Discurso durante a 47ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

CRITICAS AO GOVERNO DO ESTADO DE GOIAS PELAS DENUNCIAS VEICULADAS EM JORNAIS RECENTEMENTE SOBRE REPRESENTANTES DO ESTADO NO CONGRESSO NACIONAL.

Autor
Iris Rezende (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Iris Rezende Machado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE GOIAS (GO), GOVERNO ESTADUAL.:
  • CRITICAS AO GOVERNO DO ESTADO DE GOIAS PELAS DENUNCIAS VEICULADAS EM JORNAIS RECENTEMENTE SOBRE REPRESENTANTES DO ESTADO NO CONGRESSO NACIONAL.
Aparteantes
Mauro Miranda.
Publicação
Publicação no DSF de 08/05/2001 - Página 8282
Assunto
Outros > ESTADO DE GOIAS (GO), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, APURAÇÃO, PUNIÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, POLITICA.
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, DENUNCIA, AUTORIA, GOVERNO ESTADUAL, CORRUPÇÃO, DIFAMAÇÃO, SENADOR, ESTADO DE GOIAS (GO), DEFESA, ORADOR, INJUSTIÇA, CALUNIA, CONGRESSISTA.

O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho acompanhando, com o maior interesse possível, todos os debates que têm tomado conta do Senado Federal, do Congresso Nacional, das instituições políticas nos últimos tempos. Tem sido esta Casa palco das atenções nacionais. Até quem nunca se ateve à política tem discutido questões tratadas no Senado Federal.

E, nesta hora, observamos que vai se criando, junto à população brasileira, o que é muito natural, um sentimento de repúdio à classe política, pois a cada momento surge a idéia de que o mundo político é o mundo da corrupção, do desmando, da irresponsabilidade de pessoas que utilizam funções públicas para se locupletarem, para satisfazerem os seus interesses. E isso, Sr. Presidente, coloca numa situação desconfortável todos aqueles que militam na política.

Tenho convivido com os Srs. Senadores há seis anos e posso afirmar, como tenho feito, como fiz no final desta semana num programa de televisão na capital do meu Estado, que o Senado é constituído de pessoas amadurecidas, sensatas, equilibradas, patriotas, que não deixarão sem posição uma questão sequer que exija a manifestação desta Casa. Não me adiantei, não tenho me adiantado e não me adiantarei sobre minha posição pessoal, mas tenho a convicção absoluta de que o Senado fará justiça.

Mas, Sr. Presidente, não basta simplesmente discutir a questão que hoje despertou as atenções do nosso País, não basta simplesmente discutir a violação do painel, ou este ou aquele processo que caminha aqui, que corre ali numa Comissão Parlamentar de Inquérito ou junto a uma instituição policial. Estou certo de que a Nação precisa encarar a corrupção num sentido muito mais abrangente, mais profundo, porque, como as coisas vão, caminhando como elas caminham, as pessoas que praticam a política sendo alvo da preocupação e até da dúvida do povo, amanhã, as pessoas de bem não vão querer - e hoje já muitas não querem - integrar o mundo político-administrativo deste País. Tenho sentido que a Administração Pública vai-se transformando num mundo de covardia. Ninguém quer decidir, ninguém tem coragem de decidir, justamente para evitar críticas aqui e ali, ou processos aqui e acolá.

Sr. Presidente, nesses 42 anos de vivência política, dos quais dez anos fiquei afastado cassado pela ditadura, tenho acompanhado diferentes épocas e posso dizer: o mar de lama em que vive hoje a Administração Pública do País, tanto nas Prefeituras, nas Câmaras Municipais, nas Assembléias, nos Governos Estaduais, no Congresso Nacional e mesmo no Governo Federal, isso é fruto principalmente dos anos de ditadura vividos por este País. No século passado, vivemos quase quarenta anos sob o arbítrio. Todos sabemos que em um regime ditatorial a imprensa não tem liberdade de crítica e de denúncia. Ai daqueles que ousassem denunciar ações de militares que, em posições administrativas, abusavam da coisa pública! Antes que as notícias fossem publicadas eram retiradas. A sociedade não tomava conhecimento de nada. Assim, começou a prosperar a corrupção.

