Discurso durante a 32ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Recomendação da peça de teatro "SOS Brasil", escrita pelo empresário Antônio Ermírio de Moraes e encenada na última semana, nesta Capital, que traduz o cotidiano da gestão e atendimento hospitalares no País.

Autor
Tião Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Afonso Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Recomendação da peça de teatro "SOS Brasil", escrita pelo empresário Antônio Ermírio de Moraes e encenada na última semana, nesta Capital, que traduz o cotidiano da gestão e atendimento hospitalares no País.
Publicação
Publicação no DSF de 11/04/2001 - Página 5932
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • ELOGIO, APRESENTAÇÃO, PEÇA TEATRAL, AUTORIA, ANTONIO ERMIRIO DE MORAES, EMPRESARIO, ASSUNTO, SITUAÇÃO, HOSPITAL, BRASIL, DENUNCIA, DISCRIMINAÇÃO, DOENTE, BAIXA RENDA.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, agradeço a oportunidade que a Mesa me dá, neste final de sessão, para que possa manifestar-me sobre um assunto a respeito do qual tentei falar no início da semana.

Trata-se de uma homenagem a uma apresentação artística, no último final de semana, em Brasília, cujo tema julgo de importância enorme para o Brasil e para o setor de saúde. A peça intitulada SOS Brasil, de autoria do eminente Antônio Ermírio de Moraes, relata como é a vida em um hospital brasileiro nos dias atuais.

A experiência foi vivida, durante décadas, pelo próprio autor, quando geriu o Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Antônio Ermírio teve a sensibilidade de captar como é a vida de um doente humilde nas enfermarias, apartamentos, corredores e Unidades de Terapia Intensiva de um hospital. Com uma capacidade extraordinária, traduziu o sentimento do povo que sofre na rede hospitalar devido a um modelo de gestão injusto, discricionário, em que o princípio da eqüidade e da universalidade estão longe de existir.

Esta peça presta uma homenagem a centenas, a milhares de brasileiros que, todos os dias, padecem nos hospitais: os mais pobres. Há dificuldade de acesso a leitos hospitalares para milhões de pessoas no Estado de São Paulo. E, em outros grandes conglomerados urbanos, vemos mais uma multidão excluída do acesso ao hospital. Quando o paciente ingressa no hospital, ali vive um sentimento novo...

O SR. PRESIDENTE (Edison Lobão) - Senador Tião Viana, interrompo V. Exª para prorrogar a sessão por mais dez minutos, para que V. Exª possa concluir nos próximos cinco minutos e nos cinco restantes atender o Senador Antonio Carlos Magalhães, em explicação pessoal.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC) - Agradeço a V. Exª.

O que se encontra é um sentimento profundo de solidariedade a essa parte da população brasileira que vive nos hospitais e experimenta as mais diversas sensações: dor, esperança, solidariedade e alegria. Conhecer o dia-a-dia de um doente internado em enfermaria, a relação entre médico, paciente, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, equipe de diagnóstico de apoio e de unidade de terapia intensiva é algo extraordinário. E essa peça de teatro traduz esses sentimentos, mostrando momentos de riso, alegria, e até ironia à presença do político influenciando nos corredores dos hospitais, como se fosse A escolha de Sofia, escolhendo quem vai morrer ou não; e o médico na sua extraordinária vontade, junto à equipe de enfermagem, de exercer o seu papel profissional, o exercício de salvar vidas.

Penso que o Brasil e todas suas autoridades deveriam ter a oportunidade de presenciar essa peça de teatro, tentando entender o sentimento do pobre em relação à exclusão de seu direito de continuar vivo em um hospital brasileiro. É um modelo de gestão ainda autoritário, em que as intervenções, as metas estão estabelecidas na grande imprensa, estão presentes nos grande debates, mas não chegam ao indivíduo, porque não auscutam o sentimento de um pobre cidadão brasileiro que se encontra em uma enfermaria, necessitando de cuidados de natureza ética e profissional verdadeiros.

