Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO GOVERNADOR DE SÃO PAULO, SR. MARIO COVAS.

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO GOVERNADOR DE SÃO PAULO, SR. MARIO COVAS.
Publicação
Publicação no DSF de 07/03/2001 - Página 2406
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MARIO COVAS, GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, ATUAÇÃO, VIDA PUBLICA.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL- RN. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu não poderia deixar de trazer também a minha palavra a um cidadão que reputo referência nacional como administrador e homem público. Refiro-me evidentemente ao ex-Senador e Governador Mário Covas, com quem convivi durante quatro anos, quando éramos Senadores, no mandato anterior ao que exerço no presente.

Acompanhei o calvário de Mário Covas me perguntando: por que logo Mário Covas?

           A imprensa brasileira - os jornais e as revistas - mostra as mazelas nacionais e seus intérpretes e responsáveis. No Brasil, há bons e maus cidadãos. Os maus continuam vivendo, com saúde inteira, desfrutando as delícias da vida, muitas vezes, em decorrência de dinheiro malganho. E eu refletia: Mário Covas está vivendo um calvário. Logo ele, de quem o Brasil tanto precisa, um cidadão que é exemplo de vida há muito tempo.

           Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, lembro-me muito bem de Mário Covas Líder na Constituinte. Covas era um sujeito simples. Embora muitos o achassem turrão, de cara fechada, aborrecido, emburrado, Mário Covas era um homem simples, um cidadão que interpretava com muita fidelidade o sentimento do povo, do cidadão mais comum. Lembro-me bem de um episódio quando ele era Líder na Constituinte, caminhando pelos corredores, acompanhado por repórteres, flashes e câmeras de televisão. Eu ia ao seu lado. Ele respondia à pergunta de um repórter, conversava comigo, respondia a outra pergunta. Num dado momento, ele me disse: “Vou terminar me convencendo de que sou importante!” Eram os flashes em cima dele e a abertura do seu coração. Ele se sentia um cidadão comum, simples, mas era alvo de atenções. Ele era, naquele momento, o alvo do interesse nacional. Aquela manifestação era o próprio retrato da forma simples de ser de Mário Covas, homem que, como pai de família e como esposo foi exemplar - e aqui a minha solidariedade à Dona Lila e aos seus filhos -; um cidadão que, como político, não se moldou a situações pelas quais pudesse ter interesse pessoal. Movia-se pelo interesse público, pelo interesse nacional. Assim foi do começo até o fim. E foi um administrador público competente!

           Senador Bernardo Cabral, fui duas vezes governador e, no meu segundo governo, tive a missão árdua de recuperar as finanças de meu Estado. Joguei a minha popularidade para quase zero, porque tive que fazer coisas duras. Eu dizia uma frase que Mário Covas não disse, mas praticou o tempo todo: pelos próximos quatro anos, não vou pensar em mim mesmo hora nenhuma. Vou pensar o tempo todo no interesse do meu Estado e do meu povo. Rasguei as minhas próprias carnes. Mas consertei as finanças do meu Estado e, com isso, acabei recuperando a popularidade, que havia perdido por inteiro, ao final do primeiro ano do meu governo.

           O mesmo fez Mário Covas. Quando ele assumiu o governo, encontrou as finanças públicas falidas do ícone maior da Federação, que é o Estado de São Paulo - que era e é o exemplo maior do Brasil. E para recuperar as finanças públicas trabalhou sem soltar fogos de artifício, e, em quatro anos, esse cidadão recuperou as finanças públicas, tornando São Paulo, de novo, um Estado viável e orgulho nacional, razão pela qual o povo de São Paulo entendeu que ele era a melhor opção e o reelegeu governador.

           Mário Covas foi isso a vida toda. E ele nos deixa. Pergunto-me: por que Deus levou Mário Covas? Ele deve ter tido as suas razões, mas o exemplo de sua vida fica conosco, para que possamos imitar as suas virtudes e fazer aquilo que foi o seu sonho: construir um Brasil melhor.

           Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/03/2001 - Página 2406