Hoje, lamentavelmente, a corrupção está generalizada. A cada instante, nos Municípios, há denúncias de Vereadores, mas as autoridades estaduais não tomam conhecimento. As Câmaras, Sr. Presidente, são dominadas por ações escusas feitas pelos Prefeitos; nos Estados as denúncias são constantes nas Assembléias. Muitas das Assembléias Estaduais, por este País afora, muitas delas, a maioria, a maioria de seus integrantes, estão comprometidas com o Chefe do Executivo e não sabemos como têm sido conquistados esses apoios. Muitas denúncias surgem pelo interior, e a imprensa local nem sempre é capaz de publicá-las, porque estão jungidas ao poderio financeiro dos Estados. Se criticar o Governo, a imprensa não terá participação nas dotações orçamentárias destinadas ao custeio da mídia. Dificilmente um órgão de imprensa, seja televisão, rádio ou jornal, sobrevive no interior sem recursos oficiais.

Sr. Presidente, tenho que me manisfetar aqui porque conheço o Presidente da República e privo do convívio de Sua Excelência. Sei que o Presidente da República é um homem movido pelo sentimento de pátria; é um homem correto; é um homem que pensa muito no futuro deste País. Está preocupado com tudo: com a educação, com a saúde, com as obras públicas essenciais.

Mas, nessa altura dos acontecimentos, o Excelentíssimo Senhor Presidente da República precisa acelerar ainda mais a ação do Governo na apuração de todos os fatos denunciados. Não que todas essas denúncias tenham fundo de verdade!

Sou um homem amadurecido na vida pública e sei que grande parte dessas denúncias são levianas, mas, a continuarem denúncias e mais denúncias, sem uma apuração imediata, amanhã, as pessoas de bem terão dificuldades de militar na política.

O Senhor Presidente da República criou recentemente a Corregedoria, deu à sua titular a categoria de Ministra de Estado. O Senhor Presidente tem determinado à Polícia Federal a apuração de todas as denúncias; Sua Excelência cria um órgão aqui, extingue outro acolá, preocupado com a corrupção. Mas até quando vamos conviver nesse ambiente de angústia, de dúvida, por que passa a nossa população?

Sr. Presidente, vivemos um momento interessante. Lembro-me, ainda jovem, da minha família dona de um frigorífico. Quando aquela empresa baixava o preço do produto que vendia, vinham as empresas mais fortes, as poderosas e soltavam na rua o boato de que o frigorífico Vera Cruz, estava prestes a falir. No dia seguinte, era aquele corre-corre. Até que, depois de 2 ou 3 meses, pagando em dia todo o gado que comprava, pagando em dia tudo aquilo que adquiria para movimentar a indústria, voltava ao normal. Isso quantas vezes aconteceu. Durante mais de 20 anos, minha família, meu pai e meus irmãos, que tocavam aquela empresa, de vez em quando eram vítimas disso.

Isso acontece no comércio, na indústria, na cátedra, no Parlamento, mas acontece muito mais na política. Precisamos, na verdade, sob a coordenação do Presidente da República, assumir uma posição rápida, veemente, forte e passar este País a limpo de ponta a ponta, porque, no Brasil, na política, temos os picaretas que fazem o papel do ladrão de bolsa que toma a bolsa da madame que passa pela rua, sai correndo e, para confundir os transeuntes, sai gritando “pega o ladrão”, como se o ladrão estivesse à frente, de forma a ficar ele próprio esquecido.

Temos muitos políticos neste País, Sr. Presidente, a proceder assim. Desonestos, picaretas reconhecidos, iludem o povo nas eleições com promessas mirabolantes e, ao vencerem as eleições, deixam para lá.

