Discurso durante a 12ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

INTERPELAÇÃO AO SR. MINISTRO DE ESTADO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, SR. CELSO LAFER.

Autor
Osmar Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • INTERPELAÇÃO AO SR. MINISTRO DE ESTADO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, SR. CELSO LAFER.
Publicação
Publicação no DSF de 14/03/2001 - Página 2899
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • INTERPELAÇÃO, CELSO LAFER, MINISTRO DE ESTADO, ITAMARATI (MRE), SOLICITAÇÃO, ESCLARECIMENTOS, SITUAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, CANADA, AUSENCIA, RETOMADA, IMPORTAÇÃO, CARNE, BRASIL, POSTERIORIDADE, SUSPENSÃO, EMBARGOS, POSIÇÃO, GOVERNO BRASILEIRO, RECONSTRUÇÃO, ESTRUTURAÇÃO, MERCADO INTERNACIONAL.

           O SR. OSMAR DIAS (PSDB - PR) - Sr. Presidente, Sr. Ministro Celso Lafer, o tempo é curto, portanto serei bastante objetivo.

           Sou autor de um requerimento que propõe a vinda do Ministro Pratini de Moraes, exatamente para que possamos tratar do assunto do embargo da carne brasileira pelo Canadá de forma mais específica. Há alguns Srs. Senadores que entendem que a manifestação de V. Exª foi tão clara, que poderíamos até aguardar outra oportunidade para ouvir S. Exª.

           Mas tenho em mãos, Sr. Ministro, uma notícia da Agência Estado, de hoje, que, em resumo, diz o seguinte: “Canadá não retomou importações. Apesar da suspensão do embargo, os canadenses não estão comprando carne brasileira, alegando questões burocráticas”.

           A minha primeira pergunta é se isso é verdadeiro, porque tal afirmação foi feita por uma funcionária, aliás, a Secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Lytha Spíndola. Ela disse: “Eles alegam questões burocráticas”. E, perguntada sobre se isso é um sinal de má vontade, respondeu: “Tudo indica que sim”.

Então, parece-me, Ministro Celso Lafer, que o problema ainda continua, embora de outra forma, porque o Canadá não está importando carne. E ficou, sim, um grande problema de imagem para o Brasil. A nossa imagem foi construída ao longo de uma história. O conceito internacional é o de que a nossa carne é praticamente orgânica, porque produzida a partir de capim. Não utilizamos aqui farinha de carne, nem farinha de ossos, no entanto fomos atacados por esse embargo, no sentido de desmoralizar o Brasil em todo o mercado internacional. Assim, a segunda pergunta é exatamente esta: o que está fazendo o Governo brasileiro para reconstruir a imagem do Brasil no mercado internacional?

Sr. Ministro, o próprio Ministro Marcus Vinícius Pratini de Moraes tem afirmado várias vezes, e eu já ouvi V. Exª afirmar também, que houve competência do Governo no trato da questão. Aliás, faço, agora, uma manifestação que deveria ter feito no início da minha intervenção: reconheço a competência que o Governo brasileiro teve - até o Presidente da República agiu pessoalmente - para que a suspensão do embargo do Canadá ocorresse em poucos dias. É preciso considerar, repito, que o Governo brasileiro foi muito competente neste evento.

No entanto, pergunto se há a perspectiva de o Brasil enfrentar, nos próximos anos, novos embates. Sabe-se que o Brasil representa, sim, uma ameaça aos países produtores e exportadores, já que está conquistando mercados - com a abertura da economia chinesa, conforme proclamado, a China se tornará um grande mercado consumidor. O Governo brasileiro está se preparando para isso? Falta estrutura técnica - refiro-me mais especificamente à área da sanidade animal e vegetal - como a que foi dizimada no Governo do Fernando Collor, quando da extinção da Emater nos Estados? O Governo brasileiro está pensando em reconstruir essa grande estrutura técnica para enfrentar os próximos embates?

De minha parte, Sr. Ministro, eu ficaria satisfeito com essas respostas, mesmo porque há a grande expectativa de não apenas recuperarmos o mercado, mas também de o ampliarmos em função dos problemas ocorridos na Inglaterra e na França. Evidentemente, só vamos ampliar mercados, se tratarmos essa questão da sanidade com muito carinho, com muito cuidado. Até faço uma solicitação ao Governo: se a resposta ainda for “não”, que ela seja modificada nos próximos dias, para que ele possa tomar suas iniciativas.

Propus, Ministro, a criação, nas Embaixadas, de um adido comercial, porque vários Senadores - não apenas eu - disseram que, muitas vezes, em suas viagens, observam que não há nas Embaixadas informações suficientes no que se refere ao mercado regional. E essas informações seriam muito importantes para que o Brasil ganhasse mais espaço no mercado internacional. Fiz essa proposta, até apresentei um projeto de lei, mas creio que o Executivo deveria tomar essa iniciativa. Pergunto também se há essa intenção por parte do Executivo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/03/2001 - Página 2899