Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO GOVERNADOR DE SÃO PAULO, SR. MARIO COVAS.

Autor
José Roberto Arruda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: José Roberto Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO GOVERNADOR DE SÃO PAULO, SR. MARIO COVAS.
Publicação
Publicação no DSF de 07/03/2001 - Página 2394
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MARIO COVAS, GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), EX SENADOR, ELOGIO, EMPENHO, CRIAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), VALORIZAÇÃO, DEMOCRACIA.

O SR. JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PSDB - DF. Como Líder. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje havia reservado meu tempo, nesta tribuna, para fazer reflexões sobre o momento político em que vivemos. Quis o destino que eu viesse a esta tribuna, como Líder do Governo, em meu nome pessoal, em nome dos colegas do PSDB e em nome do Partido do qual sou Vice-Presidente, para prestar uma primeira e simples homenagem ao grande brasileiro Mário Covas.

Hoje, a Nação brasileira chora a morte de Mário Covas - do Mário Covas Deputado, do Mário Covas cassado, do Mário Covas Prefeito, Senador e Governador, do Mário Covas candidato a Presidente em 1989, traduzindo as esperanças de toda uma geração de brasileiros, do Mário Covas líder da redemocratização do Brasil e líder da socialdemocracia, e do Mário Covas que recebe, no momento da sua morte, a maior homenagem que um homem público pode receber: a homenagem do povo. Talvez a história do Brasil tenha registrado poucos momentos como o de hoje: Getúlio Vargas, talvez, teve a homenagem das ruas; Tancredo Neves, certamente, as teve; Juscelino Kubitschek, em 1976; e Mário Covas.

A diferença única, Sr. Presidente, é que enquanto outros grandes homens do Brasil e do mundo são chorados pelo seu povo, porque culminaram suas vidas públicas com o mais alto posto que poderiam exercer - como ocorreu com De Gaulle, na França, com Churchill, na Inglaterra, com Roosevelt, nos Estados Unidos, e com Getúlio, Tancredo e Juscelino no Brasil -, Mário Covas chegou a esse mesmo patamar sem ter exercido a Presidência da República. Ele colocou o seu nome, de forma indelével, na galeria daqueles poucos homens que conseguem, com o seu trabalho, mudar a história de um país.

As lideranças políticas brasileiras de todos os partidos políticos estão prestando suas homenagens, por meio de palavras proferidas desta tribuna, de declarações à imprensa e de sua presença pessoal, ao grande brasileiro Mário Covas. No entanto, é a homenagem do povo, que está formando filas às portas do Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, neste instante, é a homenagem do povo, que sofre a dor da perda de um grande líder, que vai marcar este dia.

E o interessante, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é que no exato instante em que o Brasil fica mais pobre, porque perde um grande líder, parece que, paradoxalmente, também se engrandece: ele se engrandece na dor da perda, ele se engrandece porque, por intermédio do seu povo, entende a grandeza de um dos seus filhos.

Covas, nas últimas décadas, veio num crescendo de vida pública, mas, principalmente, num crescendo de sabedoria. E o mais interessante, Sr. Presidente, é que, quanto mais experiências acumulava e mais sabedoria possuía, mais simples ficava. Era simples até na maneira de se vestir. Lembro-me do último encontro que eu, o Ministro Pimenta da Veiga e o Governador Tasso Jereissati* tivemos com o Governador Covas, em São Paulo. Ele não usava gravata e ria muito de nós que estávamos de terno e gravata. Dizia: “Eu já posso dar-me ao luxo de estar desengravatado”. O Governador Mário Covas alinhou a essa simplicidade no vestir a simplicidade do ser e do pensar. Por mais complexo que fosse o problema que lhe apresentassem, as soluções eram sempre simples; mais do que isso: traduzidas de uma forma clara para o entendimento do cidadão comum.

O Governador Mário Covas veio nesse crescendo e é hoje, Sr. Presidente, no momento de sua morte... (Pausa.) Que esse silêncio seja a principal homenagem de todos nós ao Governador Mário Covas.

Confesso aos Srs. Senadores que me sinto impotente nesta tribuna. O Senador Bernardo Cabral juntamente com os apartes que recebeu, o Senador Jader Barbalho e todos os Srs. Senadores que me antecederam, por meio de depoimentos e testemunhos, mostraram ao Brasil a importância da figura política de Mário Covas. Mas eu me sinto impotente. E acho que todos nós nos sentimos impotentes ao ocuparmos a tribuna que foi de Mário Covas. Daqui, ele pensou grande, defendeu o Brasil, foi sempre construtivo, desafiou as suas convicções, enfrentou os desafios da vida pública com a mesma coragem e transparência que, como ser humano, enfrentou a doença, nos últimos meses de vida.

Falo em nome do Presidente Fernando Henrique Cardoso, que viaja para São Paulo dentro de poucos minutos, em nome da Liderança do Governo, em nome do meu Partido, o PSDB, mas principalmente em nome de toda a sociedade brasileira. Acredito que todos nós falaremos, como em poucos momentos de nossas vidas, em nome de nossa sociedade que, de forma unânime, presta as mais justas e mais sinceras homenagens ao grande brasileiro Mário Covas.

Termino, Sr. Presidente, confessando que, além da minha dificuldade de falar neste dia, tenho uma grande dúvida: não sei se a vida pública do País está mais pobre, porque falta Mário Covas, ou se o Brasil está com a sua grandeza realçada, porque entende no momento da dor a grandeza de um dos seus filhos, a grandeza de um dos seus líderes, porque a partir de agora, como nunca, deverá incorporar à sua herança política os exemplos da vida pública do grande brasileiro Mário Covas.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/03/2001 - Página 2394