Discurso durante a 66ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

LEITURA DO ARTIGO "UTOPIA URBANA", DE AUTORIA DO JORNALISTA MARCELO BERABA, DIRETOR DA SUCURSAL DA FOLHA DE S.PAULO, NO RIO DE JANEIRO, EM 25 DE MAIO ULTIMO.

Autor
Eduardo Siqueira Campos (PFL - Partido da Frente Liberal/TO)
Nome completo: José Eduardo Siqueira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • LEITURA DO ARTIGO "UTOPIA URBANA", DE AUTORIA DO JORNALISTA MARCELO BERABA, DIRETOR DA SUCURSAL DA FOLHA DE S.PAULO, NO RIO DE JANEIRO, EM 25 DE MAIO ULTIMO.
Publicação
Publicação no DSF de 06/06/2001 - Página 12262
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AUTOR, MARCELO BERABA, JORNALISTA, QUESTIONAMENTO, FUTURO, MUNICIPIO, PALMAS (TO), ESTADO DO TOCANTINS (TO), POSSIBILIDADE, CONTINUAÇÃO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE.
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, AVALIAÇÃO, ELOGIO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO TOCANTINS (TO).
  • ANALISE, FUTURO, PAIS.

            O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PFL - TO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, assomo à Tribuna desta Casa para solicitar a transcrição, nos Anais desta Casa, de artigo publicado pelo jornalista Marcelo Beraba, Diretor da Sucursal da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro, no dia 25 de maio último, sob o título “Utopia Urbana”.

            Não o faço apenas no sentido ufanista, pois que no referido artigo, que passarei a ler, o jornalista faz reflexões sobre a cidade de Palmas, capital de meu Estado. O jornalista esteve em Palmas e voltou vivamente impressionado com o que viu: “a cidade não tem engarrafamentos nem favelas. Os índices de violência são pequenos, mesmo agora com a greve dos PM”, espanta-se o jornalista.

            Mas passo a ler a íntegra do artigo porque, como tenho dito, muitas das coisas que acontecem no meu Estado - como aliás acontecem na Amazônia - são questões que interessam ao Brasil, e em geral, a Nação não sabe desses fatos, ou seja, que um outro país, um novo Brasil está surgindo. Leio o artigo do jornalista Marcelo Beraba:

Utopia Urbana

Tantos anos de jornalismo, de convivência quase diária com irracionalidades e desmandos públicos, aguçam o ceticismo. O país em que vivemos reforça essa angústia. Impossível não questionar. E, ao conhecer e observar Palmas, baixou-me a dúvida de sempre quando me deparo com qualquer projeto público, principalmente os megas.

A cidade não tem engarrafamentos nem favelas. Os índices de violência são pequenos, mesmo agora com a greve da PM. Mas a cidade cresce sem parar. Há cinco anos eram 86 mil habitantes. Agora, já são quase 140 mil. Segundo IBGE, um crescimento anual de 12%.

Vai haver tempo e vontade política para dotar a cidade de saneamento básico, de política habitacional, de regras urbanas civilizadas? Ou daqui a dez anos vamos ver uma minirrepetição de Brasília, com o Plano Piloto degradado pelo crescimento irracional da cidade e do seu entorno?

O otimismo dos palmenses é contagiante. Estrangeiros, desbravadores, “oreias secas” (como chamam os peões pioneiros), todos se sentem construindo uma cidade nova, um país novo, uma vida nova a partir dos pressupostos do planejamento urbano, do crescimento sustentado, da igualdade de oportunidades.

Mas as dúvidas procedem. Palmas é a última cidade do último milênio ou é a nova cidade do novo milênio? É o último exemplo de um ciclo de irracionalidade que se conclui ou é o primeiro caso de um novo ciclo que se inicia? A cidade, que se pretende capital nacional da preservação ambiental, está diante do seu destino.

            Poderia encerrar esta leitura, Sr. Presidente, nobres Senadores, sem mais comentários.

Mas parece-me oportuno concluir dizendo a todos aqueles que talvez, lendo o artigo, possam pensar consigo que construir Palmas é fácil - difícil é consertar o Brasil.

Quero dizer, Sr. Presidente, que há, sim, muito de errado a ser consertado no Brasil, inclusive, ou especialmente, em seu absurdo modelo urbano, concentrado e concentrador.

Mas não é o Brasil que deve ser apenas consertado. Creio que não exagero quando digo que o Brasil está por ser feito. O Brasil não é, não se esgota - nós sabemos disto - no Brasil dos 500 anos, no Brasil litorâneo, que não foi capaz de penetrar no interior de si mesmo, de seu imenso território, de suas imensas riquezas.

Creio e reafirmo, Sr. Presidente, que talvez mais do que pela correção dos erros do passado, é pela reflexão e pela vontade política de iniciar uma nova descoberta do Brasil, de construir um novo Brasil que se pode reformar este País.

Por isso, sem dúvida, que o jornalista, ao trazer o exemplo de Palmas e refletir sobre o seu significado, pergunta com propriedade: “É (Palmas) o último exemplo de um ciclo de irracionalidade que se conclui, ou é o primeiro de um novo ciclo que se inicia?”

Eu tenho certeza, Sr. Presidente, que Palmas é o primeiro exemplo de um ciclo que se inicia.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/06/2001 - Página 12262