O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr^as e Srs. Senadores, interessante como as coisas acontecem na nossa vida. Hoje, ocupo a tribuna do Senado para comemorar um fato que vai acontecer dentro de alguns dias no meu Estado, o Mato Grosso do Sul. Eu meditava como, às vezes, é bom sonhar. Mesmo que o sonho demore a se concretizar, quando ele se concretiza, temos que falar como poeta, dizendo que vale a pena sonhar, lutar, viver, batalhar pelas coisas que são boas, pelas coisas que se traduzem em benefício da sociedade e, conseqüentemente, da nossa Pátria.

Sr. Presidente, Sr^as e Srs. Senadores, quando eu era estudante no Rio de Janeiro, e lá se vão mais de 45 anos, um grupo de estudantes se reunia e tinha seus sonhos. Lutava-se por sonhos imediatistas, como a construção de uma casa de estudantes, que era de interesse de todos nós, para abrigar estudantes pobres, que, naquela época, representava um número grande; lutava-se por uma sede própria, por passes livres. Mas lutava-se também por causas que já antevíamos, naquela época, como importantes, estrategicamente, para o desenvolvimento do hoje Mato Grosso do Sul - à época, falávamos Mato Grosso, porque o Estado ainda não estava dividido. Lutávamos, por exemplo, e para isso fazíamos manifestos e reivindicações públicas, em suma, as mais diversas formas de manifestação democrática, para que fosse construída a estrada dentro do território do então Estado de Mato Grosso, a BR-262, que nascia em Vitória, no Espírito Santo, e morria nas barrancas do rio Paraná, no Estado de São Paulo, e quando chegávamos no meu então Mato Grosso, hoje Mato Grosso do Sul, não víamos nada. Então, lutava-se pela pavimentação asfáltica, pela complementação da BR-262, cujo sonho veio a se tornar realidade pouco tempo atrás.

A vida pública vale a pena e se justifica por esses feitos. Aquilo que reivindicávamos quando estudantes no Rio de Janeiro, junto com outros companheiros, sobre a pavimentação da BR-262, de Três Lagoas até Corumbá, completando assim o ciclo que começava em Vitória, no Espírito Santo, e iria até Corumbá, para atingir a Bolívia, hoje é o caminho para o oceano Pacífico.

Tive a honra, Sr. Presidente, Sr^as e Srs. Senadores, de ser o construtor, como Governador, em 1987, de quase 100 quilômetros dessa estrada, fazendo o trecho inteiramente asfaltado de Miranda a Corumbá, da BR-262.

Naquela ocasião, também lutávamos pela construção de uma ponte sobre o rio Paraguai, porque a travessia ainda hoje é feita sobre balsa, dificultando o tráfego. Quando se chega nas barrancas do rio Paraguai, coloca-se o carro em uma balsa e aí se faz o transporte para atingir uma das cidades mais ricas de Mato Grosso do Sul, que é a cidade de Corumbá.

Sonhávamos, então, com a construção de uma ponte sobre o rio Paraguai, e eis que o destino fez com que, como Senador da República, eu tivesse a chance, como tive, de aqui no Senado da República lutar para a concretização da realização dessa ponte sobre o rio Paraguai, que é uma das maiores obras de engenharia deste País.

Vamos, com a presença do Presidente da República, inaugurá-la no próximo dia 25 de abril, na cidade de Corumbá, cuja população, ansiosamente, espera pela visita do Presidente da República e pelo apito, que dará o sinal para que os primeiros carros possam trafegar sem a balsa, sobre a ponte do rio Paraguai, sobre 1.890 metros de extensão de ponte, chegando a Corumbá, a Porto Soares e, portanto, à Bolívia e tendo, a partir da Bolívia, a saída das nossas mercadorias, a saída do potencial agrícola e mineral de Mato Grosso do Sul e do Brasil até os países do oceano Pacífico.

Esse é um passo gigantesco em direção ao progresso e ao desenvolvimento, e é por isso que ocupo esta tribuna hoje, Sr. Presidente e Srs. Senadores, para dizer que Mato Grosso do Sul está realmente caminhando, graças à ação do Governo Federal, a passos largos, para atingir o seu objetivo de ser um Estado que vai solucionar os grandes problemas brasileiros.

Nosso Estado possui terras férteis, terras propícias para a agricultura. Nosso Estado, sempre propalamos isso com orgulho - e o Senado tem ouvido isso de mim e de outros Srs. Senadores - possui o maior rebanho bovino do nosso País. Corumbá, cidade que estará em festa no dia 25 deste mês para a inauguração da ponte sobre o rio Paraguai, possui um solo rico em minério de ferro. Esperamos que a termelétrica, que, em breve, será construída ali, proporcione os meios indispensáveis para o desenvolvimento do maior pólo siderúrgico do nosso querido Brasil.

Por isso, venho a esta tribuna falar sobre esse projeto que hoje se transforma em realidade. Nessa nossa região - volto a afirmar -, está localizada uma das maiores províncias minerais do País, um significativo parque industrial, com produção de cimento, calcário e alimentos. Já falei do rebanho bovino do meu Estado, mas acrescento que, se o Mato Grosso do Sul tem o maior rebanho bovino do País, é a cidade de Corumbá, situada no Estado, que possui o maior rebanho.

A geração de energia elétrica, por meio do gás natural proveniente do gasoduto Bolívia-Brasil, ampliará, sem dúvida alguma, a oportunidade de investimentos. Esse projeto também é produto de um sonho, mais do que secular - o aproveitamento do gás boliviano -, concretizado agora durante a gestão administrativa do Presidente Fernando Henrique.

