O SR. ARLINDO PORTO (PTB - MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, por volta das 15h, recebi um telefonema no gabinete. Do gabinete da Presidência, vinha um alerta de que o Presidente iria dar uma informação importante. De pronto, como tradicionalmente faço, desloquei-me para o plenário e digo que fiquei surpreso, Sr. Presidente. Imaginava que aqui chegaria para ouvir do Sr. Presidente proposta de uma agenda positiva, proposta de algo que pudesse engrandecer o Senado, proposta de uma ação para que todos nós, os 81 Senadores desta Casa, aqui estivéssemos para definir a ação daquilo que deveríamos fazer.

Entendo que nós - se não todos, a grande maioria - não fomos eleitos apenas para apurar denúncias, para apurar irregularidades. A nossa missão é outra, além de fiscalizar; é legislar e representar o nosso Estado. Porém, Sr. Presidente, com tristeza, ouço do Sr. Presidente da Casa apenas mais uma informação: a apuração de mais irregularidades, o que, talvez, não tivesse que ter sido dito com tanta veemência como disse S. Exª. S. Exª não apenas nos comunicou, mas quase veio anunciar, com um sabor de vitória, algo que estava sendo disputado ao longo do tempo .

Registro isso com muita lamentação, e digo isso com muita sinceridade e franqueza. Estamos aqui representando os nossos Estados. Esta Casa sempre primou pelo respeito do cidadão e dos nossos eleitores, e não é o que estamos vivenciando neste momento, Sr. Presidente.

Quero registrar e lamentar que uma informação que deveria ser reservada em um primeiro momento vai para a imprensa antes que os Srs. Senadores dela tomem conhecimento. Onde está a seriedade de todos nós que aqui estamos? Onde está a responsabilidade da Mesa desta Casa? O que estamos aguardando? A próxima notícia ruim que será colocada? Será que não estamos apequenando o nosso Senado? Será que esta Casa não está diminuindo a sua tradição? Vamos, sim, apurar, Sr. Presidente, mas não vamos parar esta Casa, porque, dessa forma, estaremos parando o Brasil.

O meu registro é de lamento e, especialmente, de decepção, por estar aqui assistindo a mais um episódio que macula a imagem da Casa. Jamais fui eleito com essa missão. Represento, como os Senadores José Alencar e Francelino Pereira, o meu Estado de Minas Gerais. Tenho um compromisso com 17 milhões de mineiros, tenho um compromisso com um milhão e quinhentos mil eleitores que depositaram o seu voto de confiança no meu nome, e não gostariam que ficássemos até o final do mandato, por mais quase dois anos, apenas trabalhando em cima desse episódio.

Vamos refletir, Sr. Presidente! Vamos chamar todos para que, com a consciência cívica que temos, encontremos um caminho com o qual possamos apurar e punir os culpados, mas também fazer uma agenda positiva que nos coloque na nossa missão de fiscalizar, legislar e representar bem os nossos Estados.

Muito obrigado, Sr. Presidente.