Discurso durante a 17ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Celebração hoje, da primeira edição do Dia Mundial do Teatro para a Infância e a Juventude.

Autor
Tião Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Afonso Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • Celebração hoje, da primeira edição do Dia Mundial do Teatro para a Infância e a Juventude.
Publicação
Publicação no DSF de 21/03/2001 - Página 3637
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • REGISTRO, DIA INTERNACIONAL, TEATRO, INFANCIA, JUVENTUDE, OCORRENCIA, ATIVIDADE, COMEMORAÇÃO, FESTA, HOMENAGEM, AUTOR, DIRETOR, ATOR.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, celebra-se hoje a primeira edição do dia mundial do teatro para a infância e a juventude, acontecimento este, que ocorrerá em vários países como uma forma de demonstrar a importância das artes e das tradições culturais de cada país, especialmente da cultura teatral, na formação de crianças e adolescentes.

Desde suas origens mais remotas, e nas mais diferentes culturas, o teatro tem sido um poderoso instrumento de transmissão das tradições culturais, dos princípios e valores éticos e de conscientização social. Nos períodos obscuros da história da humanidade, em que as liberdades individuais e os direitos são tolhidos, o teatro adquire sua real dimensão como espaço de resistência, de luta, de transformação, de difusão de utopias humanistas e de ideais democráticos.

Em sua faceta dedicada ao público infanto-juvenil, o teatro tem sido um grande aliado de pais e professores, uma vez que, através do contato com os grandes textos clássicos da dramaturgia mundial e com os novos talentos da literatura teatral, estimula, com seus jogos e exercícios dramáticos, a inteligência, a criatividade, a imaginação e a saudável convivência em grupo de jovens e crianças.

            Com sua natureza onírica, com sua vocação política e poética, com sua força transformadora, o teatro oferece aos jovens um caminho para a realização de seus sonhos, para a superação de seus medos, e um profundo incentivo à auto-estima, à tolerância e ao convívio com as diferenças e diversidades de opinião. Porque o teatro é a representação de humanidades. Para representá-las, para fazê-las viver no palco é preciso conhecê-las, respeitá-las.

Assim, gostaria de unir-me a todas as pessoas que se reúnem hoje no mundo inteiro para celebrar essa primeira edição do dia mundial do teatro para a infância e juventude, cujo objetivo é convocar os criadores do teatro para crianças e jovens “a empenhar-se por conseguir os mais altos níveis de criação teatral”, buscando “promover a igualdade, a paz, a educação e a harmonia racial e cultural”.

No Brasil, o Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e a Juventude - CBTIJ, representante nacional da associação internacional de teatro para a infância e juventude - ASSITEJ, que reúne grande número de teatros e pessoas de 65 países, programou uma série de atividades para comemorar a data de hoje. entre elas, uma festa homenageando grandes nomes do teatro brasileiro, cuja vida é dedicada à construção e à elevação do teatro infanto-juvenil em nosso País. São eles:

Júlio Golveia (em memória) e Tatiana Belinky, criadores do Tesp, e pioneiros na produção e direção de espetáculos para crianças; Pernambuco de oliveira (em memória), autor do texto “a revolta dos brinquedos” (1948); Lúcia Coelho, diretora de teatro e criadora do grupo navegando; Lizette Negreiros, atriz paulista que muito fez pelo teatro para crianças, uma das criadoras da Apetij; Dilmar Messias, diretor de teatro em Porto Alegre, que muito dedicou ao teatro para crianças; Fátima Ortiz, diretora, e Enéas Lour, diretor de teatro, ambos com inúmeros espetáculos para crianças; Ilo Krugli, que criou o teatro do Ventoforte; teatro quintal, e Bia Bedran; os dez anos do grupos as Marias da Graça; Beatriz Pinto de Almeida (em memória) pioneira no trabalho com bonecos; o Festival de Teatro de Blumenau; e os 50 anos do teatro tablado e sua criadora Maria Clara Machado.

            Obviamente são muitos os criadores, os artistas, técnicos e pessoas dedicadas ao teatro infanto-juvenil que, embora não estejam contemplados na justa homenagem do CBTIJ, merecem todo o nosso respeito e admiração pela forma corajosa e obstinada com que defendem a arte teatral, a despeito das dificuldades e dos parcos recursos destinados às artes cênicas neste País.

Quero pois, registrar neste plenário, minha homenagem a todos artistas (inclusive a Adriana Dantas de Mariz, atriz brasiliense, que tenho a satisfação de ter como funcionária em meu gabinete e que foi uma das fontes de inspiração para esse meu pronunciamento), às pessoas que, com sua obstinação e com seus sonhos fazem do teatro um dos maiores bens culturais da humanidade.

Para concluir o meu pronunciamento, passo a palavra ao grande artista, ao mestre da língua portuguesa, Fernando Pessoa.

O poeta é um fingidor

            finge tão completamente

que chega a fingir que é dor

a dor que deveras sente.

e os que lêem o que escreve,

na dor lida sentem bem,

não as que ele teve,

mas só a que eles não têm.

e assim nas calhas de roda

gira, a entreter a razão,

esse comboio de corda

que se chama coração.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/03/2001 - Página 3637