Sr. Presidente, na minha vida pública - já disse isso aqui en passant -, o que tenho de mais sagrado é o conceito que adquiri de homem correto, de político honesto, ao longo dos meus 40 anos de vida pública. Presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Presidente da Assembléia, Prefeito de Goiânia, Governador por duas vezes, Ministro por duas ocasiões, fui, muitas vezes, vítima da infâmia, da calúnia, da maldade, do espírito satânico de muitos adversários. Mas fui atravessando, nesta caminhada, e nunca foram capazes de justificar um ato que me desabonasse.

Da infâmia, da calúnia, político algum se vê livre. Nenhum. Não conheço um político que não tenha sido um dia caluniado, mas o tempo mostra o que ele é.

Sr. Presidente, administrei o meu Estado por duas vezes e fui Ministro, também, por duas vezes. Num Ministério, fiquei por quatro anos e alguns meses e no outro, por quase um ano. O símbolo da minha administração, todas as vezes, era a Bíblia, que conservava sobre a minha mesa de despacho.

Toda pessoa que sentava à minha frente, no meu gabinete, no Governo e nos Ministérios, entre mim e ele, colocava-se a Bíblia, justamente para que a pessoa sentisse o ambiente, o espírito que reinava ali.

Acredito que, por isso, nunca, na minha vida pública, fui alvo de uma proposta que pudesse considerar indecorosa.

Perdi as eleições passadas em Goiás para Governador. Eu não pensava em perder. Ninguém imaginava que eu perdesse. Quando fui aprovado na convenção do meu partido, as primeiras pesquisas nacionais mostravam-me com mais de 70%. Fui assim até quinze dias antes das eleições. Durante toda a campanha, não proferi uma palavra que pudesse escandalizar quem quer que seja. Não houve um fato, uma denúncia sobre a minha vida que pudesse modificar o pensamento do povo, porque não eram capazes de fazê-los! Perdi e, propositadamente, fiquei um ano sem falar. Mesmo nesta Casa, fiquei em silêncio para que a emoção não me dominasse em qualquer avaliação que viesse a fazer.

Tenho tido um comportamento com o titular do Governo Estadual que talvez S. Exª não tenha entendido. Eu, com a minha vivência, com os meus anos de política, com o meu comprometimento com meu Estado, sempre procurei me conduzir de forma que nada pudesse atrapalhar a vida do meu povo.

Mas, Sr. Presidente, sabendo como ganharam, porque ganharam, a primeira coisa que fizeram foi desmoralizar-me. Quando surgiu aquela questão entre advogados e a Caixego, negociações, acordos, imputando à campanha do PMDB gastos de recursos daquele acordo da ordem de R$5 milhões, vim a esta tribuna, sob a honra do meu mandato de Senador, e disse: “O meu Partido, a minha campanha, nem familiares meus temos nada com isso”. Passado algum tempo, os cinco milhões apareceram depositados em juízo por um dos advogados, para que a Justiça definisse de quem era o dinheiro, se dos funcionários autárquicos ou se dos advogados autores daquela demanda.

Muito bem! Nessa época, Sr. Presidente, lamentavelmente, a cobertura da imprensa foi muito restrita. Mas, pelo menos, as pessoas que acompanharam mais de perto chegaram à conclusão daquilo.

Sr. Presidente, ora aqui, ora ali, o Governador do meu Estado, não correspondendo à minha altivez, não correspondendo à sua responsabilidade de Governador, vem difamando o PMDB. Não menciona nomes para não ser levado às barras da Justiça, fala generalizadamente e, se alguém for responder, diz: “Botou a carapuça na cabeça?”. É esse o argumento.

