Sou cidadão do Distrito Federal, onde estão presentes tantas pessoas que passam por todo tipo de dificuldades, e não posso deixar de ouvir seus apelos, principalmente considerando-se que sou um empresário que começou a vida de maneira muito humilde.

É minha intenção estudar as leis já existentes, as ações do Governo e da sociedade, voltadas para os mais carentes. Assim, terei condições de acrescentar algumas idéias e iniciativas que possam, em algum aspecto, contribuir para melhorar a vida dessas pessoas.

Nossa lei maior é correta e generosa no tratamento que dá aos idosos, aos deficientes e às crianças, mas no nosso dia-a-dia muita coisa precisa ser melhorada.

Sr. Presidente, existe muito a se fazer para melhorar as condições de vida de todos os brasileiros, não apenas no campo da pobreza e dos grupos mais carentes de apoio. Estão aí, para todo mundo ver, as enormes dificuldades nas questões relacionadas à segurança pública.

Os constantes movimentos pela paz que temos visto denunciam o quanto aumentou o índice de criminalidade não só em Brasília, mas em todo o País. Eu cito Brasília porque é onde tenho verificado cenas lamentáveis de jovens sendo assassinados por motivos banais ou morrendo no trânsito.

Um basta, Srªs e Srs. Senadores, é o que eu quero pedir aqui desta tribuna. Todos nós temos família, e ninguém estará livre dessa violência se providências não forem tomadas.

Acredito que, para resolver o problema, precisamos não só de policiamento, mas também de programas sociais educativos. Temos que fazer com que o jovem ganhe uma ocupação. Já está comprovado que eles são os que mais se envolvem em brigas que resultam em morte.

Mesmo grupos socialmente favorecidos precisam, às vezes, da atenção de quem faz as leis. Por exemplo, é grande o número de acidentes envolvendo jovens que estão no início de sua experiência de dirigir automóvel. Muitos deles morrem, outros ficam mutilados.

Acredito que seja necessário impor limites, por lei, a essa situação, a fim de poupar mortes e tragédias. Chega o fim de semana e a preocupação dos pais aumenta, devido aos acidentes de trânsito ou aos crimes.

Instituições e especialistas sociais apontam a desigualdade, o desemprego e a falta de estrutura no lar como sendo as principais causas da violência. E culpam também as drogas e a superpopulação.

Enquanto isso, a sociedade cobra políticas públicas eficientes voltadas para o jovem, como forma de reverter as estatísticas alarmantes de criminalidade e pobreza.

Como podemos verificar nos mais diversos setores da vida social, o Brasil aguarda a contribuição do Senado, e certamente será atendido nessa esperança. De minha parte, quero contribuir na construção de um futuro melhor para o nosso País.

Já vivi momentos de grande emoção e alegria em minha vida. Mas devo reconhecer que nunca me senti tão honrado como agora, por poder dar essa contribuição à modernização e ao crescimento do nosso País, calcados na lei e na justiça social.

O sentimento é de grande responsabilidade. Vou retribuir com honestidade e respeito a confiança de todos, prometendo dedicar-me dia e noite a esta nobre função. Quero ser, aqui dentro, mais um que trabalhará para mudar essa realidade, que faz tanta gente sofrer.

Não tenho a fórmula para um ajuste social que venha resolver a questão, a não ser a minha indignação, mas proponho uma grande cruzada contra tais desajustes, contra a morte prematura de tantos jovens e em favor de normas de convivência que dêem um basta a tantas desigualdades.

Estamos às portas do século XXI e o progresso da humanidade verificado em quase todos os setores não combina com injustiça social. Temos visto a sociedade se mobilizando, neste período de festas, para garantir um “Natal sem fome” às famílias pobres.

O meu sonho, para esse século que se inicia, é que essas famílias não mais precisem da caridade alheia para terem o mínimo necessário à sobrevivência. Mas que todas alcancem condições de proverem o seu sustento pelos próprios meios, com dignidade, que tenham mesa farta, acesso à saúde, à educação e à moradia.

O Sr. Bernardo Cabral (PFL - AM) - Permite-me V. Exª um aparte, nobre Senador Valmir Amaral?

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF) - Com o maior prazer, ouço o aparte do nobre Senador Bernardo Cabral.

O Sr. Bernardo Cabral (PFL - AM) - Senador Valmir Amaral, V. Exª fez bem em ocupar esta tribuna após o chamado período de maturação. O Parlamento é uma escola. Os que vêm com muita pressa acabam tropeçando pelo meio do caminho. Eu lhe venho observando. V. Exª é moço, tem uma carreira pela frente e tem sido um homem ponderado, o que demonstra o seu discurso, abordando a violência, a injustiça social, as crianças famintas. Hoje, temos 40 milhões de brasileiros que vivem abaixo da miséria, e a violência que existe não é, como se pensa, apenas fruto da falta de escola, da falta do que comer, da falta de educação; esses são componentes da violência. A violência tem as suas raízes fincadas naquilo a que V. Exª se referiu ainda a pouco: numa profunda injustiça social. A pior coisa para um Senador é ir à tribuna e não ter um Colega para aparteá-lo. Fica a idéia de que o discurso não é bom, ou que não estão ouvindo. Para mim, as duas coisas não existem. O seu discurso é bom, eu estou lhe ouvindo. Cumprimentos pela sua estréia na tribuna, e que eu lhe possa dar sempre ânimo para continuar nessa caminhada vitoriosa.

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF) - Senador Bernardo Cabral, fico muito honrado com o aparte de V. Exª, o qual acolho e incorporo ao meu discurso. Considero-o como um espelho para o meu trabalho aqui no Senado Federal.

Desde já agradeço a todos os nobres Senadores e Senadoras que compõem esta Casa pelos ensinamentos que certamente terei no decorrer desta missão.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/12/2000 - Página 25463