A peça mostra, de forma clara, o que é um hospital de uma grande cidade, onde até o tráfico de entorpecentes ocorre e funcionários com ele se envolvem; o drama dos profissionais que lutam para salvar vidas, mas encontram barreiras institucionais, seja pela presença de um movimento de reivindicação, seja pelo modelo seletivo de tratamento existente, lamentavelmente discricionário, levando em conta o que o paciente tem e não o que ele é.

Um personagem, interpretado por uma atriz, expressa muito bem o sentimento de uma pessoa vinda do interior do Nordeste brasileiro, vítima de diabetes infantil - doença que pode ser controlada, assegurando-se qualidade de vida para seu portador -, e que passa a ser vítima de um modelo discricionário, que visa ao lucro e não à dignidade humana, terminando cega e vítima de insuficiência renal, tendo assim a sua vida abreviada em decorrência de um modelo de saúde perverso aqui estabelecido.

Recomendo a toda autoridade brasileira que conheça a dura realidade do hospital brasileiro, apresentado pelo ensaio do Dr. Antônio Ermírio de Moraes, peça que me comoveu como médico e como representante público do País.

Era essa a homenagem que queria prestar ao cidadão brasileiro pobre, que vive nos corredores e enfermarias dos hospitais. Pouca gente consegue traduzir o que se passa com esses indivíduos, nesses locais. Muito obrigado.

 

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Sr. Presidente, peço a palavra para uma explicação pessoal.

O SR. PRESIDENTE (Edison Lobão) - Concedo a palavra a V. Exª por cinco minutos.

O SR ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras e Srs Senadores, serei breve. Agradeço a V. Exª.

Estava ausente deste plenário, quando o Líder do PMDB, Colega do Presidente Jader Barbalho, Senador Renan Calheiros, tratou de assuntos que supõe ligados a mim, alguns já inteiramente esclarecidos. A sua mente de infamar, caluniar, trouxe-o ao plenário, dizendo que havia encaminhado o assunto à Drª Anadyr de Mendonça Rodrigues. É ótimo que ele encaminhe, porque ele, hoje, foi condenado por ter atacado levianamente o Governador Mário Covas há dois ou três dias. A Justiça o condenou a pagar R$30 mil. Deveria ter sido muito mais, porém essas penas, infelizmente, não têm a proporção do crime praticado pela pessoa.

Quero dizer ao Dr. Renan que, além do Zuleido que tanto o embaraçou, quando o citei, empreiteiro, hoje, da Gaudamo e, antigamente, da OAS, figura, portanto, nessa época e agora, ligada ao Dr. Renan Calheiros, S. Exª ainda tem a ligação com a Construtora Uchôa em Alagoas. Se tudo continuar com está, essa construtora fará grandes obras no DNER, mas, no momento, se limita ao município de Murici, dirigido pelo Dr. Renan Calheiros, onde os escândalos em Alagoas chegam ao insuportável. É preciso que essa gente que assim procede não queira se nivelar aos homens de bem deste País. Sua tradição é longa e vem de muito tempo. Muitos apoiaram Collor ou o deixaram, mas nunca se misturaram com os dinheiros do Collor e do PC. Não sei o Dr. Renan Calheiros poderá dizer o mesmo.

Quero dizer, nesse instante, que não é com a calúnia, com a infâmia ou com as ameaças que me calarão; ao contrário, cada vez que falam nesses assuntos que não me dizem respeito fico mais estimulado a apontar os desonestos. Quando se fala em desonestos alguns desta máfia tremem, pois ficam esperando que algumas coisas saiam. Sairão, aguardem Sr. Presidente e Senadores, pois virei a esta tribuna brevemente para tratar dessas figuras que realmente não têm autoridade moral para liderar e muito menos para atacar.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/04/2001 - Página 5932