No dia de ontem, o Senador Roberto Saturnino, na cidade de Pirenopólis, participava de uma reunião de seu Partido, o PSB, na esfera do Estado de Goiás, e ali compareceu o Governador goiano. Foi feita uma matéria por um repórter da Agência Estado - e é por isso que estou aqui, porque foi escrito por uma agência séria, responsável, que não ia inventar -, em que havia a fotografia aumentada do Governador. A pessoa do Senador Roberto Saturnino foi apenas pretexto de matéria, mas o que interessava era a figura do Governador.

A matéria diz:

O Senador tentou evitar comentários sobre a crise política que envolve a violação do painel durante o encontro de militantes do PSB, mas o assunto acabou dominando os discursos. O Governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, disse no encontro que essa ‘catarse’ precisa continuar no Senado, nos Governos Estaduais e na República. Ele aproveitou a oportunidade para alfinetar adversários do PMDB: ‘no Senado existem mais Senadores corruptos. Aqui de Goiás inclusive.

Sr. Presidente, li isso pela manhã, vim imediatamente para o Senado. Esperei que abrisse o Senado; fui à Secretaria da Mesa; fiz a minha inscrição; e esperei pacientemente, até agora, para dizer ao Senado e ao Governador que não aceito insinuações dessa natureza. Não! Se há uma coisa que preservo é a minha dignidade e a minha honra de político honesto. Ele vem insinuando demais.

Sr. Presidente, eu nunca quis - V. Exª já observou -, trazer para o Senado questões de província, porque acho ridículo. No entanto, entendo que nenhum Senador tem o direito de deixar esta Casa em dúvida quanto à honra e à dignidade de cada um. Não! Cada Senador tem o dever de explicar qualquer denúncia a respeito da sua pessoa. Entendo que muitas delas são infames, mentirosas e maldosas, mas o Senador tem o dever de explicá-las. Eu poderia dizer aqui: Não, ele falou que em Goiás tem - não falou o nome de ninguém -, justamente para isso.

Sr. Presidente, não vesti a carapuça. Porém, tenho dignidade e sei da responsabilidade que pesa sobre os meus ombros, representando o meu Estado e o meu povo, que, há mais de quarenta anos, me tem dado votos. E tenho - posso dizer aqui sem medo de errar - dignificado e honrado os votos e os mandatos que o povo de Goiás me tem concedido.

De antemão, peço permissão para voltar à tribuna. Até hoje, nunca fiz uma observação sequer sobre o Governo de Goiás, do Governador, nenhuma - os Anais não registram -, justamente pela minha condição de concorrente dele nas eleições passadas. Mas prometo, Sr. Presidente, vir aqui - e peço a compreensão da Casa - para mostrar as circunstâncias em que perdi a eleição e o rumo que tem sido dado à coisa pública no meu Estado.

Sr. Presidente, eu disse aqui que há muitos políticos picaretas, neste País, que saem denunciando corrupção para tirar uma de honesto e se apresentar ao povo como o arauto da honestidade. O Sr. Governador não tem autoridade moral para criticar ninguém, muito menos a mim ou aos Senadores Mauro Miranda e Maguito Vilela. Conheço Mauro Miranda; conheço Maguito Vilela; respondo pela conduta deles - embora ausentes nesta Casa -, mas porque os conheço bem.

É claro que ninguém nunca governou, na face da terra, sem que alguém dos seus auxiliares diretos, indiretos, detentores ou não de cargos de confiança não tenha abusado. Mas deve-se medir a qualidade do Chefe de Estado, do Chefe de Governo pelas providências que toma quando denúncias são feitas. E posso dizer, Sr. Presidente, em dois Governos, ninguém é capaz de apontar um fato delituoso ocorrido em meu Governo em que eu não tivesse tomado providências severas.

E quando digo, Sr. Presidente, que o atual Governador não tem autoridade moral para criticar-me, até que ele responda ao processo que desapareceu. O Procurador-Geral da República precisa dar uma resposta acerca de um processo encaminhado à Procuradoria-Geral da República, em que um prefeito do meu Estado denuncia a exigência e o respectivo pagamento de 20% de uma verba federal que ele conseguiu para aquele município e, segundo consta, para outros dezenove municípios, que receberam essas verbas, tenham sido obrigados a isso.

