Discurso durante a 14ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

SENTIMENTO DE PESAR E SOLIDARIEDADE PELO ACIDENTE OCORRIDO HOJE EM PLATAFORMA MARITIMA DA PETROBRAS, NA BACIA DE CAMPOS - RJ. (COMO LIDER)

Autor
Roberto Saturnino (PSB - Partido Socialista Brasileiro/RJ)
Nome completo: Roberto Saturnino Braga
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA. ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • SENTIMENTO DE PESAR E SOLIDARIEDADE PELO ACIDENTE OCORRIDO HOJE EM PLATAFORMA MARITIMA DA PETROBRAS, NA BACIA DE CAMPOS - RJ. (COMO LIDER)
Publicação
Publicação no DSF de 16/03/2001 - Página 3088
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA. ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • DEFESA, INSTALAÇÃO, SENADO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), APURAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL, LEGISLATIVO.
  • GRAVIDADE, DESASTRE, PLATAFORMA CONTINENTAL, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), MUNICIPIO, MACAE (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), MORTE, TRABALHADOR, MANIFESTAÇÃO, VOTO DE PESAR, SOLIDARIEDADE.
  • APREENSÃO, REPETIÇÃO, ACIDENTES, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), COMENTARIO, POSSIBILIDADE, CORRELAÇÃO, TERCEIRIZAÇÃO, SERVIÇO, EMPRESA ESTATAL, PROCESSO, GOVERNO, REDUÇÃO, RESPONSABILIDADE, ESTADO.

O SR. ROBERTO SATURNINO (PSB - RJ. Como Líder, pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu me havia inscrito hoje para falar sobre a apuração das denúncias que estão ganhando vulto muito grande no País, que estão tomando a atenção da população e, na verdade, prejudicando a imagem do Governo e do País. Eu ia justamente chamar a atenção das Lideranças do Governo na Casa para a necessidade imperiosa e urgente de instalarmos aqui uma comissão parlamentar de inquérito, de vez que a imagem de seriedade do País está sendo fundamente abalada. Penso que chegou o momento de se enfrentar esse problema sem temores. Acredito que esse seja também o sentimento do Governo: sem temores.

Sr. Presidente, não vou abordar esse assunto, porque tenho que respeitar o luto nacional de hoje. Ocorreu, no meu Estado, uma tragédia que deixou de luto a Petrobras e, por conseguinte, o Brasil. Uma plataforma de Macaé explodiu deixando centenas de mortos, desaparecidos e feridos. Foi realmente uma tragédia, um acidente de proporções trágicas, razão pela qual me sinto obrigado a expressar, em nome da população do Estado, o sentimento de pesar, de luto, de solidariedade à Petrobras, à empresa, a sua direção, sem dúvida nenhuma, aos trabalhadores, às famílias dos acidentados.

Sr. Presidente, não vou aproveitar o ensejo para criticar a direção atual, até porque ela é relativamente recente. Não tenho críticas mais profundas a fazer à gestão do Sr. Henri Philippe Reichstul, mas o fato é que todos os brasileiros estão apreensivos com a sucessão de acidentes que vêm ocorrendo na Petrobras, culminando com esse que, como disse, é de proporções trágicas.

Não se pode deixar de fazer uma ligação dessa sucessão de acidentes com a política do Governo de desmonte do Estado. Ainda ontem aqui, interpelando o Ministro da Agricultura, tive oportunidade de me referir a isso. Tal procedimento vem sendo adotado desde antes do Senhor Fernando Henrique, mas o fato é que Sua Excelência continuou essa política de desmonte do Estado, para produzir superávits primários para poder pagar a dívida e satisfazer o Fundo Monetário. É claro que nós não podemos deixar de fazer a ligação dessa sucessão de acidentes na Petrobras com a política de terceirização, que avançou demasiadamente na empresa.

Há cinco ou sete anos, a Petrobras produzia 700 mil barris e tinha 60 mil empregados. Hoje, produz 1,5 milhão de barris e tem 30 mil funcionários. Isso é aumento de produtividade? Muito bem! Mas será que o aumento de produtividade chega a essa proporção? A empresa dobra a produção e o número de funcionários cai pela metade? É evidente que não se pode explicar esse grande movimento pelo aumento de produtividade. Isso decorre de uma política de desmonte da estrutura interna da empresa para terceirizar serviços que, antes, eram prestados pelos próprios trabalhadores.

Os marítimos da Petrobras, por exemplo, estiveram em greve esta semana. Será que não houve nenhuma correlação da greve dos marítimos com o acidente na plataforma? Não sei. Não quero antecipar nenhum comentário. Não quero me precipitar e não quero, por conseguinte, fazer críticas que possam não ser acertadas, adequadas. Mas o fato é que há uma preocupação que é preciso manifestar, juntamente com o sentimento de solidariedade e de pesar, inclusive à própria direção da empresa, que, a meu juízo, não tem uma culpa e uma relação direta com esses acidentes.

Essa política precede a gestão do Sr. Reichstul e é de responsabilidade do Senhor Fernando Henrique Cardoso, do Sr. Pedro Malan, do Sr. Martus Tavares, os verdadeiros responsáveis pelo desmonte do Estado, que vem causando prejuízos enormes. Assim como causou ao Ministério da Agricultura, acredito que esteja causando à Petrobras, com essa sucessão de acidentes.

De qualquer forma, Sr. Presidente, manifesto nossa solidariedade, a mais completa, a mais humana, aos trabalhadores, aos acidentados e à própria direção da empresa, e à empresa como um todo, um emblema do Brasil, um orgulho de toda a Nação brasileira.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/03/2001 - Página 3088