Discurso durante a 35ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

REPUDIO AS CRITICAS FEITAS NO SENADO AO PMDB, SUSTENTANDO QUE A AGREMIAÇÃO CAMINHARA UNIDA PARA SUPERAR UMA POSSIVEL CRISE SUSCITADA PELO APOIO DE PARLAMENTARES DA LEGENDA A CPI DA CORRUPÇÃO. REGISTRO DE SUA ASSINATURA AO REQUERIMENTO DE CRIAÇÃO DA CPI DA CORRUPÇÃO.

Autor
Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Casildo João Maldaner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • REPUDIO AS CRITICAS FEITAS NO SENADO AO PMDB, SUSTENTANDO QUE A AGREMIAÇÃO CAMINHARA UNIDA PARA SUPERAR UMA POSSIVEL CRISE SUSCITADA PELO APOIO DE PARLAMENTARES DA LEGENDA A CPI DA CORRUPÇÃO. REGISTRO DE SUA ASSINATURA AO REQUERIMENTO DE CRIAÇÃO DA CPI DA CORRUPÇÃO.
Publicação
Publicação no DSF de 18/04/2001 - Página 6177
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • MANIFESTAÇÃO, REPUDIO, CRITICA, OFENSA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), MOTIVO, APOIO, CONGRESSISTA, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CORRUPÇÃO.
  • DEFESA, NECESSIDADE, APURAÇÃO, CORRUPÇÃO, BRASIL.
  • REGISTRO, ASSINATURA, ORADOR, REQUERIMENTO, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CORRUPÇÃO.

O SR. CASILDO MALDANER (PMDB - SC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente e nobres colegas, para muitos a Semana Santa já passou, foi na semana passada. Confesso, porém, que para mim ela não passou. Eu até diria que continuo no Horto das Oliveiras, tal é a apreensão, tal é a preocupação, tal é o estado em que, nos últimos dez, quinze dias nos encontramos.

Peço perdão ao meu Líder, Renan Calheiros, porque acho que ele sentiu, durante a semana passada, o estado em que eu me encontrava. Peço perdão ao Senador Ramez Tebet, aos meus colegas, mas para mim eu ainda me encontro no Horto das Oliveiras. Digo isso porque na última semana alguém foi à tribuna e comparou o nosso partido, o PMDB, à Sudam ou a coisa semelhante - aqui, neste plenário.

Confesso, Senador Iris Rezende, que todos esses acontecimentos vêm se acumulando em meu pensamento. Comparar o PMDB a isso ou àquilo, o PMDB de tantas lutas, de trinta e poucos anos... Eu, como presidente de uma secção do partido neste País, isto é, o PMDB de Santa Catarina, senti-me agredido. Senti-me de certo modo ofendido, porque faço parte dessa instituição.

Numa igreja, seja ela romana ou outra qualquer, um bispo ou um pastor pode não seguir os ensinamentos da corporação, mas nem por isso toda a instituição será condenada.

Quando eu me deparo com esse quadro, quando ouço essas comparações, lembro-me de que, em Santa Catarina, todo mundo sabe a quem se dirige a referência quando se fala na mala preta. Se falar no partido da mala preta, todo mundo sabe a quem estamos nos referindo, principalmente em épocas eleitorais.

Passei a Semana Santa refletindo sobre esses fatos. Vim do meu Estado esta noite, após ter ouvido de pessoas, nas ruas, menções ao meu passado político. Mencionaram o fato de eu estar na vida pública há muito tempo, de haver começado com vinte anos, indo à Câmara dos Vereadores a cavalo; lembraram que comecei a luta forjada e perguntaram se eu não permitiria que se levantasse o tapete neste Brasil.

Fiquei me lembrando dos conselhos do meu velho amigo Pedro Simon, que tem sido meu conselheiro e já o foi quando fui candidato a Vice-Governador, em 1986, em Santa Catarina. Tenho dito que Pedro Simon tem sido para mim o que o apóstolo Pedro foi para Cristo - Cristo disse uma vez a Pedro: “Tu és pedra e sobre esta pedra hei de edificar minha igreja”. Tenho ouvido Pedro dizendo que não há saída para o nosso partido a não ser levantarmos o tapete e darmos uma olhada por baixo, a não ser cortarmos a própria carne, se for preciso.

