O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, castigat ridendo mores é o princípio fabular de Esopo. E é nesse sentido que trago ao conhecimento do Plenário do Senado uma sugestão que me foi dada ontem pela Srª Isolina Oliveira, moradora do bairro do Xaxim, em Curitiba. Dona Isolina me ligou estupefata e insultada com a notícia da ação do Governo Federal para comprar Parlamentares com verbas e favores, no sentido de retirarem as suas assinaturas do requerimento da CPI da Corrupção. E Dona Isolina me sugeriu que organizássemos um movimento popular intitulado: “FHC, devolva os nossos Parlamentares”. Dona Isolina pretende que utilizemos o serviço telefônico 0800 para que a população faça doações de R$5, R$10 ou R$15 para a constituição do fundo de recompra de Parlamentares, e os curadores desse fundo, que seriam os principais subscritores da CPI, procurariam os Parlamentares logo que anunciassem a retirada da assinatura e proporiam a eles: “Nós lhes daremos tudo o que o Fernando Henrique oferece e mais 10%”. É como pensa uma senhora simples do povo diante da mercantilização do Congresso Nacional.

            Aproveito ainda o prazo de cinco minutos para me referir a um fato ocorrido ontem. O Líder do Governo pediu e o Presidente do Senado acedeu em suprimir a sessão do Congresso Nacional que homenagearia o Senador Mário Covas. Acredito que o Regimento Interno e o Código de Ética possam enquadrar essa medida como quebra de decoro parlamentar. Decoro é compostura, dignidade, exação no cumprimento do dever. A família do Senador Mário Covas e seus amigos estavam aqui. Compraram passagens a prestação para comparecer à cerimônia de homenagem. E o que agrava mais o pedido do Governo e a cessão da Mesa do Senado Federal é a inutilidade absoluta do ato, porque em sessão especial não há expediente, como me informava há poucos minutos o Senador Bernardo Cabral. Logo, o requerimento da CPI não poderia ser lido. Resta a agressão, o mau comportamento, o desvio de conduta do Governo e a subordinação do Senado Federal a essa exigência absurda.

Requeiro à Mesa que envie esse trecho de meu pronunciamento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado Federal, para que examine sob o ângulo do decoro parlamentar essa infração que agrediu a família e humilhou o conjunto dos Senadores subscritores do pedido. É absolutamente inacreditável que D. Lila Covas e seus familiares estivessem aqui e que a sessão, sem que eles tivessem notícia, por pedido do Líder do Governo, tivesse sido suspensa. Já que estamos tratando tanto de quebra de decoro, examinemos, à luz do Regimento Interno e do Código de Ética, mais esse episódio.

Muito obrigado.