Discurso durante a 63ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

PREOCUPAÇÃO DE S.EXA. COM A GREVE DO MAGISTERIO NO ESTADO DE SERGIPE.

Autor
Maria do Carmo Alves (PFL - Partido da Frente Liberal/SE)
Nome completo: Maria do Carmo do Nascimento Alves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • PREOCUPAÇÃO DE S.EXA. COM A GREVE DO MAGISTERIO NO ESTADO DE SERGIPE.
Publicação
Publicação no DSF de 01/06/2001 - Página 10915
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • APREENSÃO, GREVE, PROFESSOR, ESTADO DE SERGIPE (SE), REIVINDICAÇÃO, MELHORIA, SALARIO, PLANO DE CARREIRA, DENUNCIA, AUTORITARISMO, GOVERNO ESTADUAL, NEGOCIAÇÃO.

A SRª MARIA DO CARMO ALVES (PFL - SE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, mais uma vez a realidade sergipana me obriga a usar a palavra neste plenário. Já aqui defendi a Sudene, já dissertei sobre a transposição do São Francisco, já contei várias mazelas da realidade nordestina. Hoje, o que me motiva é a greve do magistério estadual, que já contabiliza quinze dias.

Os docentes sergipanos, maciçamente paralisados, encontram-se em uma situação desesperadora, talvez hoje pior do que há duas semanas, quanto iniciou-se o movimento. No início da greve, os professores pediam o que é justo, um salário digno, respeitando os patamares mínimos nacionais, mas lembrando que aquele que educa os nossos filhos deve ser valorizado e admirado, um plano de carreira já prometido desde 1996, e ainda não enviado à Assembléia Legislativa para análise e futura implantação e o retorno do desconto da contribuição sindical. Apesar de todas estas reivindicações, há quinze dias, os professores tinham a esperança de serem respeitados, tinham, talvez a ilusão, que por serem responsáveis pelo futuro de nosso Estado encontrariam no Governo Estadual uma postura amistosa e colaborativa. Talvez hoje já não tenham mais essa esperança...

Vejam, Srªs e Srs. Senadores, já faz meio mês que 315 mil alunos estão sem aulas, modificando a rotina de mais de um milhão de pessoas. E, pensam os senhores que isso sensibilizou o Governador Albano Franco e o Secretário da Educação, Sr. Nilson Socorro ? Nada disso. Após mais de 5 horas de debates e reuniões na terça-feira última, o máximo que o magistério colheu foram ameaças, ameaças de uma relação autoritária, onde o Governo manda, faz o quer, envia o Plano de Carreira que deseja sem em nada democratizar e dividir suas decisões.

Falta de bom senso, atitudes errôneas, assim pode-se classificar a postura do poder executivo. Quem diz isso, Srªs e Srs. Senadores, não sou eu, Senadora do PFL, é o próprio Líder do PSDB em Sergipe, Deputado Estadual Jorge Araújo que classificou a atitude do Governo como equívoco. Imagine, Sr. Presidente, que a contribuição sindical continua suspensa... O que pensa o Sr. Albano Franco, que ao tirar o direito de organização democraticamente conseguido por uma categoria irá desmobilizá-la ?

Sabem o que restou aos professores do magistério estadual de meu Estado... Segundo o próprio Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica da Rede Oficial do Estado de Sergipe, Professor Iran, foi mostrar sua miséria por meio do que de mais enfática caracteriza a miséria humana : a fome. Sim, até isto, para tentar, novamente sensibilizar o Governo a respeito de sua dura realidade, vinte e dois professores ficaram de jejum de 48 horas na última semana.

Por fim, Srªs e Srs. Senadores, desejo, espero e tenho a esperança que, ao menos a pressão popular seja suficiente para apontar o caminho correto ao Governo sergipano, fazendo com que se criem as condições favoráveis ao diálogo e ao entendimento. Espero, breve, ter a notícia que a educação voltou a ser valorizada em Sergipe e no Brasil e que esta tão importante categoria esteja, novamente, em ação, passando para nossos filhos conceitos de democracia, cidadania e amor a essa indispensável missão que é educar.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/06/2001 - Página 10915