Pronunciamento de Eduardo Siqueira Campos em 13/02/2001
Discurso durante a 8ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Registro da intenção da Agência Japonesa de Cooperação - JICA, de implantar um corredor ecológico no cerrado brasileiro.
- Autor
- Eduardo Siqueira Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/TO)
- Nome completo: José Eduardo Siqueira Campos
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
- Registro da intenção da Agência Japonesa de Cooperação - JICA, de implantar um corredor ecológico no cerrado brasileiro.
- Publicação
- Publicação no DSF de 14/02/2001 - Página 672
- Assunto
- Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
- Indexação
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- REGISTRO, PRETENSÃO, AGENCIA, COOPERAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, JAPÃO, IMPLANTAÇÃO, AREA ECOLOGICA, ESTADO DE GOIAS (GO), ESTADO DO TOCANTINS (TO), ESTADO DO MARANHÃO (MA), ESTADO DA BAHIA (BA), OBJETIVO, INVESTIMENTO, PESQUISA, APROVEITAMENTO, BIODIVERSIDADE.
- COMENTARIO, IMPORTANCIA, NECESSIDADE, INCENTIVO, INFRAESTRUTURA, CERRADO, REFERENCIA, INVESTIMENTO, PRODUÇÃO, ALIMENTOS, BUSCA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PFL - TO) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, desejo registrar, Sr. Presidente, Srs. Senadores, a intenção do Japão, através de sua Agência Japonesa de Cooperação - JICA, de implantar mais um corredor ecológico no Cerrado Brasileiro - provavelmente no Vale do Paranã, no Estado de Goiás ou na região do Jalapão, abrangendo parte do Estado do Tocantins, do Maranhão e da Bahia.
O registro deve vir acompanhado por alguns comentários que desejo sejam considerados por esta Casa.
O primeiro deles refere-se à importância das regiões dos Cerrados para o Brasil, uma importância que vai muito além da que lhe é dada pelo país em termos de investimentos, considerando-se, de um modo especial, a necessidade de investir em pesquisa e em infra-estrutura, de modo a permitir, através da pesquisa, o máximo de produtividade aliado ao máximo de sustentabilidade e, através das condições de infra-estrutura, o escoamento da produção, integrando esta imensa região produtiva aos mercados de consumo internos e externos.
Desejo, apenas como lembrança oportuna, voltar a dizer que os Cerrados cobrem quase 2 milhões de Km², ou seja, quase ¼ do território nacional. Constituem também uma das maiores reservas de biodiversidade do Planeta somando, juntamente com a Amazônia, em torno de 50% de sua biodiversidade.
A ocupação dos Cerrados tem ocorrido de forma quase espontânea, à margem de políticas oficiais, exceção talvez ao extraordinário esforço de pesquisa da Embrapa, com bons resultados, porém resultados setoriais e locais onde sua atuação foi possível. Esta imensa região, apesar de algumas iniciativas, continua, como a Amazônia, sem uma rede adequada de transportes que lhe permita expandir sua produção, em níveis adequados à sua potencialidade.
No entanto, Sr. Presidente, se pensarmos em ocupar produtivamente 30% da área dos Cerrados, poderíamos produzir ali mais de cem milhões de toneladas de alimentos, mais do que o dobro da atual produção agrícola do País atualmente.
É necessário, em conseqüência, da mesma forma como para o imenso patrimônio da Amazônia, que os Governos Federal e Estaduais, em cooperação, formulem planos globais de desenvolvimento que contemplem seu aproveitamento máximo e sustentável.
Produtividade e sustentabilidade constituem, Sr. Presidente, eixos essenciais para ocupação urgente e necessária deste imenso Brasil, o que implica em um plano global de pesquisa, incluindo:
- áreas de preservação, como são os referidos corredores, como garantia de sobrevivência da fauna e da flora dos cerrados.
- áreas de ocupação e produção intensiva.
- áreas de manejo misto onde determinadas atividades passam ser promovidas através do desenvolvimento e aplicação de modelos de ocupação e de tecnologias apropriadas.
Para isto não faltará, pela dimensão planetária dos recursos da Amazônia e do Cerrado, a cooperação internacional no pressuposto de um plano concreto de desenvolvimento, que o país infelizmente não possui.
A existência deste plano seria, inclusive, a resposta brasileira às ameaças continuamente denunciadas à soberania do país, ameaças que se revelam dessa forma por falta de uma proposta brasileira de cooperação dirigida no sentido da produção sustentável de alimentos.
A cooperação oferecida pelo Japão, através da JICA, é apenas um programa de cooperação internacional, entre outros referentes aos Cerrados e à Amazônia. Mas como outras propostas, é apenas localizada e setorial. Serão US$ 250 mil da JICA como contrapartida a igual quantia que deverá ser investida pelo governo brasileiro.
É motivo de satisfação este registro. Mas, evidentemente, é pouco, muito pouco em relação à dimensão dos recursos, às potencialidades do Cerrado, sua preservação ou ocupação sustentada, em favor do Brasil e das necessidades do Planeta.
Era o que tinha a dizer.
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