Tudo isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, facilitará, com toda certeza, a chegada de turistas para conhecer e visitar outra riqueza de Mato Grosso do Sul, uma riqueza da natureza, uma dádiva do céu: o pantanal mato-grossense, que possui dois terços de seu território localizado no Estado de Mato Grosso do Sul. Isso, sem dúvida, trará como conseqüência o incremento do ecoturismo como opção de desenvolvimento sustentável.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, volto ao tema da ponte sobre o rio Paraguai. Como Senador da República, tive o privilégio de dar a minha colaboração, quando votamos, no período de convocação extraordinária, esse projeto, cujo relatório foi elaborado a quatro mãos - quem o assinou foi o eminente Senador Jonas Pinheiro, do Estado de Mato Grosso do Sul -, autorizando a União a contratar empréstimos com o Fonplata, organismo internacional responsável por 80% dos recursos para a construção dessa importante via de acesso a Mato Grosso do Sul e a todo o Brasil.

Naquela ocasião, portanto, tive a oportunidade de participar de um sonho de juventude que se concretiza agora, na metade dos anos de minha vida. Como é que eu poderia imaginar, quando estudante, que, primeiramente, eu fosse construir 100 quilômetros da BR-262 e que, em segundo lugar, como Senador da República, eu fosse dar a minha colaboração, demonstrando para esta Casa a importância da autorização do empréstimo, para o qual então a União buscava autorização do Senado da República? Jamais eu poderia sonhar com aquilo. Mas sonhamos com a obra que se está concretizando, que está em processo de acabamento, recebendo os últimos retoques, o colorido com que estará revestida para homenagear as autoridades e a população de Mato Grosso do Sul, em especial a de Corumbá. Esse acontecimento é de transcendental importância.

Quero estar lá, agradecido ao povo sul-mato-grossense. Estarei lá, impulsionado pelo povo sul-mato-grossense, para que os homens públicos daquele Estado continuem sua trajetória de lutar pelo desenvolvimento do Mato Grosso do Sul, na certeza de que o progresso chegará lá. E chegará lá não apenas para melhorar a qualidade de vida da população do nosso Estado, mas, sobretudo, para dar a sua contribuição, sempre dispensada ao progresso deste País, que pode ter de tudo, mas que chegará a um porto seguro, ao seu destino de uma pátria cada vez mais feliz, cada vez mais igual. Isso é que é importante.

Aqui, desta tribuna, sempre defendi o desenvolvimento do nosso País, sempre afirmei que esse desenvolvimento passa pelo interior, recrudescendo dentro de mim essa convicção com a inauguração de obras como a que vamos inaugurar no dia 25, no Estado de Mato Grosso do Sul: a ponte sobre o rio Paraguai.

Sem dúvida, essa construção aumentará o transporte internacional entre o Brasil e a Bolívia; consolidará a BR-262, que liga Vitória a Corumbá, como corredor de exportação; influenciará o acesso direto ao Brasil da agricultura boliviana e da sua produção de minérios e petróleo, que até então era escoada, pelo sul, para a Argentina e, a oeste, para o Chile; ampliará o ingresso da produção nacional em território boliviano nas áreas de comércio, indústria e serviços; e, sobretudo, facilitará a ligação biooceânica entre o Atlântico e o Pacífico.

Por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna para comemorar a inauguração dessa obra, que tem 1.890 metros de extensão. Esse é o tamanho da ponte sobre o rio Paraguai, que - volto a repetir - é uma das maiores obras do gênero hoje no País e também uma das maiores obras de infra-estrutura em andamento no meu Estado. Para se ter uma idéia, o vão central, por onde poderão navegar os navios, tem 125 metros, e o ponto mais alto da ponte, aproximadamente 30 metros. O valor total da obra foi orçado em R$22.976.762,00. O Fonplata é responsável por 80% desse valor: quase R$18,5 milhões. E o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem entra com quase R$5 milhões, possibilitando, assim, a construção dessa estrada, que chega em um momento importante, de fortalecimento das Américas.

Abreviarei o meu discurso, dizendo que grandes figuras lutaram pelo sonho de uma só América. Simón Bolívar talvez tenha sido a maior expressão dessa luta. Mas, aqui no Brasil, existiu Juscelino Kubitscheck, apenas para lembrar essa figura extraordinária, com sua operação pan-americana. Mais recentemente, houve o Mercosul, iniciado no Governo do Presidente Sarney. Hoje, o Presidente Fernando Henrique Cardoso empunha essa bandeira com destemor e com muito amor, na compreensão de que a economia cada vez mais regionalizada tornará a América e parte deste continente cada vez mais forte.

Penso no Mercosul como um só mercado, penso na ampliação do nosso mercado interno. Devemos nos fortalecer para navegar nestes tempos de globalização cada vez mais acirrada.

Outro dia - lembro bem -, o Canadá queria colocar vaca louca em nosso pasto, e isso o destino reverteu, sem dúvida alguma, a favor do Brasil. Volta e meia, ressurgem na mídia certos batuques de algumas organizações não-governamentais contra a navegabilidade dos rios Tocantins/Araguaia e Paraná/Paraguai, secularmente navegados, a pretexto de se proteger o meio ambiente. Na verdade, às vezes, essas organizações não-governamentais estão a proteger os produtos americanos da competição dos nossos produtos agrícolas, entre os quais se destaca a soja.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tudo isso acontece - volto a repetir - sem agressão ao nosso meio ambiente, numa demonstração de que o desenvolvimento auto-sustentado e racional é realmente a melhor solução para os nossos problemas.

Fico feliz, portanto, e informo que o Estado de Mato Grosso do Sul está à espera da visita do Presidente Fernando Henrique Cardoso para, junto conosco e com a sociedade sul-mato-grossense, cortar a fita de inauguração dessa ponte, concretizando mais um sonho do Estado em direção ao seu grandioso progresso e desenvolvimento.

Muito obrigado.