O SR. PAULO HARTUNG (Bloco/PPS - ES. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, solicitei a inserção em Ata de voto de profundo pelo falecimento do Sr. Ítalo Batan Régis, que aconteceu no último dia 27, domingo, em Vitória, em decorrência de complicações renais ocorridas após duas cirurgias na vesícula.

Batan tinha 70 anos e, seguramente, foi a maior liderança comunitária que o Estado do Espírito Santo produziu nos últimos 30 anos. Não quero chamá-lo de líder comunitário, mas de um verdadeiro animador das organizações comunitárias. Foi um dos fundadores do movimento popular em Vitória e o primeiro presidente do centro comunitário da Ilha de Santa Maria e Monte Belo. Vitória tem uma grande tradição em organização da vida comunitária, tendo começado com as associações de melhorias para os bairros.

Lembro-me do seu trabalho porque o meu falecido pai tinha comércio muito próximo dessa região e eu, ainda menino, acompanhei esse trabalho comunitário que se iniciava, que dava os primeiros passos.

Foi fundador do Conselho Popular de Vitória (CPV). A cidade de Vitória, além de ter organização em todos os bairros, tem uma entidade centralizadora das organizações chamada Conselho Popular de Vitória, do qual Batan, atualmente, era o presidente de honra.

Foi ele um dos idealizadores de um trabalho que também o Partido dos Trabalhadores desenvolve em administrações municipais, aquilo que chamamos de “orçamento participativo”, que foi muito fortalecido na cidade de Vitória durante a minha administração. A cidade, inclusive, chama a lei que institui o orçamento participativo de “Lei Batan”.

Respeitado e muito querido na cidade de Vitória, chegou a ser indicado candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pelo atual Prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas, mas abriu mão da vaga tendo em vista a disputa partidária existente na época, que chegou a ganhar dimensão nacional.

Batan deixou mulher, D. Olga - minha amiga -, dois filhos, Ricardo e Carla, e um neto, Ricardo.

Registro, portanto, Sr. Presidente, nesta Casa, a perda irreparável para todos nós, capixabas, de Ítalo Batan Régis, exemplo de vida e dedicação desinteressada a causas comunitárias e públicas, ao fortalecimento da cidadania e da democracia.

Mesmo diante de dificuldades físicas - Batan era portador de deficiência visual -, jamais fraquejou na luta, nas missões que lhe foram delegadas, ao contrário, delas sempre se desincumbiu com energia, com galhardia, com força e competência, sendo um nome que, por seu estofo moral, ficará indelevelmente marcado na história da cidade de Vitória, na história do Espírito Santo e na história da luta popular no nosso País, de muitos e muitos brasileiros anônimos pelo direito à moradia, ao saneamento, à água, à luz, ao transporte.

Quero, Sr. Presidente, registrar a minha já grande saudade por essa grande figura da vida comunitária, da vida pública do meu Estado. Estou certo de que seu exemplo servirá a muitos brasileiros nessa luta dura que travamos para transformar este País, ainda de muita exclusão, em um país dos brasileiros.

Faço este registro emocionado e até sofrido, lembrando também o sofrimento do povo de Vitória e do Espírito Santo, que teve a oportunidade de conhecê-lo.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.