O partido já deu exemplos ao Brasil. Já cortamos a própria carne em várias oportunidades. Mas, para passarmos a limpo nossa história, como diz Pedro Simon, não há outra saída para o PMDB a não ser concordarmos com as investigações. Vamos dar uma olhada em tudo isso que se passa no Brasil.

A campanha das mãos limpas: não seria essa a saída? Será que não é por aí? Será que não temos que sair deste Horto das Oliveiras? Será que não temos que partir para essa luta e dizer que é melhor até para o Presidente da República? Será que não é bom para Sua Excelência?

Se impedirmos isso - e no meu Estado estão dizendo que estou a impedir -, estaremos perdendo uma grande oportunidade. Ninguém pergunta para os meus adversários políticos por que não ajudam ou impedem ou coisa que o valha. Todos pedem para o Casildo. “Você não vai ajudá-los a dar uma olhada? Você não permite isso? Você é da mesma classe? Você é do mesmo jeito? Será que você fugiu da tua linha, Casildo? O que está acontecendo com você?” É o que ouço das pessoas que me encontram na igreja, na rua, em qualquer lugar. Acusam-me: “Você nunca foi assim, Casildo.”

Enfrentando uma situação como essa, deita-se e não se dorme. Refletimos, Senador Ramez Tebet, ficamos pensando no que fazer. Já disse ao Presidente Jader na semana passada e hoje, novamente, disse-lhe num telefonema: “Jader, licencie-se do partido. Faça isso, Jader. Cuide da instituição para a qual foi eleito pela maioria do Senado. Vamos fazer com que se olhe por tudo isso. Passe ao Maguito. O Maguito é Vice-Presidente.”

Em setembro, teremos convenção nacional do PMDB. O nosso partido terá convenção estadual agora em todos os Estados, no dia 20 de maio. Vamos conferir isso. Em setembro, vamos ter eleição nacional para escolha da direção que pregue a linha de Pedro Simon para termos candidato próprio à Presidência da República. Já lançamos Pedro Simon em Santa Catarina.

Já encerro, Sr. Presidente, mas tinha que fazer essa comunicação.

Será que estamos ainda no Horto das Oliveiras? Temos sido esbofeteados desde a semana passada. Esbofeteados durante a Semana Santa. Continua a Semana Santa para nós. Vamos sair disso ou não? Sempre tenho dito: o nosso partido já passou por vários momentos, Presidente Jader Barbalho. Passamos por várias vicissitudes na vida política de 30 e poucos anos. Já temos mais que a idade de Cristo. Caímos, mas levantamos.

Vivo dizendo que, embora a Semana Santa tenha passado, acredito na ressurreição, nem que seja depois do terceiro dia.

Com essa manifestação - perdoe-me o presidente do meu partido -, peço que assuma o Senador Maguito. Esse é o apelo que faço ao presidente do meu partido.

Perdoe-me, Jader, mas temos que passar o Brasil a limpo. Que isso seja bom para o Presidente da República, que seja bom também para o PFL, que seja bom para a Nação brasileira, que seja bom para os políticos, para que sejamos, na verdade, aquilo que a própria palavra diz: homens públicos. O homem público tem que ser um livro aberto.

Caso não façamos isso, pesará sobre o Presidente da República o estigma de que impedimos que se olhasse o que se passa neste Governo, no todo deste País, inclusive no que diz respeito a Sua Excelência. Se não encontrarmos nada, será muito melhor! Estaremos dando uma certidão negativa e Sua Excelência passará para a História.

Penso que essa é a grande saída, Senador Jader Barbalho! Esta é a grande saída, nobres colegas!

Quero dizer que não poderia ficar com isso na garganta, algo que já me aflige há quinze dias. Não poderia guardar em meu peito esse sofrimento. Imagino como é o Horto das Oliveiras! Imagino pelo que passa o nosso partido! Perdoe-me meu Líder, perdoem-me meus colegas, mas não podemos mais agüentar isso.

Fui intimado neste final de semana, por meio da imprensa, pelo líder das oposições, Senador José Eduardo Dutra. S. Exª disse: vou procurar o Senador Casildo!

Apresento-me. Se ainda houver lugar, subscreverei, a fim de passarmos isso a limpo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/04/2001 - Página 6177