Deputado Federal que coloca verba no Orçamento e depois vai exigir do prefeito percentual ou que a obra seja dada a uma firma que ele indicar não tem autoridade moral para criticar ninguém, não. Sr. Presidente, Deputado que muda de Partido, recebendo vinte verbas para distribuir a vinte municípios e exige dos prefeitos colaboração também não tem moral para criticar ninguém.

Sr. Presidente, voltarei aqui para dizer o que eu nunca disse da empresa 0900, servindo de testa-de-ferro para receber doações de campanha, doações milionárias, bilionárias, que quando buscava o Ministério Público autorização para a quebra do sigilo bancário de tal empresa, de propriedade de um auxiliar do Governador, essa gente ficou doida e não deixou que a Justiça abrisse. Sr. Presidente, quando, na Assembléia, Deputados criticam contratos milionários com empresas do Rio de Janeiro... Tem tanta coisa...

Não aceitei e não aceito as insinuações do Governador. Goiás tem três Senadores do PMDB, responsáveis, honestos, cumpridores de seus deveres. Não fazemos política com esse aparecimento fácil em mídia, não fazemos política apresentando um projeto hoje para esquecê-lo amanhã; temos procurado votar com responsabilidade e assim faremos até o último dia do nosso mandato. Não aceitamos, devolvemos ao Governador essas insinuações. Que S. Exª mude de comportamento, para que seja digno do nosso respeito. Assim, não!

O Sr. Mauro Miranda (PMDB - GO) - Concede-me V. Exª um aparte?

O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Concedo o aparte a V. Exª.

O Sr. Mauro Miranda (PMDB - GO) - Senador Iris Rezende, acompanhei o discurso de V. Exª pelo rádio e antecipei meu retorno a esta Casa. Quero trazer o nosso abraço, meu e do Senador Maguito Vilela, até com o agradecimento pela palavra de vanguarda que V. Exª traz, hoje, a esta Casa, colocando os “pingos nos is” no que se refere à administração do Governador titular do Governo de Goiás hoje. Infelizmente, Senador Iris Rezende, V. Exª, que tem um grande passado, que é nosso amigo, que é um homem respeitado pelo Brasil todo pelo tanto que fez por Goiás, pelo crescimento econômico que estabeleceu naquele Estado, pelas estradas construídas, pelos ginásios de esporte, pelas faculdades, pela busca de empresas para melhorar o crescimento econômico, para dar mais empregos a Goiás, V. Exª vem sendo tratado não como adversário político - ganhar ou perder as eleições é uma coisa normal -, mas como um inimigo político, porque assim vem sendo tratado pelo Governador que está lá hoje. Senador Iris, fique tranqüilo. A ira, a santa ira de V. Exª, hoje, é uma coisa que extravasou. O povo goiano é sabedor do que acabei de dizer, tanto que o abandona. Já começaram as manifestações de vaia em todos os lugares em que o Governador aparece pelo Estado de Goiás. S. Exª ataca os estudantes dizendo que são uns “drogados”, palavra indigna para um Governador. Esse Governador não merece a nossa resposta. É triste falar isso, porque talvez tenha uma dimensão nacional, que, às vezes, tem que ser considerada. Mas V. Exª, Senador Iris Rezende, tem uma história tão forte a favor dos mais humildes, das casas populares, dos mutirões das moradias, desse mutirão imenso de serviços prestados a Goiás... Elevar o Estado de Goiás do 21º lugar no conceito dos Estados brasileiros para o 7º lugar na posição nacional de desenvolvimento econômico não é para qualquer um. Fique tranqüilo, Senador Iris Rezende: o Estado de Goiás e o povo goiano perceberam o grande equívoco que fizeram votando nesse Governador, que não estava preparado. S. Exª não ataca somente V. Exª, não! Briga com os Governadores vizinhos: brigou com o Governador Zeca do PT, indispôs-se com o Governador Joaquim Roriz, brigou, há pouco tempo, com Mário Covas, Governador do Estado dele, por disputas econômicas, ao invés de dialogar. É um Governador pequeno, Senador Iris Rezende. Fique tranqüilo: o povo goiano reconhece V. Exª como o grande líder daquele Estado. O Senado Federal conhece V. Exª. Quando Ministro de Estado, V. Exª obteve uma supersafra, que encheu de alegria muitos brasileiros. Fique tranqüilo, nós estamos tranqüilos. Deixemos de lado um Governador que não tem coragem de mostrar à população sua casa na cidade de Pirenópolis. Um jovem que se dizia pobre, filho do dono de um pequeno bar, não tem coragem de mostrar a mansão que construiu, a única moradia que construiu em Goiás, sendo que prometeu 245 mil casas em sua campanha política. É isso, Senador Iris Rezende. Creio que o melhor a fazer é continuarmos lutando junto ao Governo Federal para o crescimento e o desenvolvimento de Goiás, levando recursos, auxiliando na duplicação de estradas, melhorando a qualidade de saúde. Devemos fazer como V. Exª, que criou a Ride, para proteger o entorno de Brasília. Com esse programa, conseguimos trazer carros para melhorar a segurança no entorno. É esse tipo de trabalho que temos de continuar realizando. Devemos lutar junto ao Governo Federal para assegurar o direito que Goiás tem de possuir a sua indústria, como V. Exª muito bem colocou há poucos dias, defendendo o programa criado por V. Exª: o Fomentar. A sua história é muito forte e conta com a credibilidade de Goiás e desta Casa. Fique tranqüilo, Senador Iris Rezende, que o povo goiano dará a resposta necessária a esse Governador que foi um equívoco para o Estado e que não cumpriu as promessas de campanha. É com esse dizer que levo um abraço fraterno a V. Exª nesta hora, da santa ira. É necessário falar. Em política, não podemos deixar de falar, de contar as mazelas do adversário, para que o povo tome consciência de um novo caminho traçado para Goiás. O ano de 2002 está muito perto para, se Deus quiser, darmos a grande virada e para V. Exª ser considerado e consagrado, cada vez mais, o grande líder de Goiás, que fez muito pelo nosso Estado e por sua gente.

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) - Senador Iris Rezende, quero dizer a V. Exª que, devido à importância do assunto que V. Exª traz a esta Casa, pelo passado que conhecemos de V. Exª, a Presidência foi tolerante e concedeu 16 minutos além do tempo regimental. Por haver dois oradores inscritos, V. Exª ainda dispõe de um minuto para encerrar.

O SR. IRIS REZENDE (PMDB - GO) - Muito obrigado, Sr. Presidente. Compreendi o gesto de V. Exª e agradeço a consideração. Agradeço, também, o aparte do nosso colega Senador Mauro Miranda.

Eu apenas gostaria de esclarecer que o meu pronunciamento de hoje não foi para avaliar a administração do atual Governador de Goiás; eu voltarei a esta tribuna para fazer uma avaliação do seu Governo. Eu pedi a compreensão da Casa, e sei que vou contar com ela, para que ninguém entenda que nós estamos transformando o Senado Federal numa continuidade das questões da nossa província. Mas eu me sinto na obrigação de, posteriormente, com dados, com tempo, fazer essa avaliação.

Vim trazido pela revolta da irresponsabilidade de uma insinuação do Governador, que, sem mencionar nomes ou fatos, procura colocar em dúvida a dignidade dos três Senadores de Goiás. Como se fôssemos deixar! Seria como aceitarmos a carapuça. Não podemos aceitar molecagem, irresponsabilidade, de quem quer que seja, muito menos de quem se intitula Governador de um Estado!

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/05/2001 - Página 8282