Pronunciamento de Romero Jucá em 06/06/2001
Discurso durante a 67ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
ANALISE DA PUBLICAÇÃO ANUARIO BRASILEIRO DE SOJA, SOBRE O DESEMPENHO DO SETOR NO ANO DE 2000.
- Autor
- Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
- Nome completo: Romero Jucá Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA AGRICOLA.:
- ANALISE DA PUBLICAÇÃO ANUARIO BRASILEIRO DE SOJA, SOBRE O DESEMPENHO DO SETOR NO ANO DE 2000.
- Publicação
- Publicação no DSF de 07/06/2001 - Página 12499
- Assunto
- Outros > POLITICA AGRICOLA.
- Indexação
-
- REGISTRO, RECEBIMENTO, RELATORIO, PRODUTIVIDADE, SOJA, BRASIL.
- ANALISE, IMPORTANCIA, EXPORTAÇÃO, SOJA, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.
O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, chegou-me às mãos o Anuário Brasileiro da Soja, ano 2000. Com grande qualidade editorial, a publicação discorre, em 144 páginas, sobre um dos nossos principais produtos de exportação: a soja e seus derivados. O Anuário é bilíngüe, figurando, ao lado do texto em português, a tradução em língua inglesa.
Fica-se sabendo tudo sobre a soja: desde a sua origem, que supostamente surgiu na China há mais de 5 mil anos, até questões sobre produtividade e tecnologia, bem como informações sobre pragas e doenças mais comuns. É uma pequena enciclopédia sobre a soja, resumida, tópica, de texto ágil e agradável, em estilo jornalístico.
Dos diversos textos que compõem a publicação, gostaria de relevar dois.
O primeiro foi intitulado “Cultura do Desenvolvimento Brasileiro”. Nele é dimensionada a importância da cultura da soja para o desenvolvimento nacional. Menciono, a seguir, alguns dados que atestam essa importância.
A soja é a principal cultura brasileira de exportação. Na última safra, a produção nacional foi 31 milhões 640 mil toneladas, representando um faturamento de 5 bilhões e 200 milhões de dólares! Esse valor corresponde a 10% do PIB agrícola e cerca de 1% do PIB total brasileiro. Hoje 243 mil produtores cultivam a soja no País. Calcula-se que a cultura da soja empregue, diretamente, 900 mil pessoas e, indiretamente, 5 milhões.
Quem vem do Mato Grosso, do Paraná, do Rio Grande do Sul, de Goiás, do Mato Grosso do Sul -- que, pela ordem, são os maiores produtores de soja --, sabe o que a cultura representa para o desenvolvimento de seus Estados. Desde o começo da cultura no Brasil, mais especificamente no Rio Grande do Sul, nos idos da década de 40 e 50, passando pela expansão no Paraná, até atingir o Centro-Oeste na década de 90; a soja trouxe o aparecimento de inúmeras cidades, vias de transporte ao longo dos campos cultivados e a expansão dos serviços em geral, sendo sinônimo de desenvolvimento econômico e de crescimento do emprego. Isso, sem contar o crescimento de indústrias voltadas especificamente para a lavoura, como fertilizantes, sementes, defensivos, máquinas e implementos agrícolas.
Tem sido impressionante a expansão da área cultivada com soja desde as décadas de 70 e 80, que presenciaram o primeiro grande surto de produção, até os anos 90, quando houve um segundo surto, com aumento muito grande da produtividade, principalmente no Centro-Oeste. Hoje o Brasil é um dos países de maior produtividade na cultura da soja, principalmente, como disse, no Centro-Oeste. O que vinha dificultando o aproveitamento dessa vantagem em termos competitivos no mercado mundial -- um sistema de transporte deficiente --, vem sendo superado com a construção de ferrovias e com a modernização dos portos brasileiros.
O segundo artigo do Anuário que eu gostaria de realçar tem como epígrafe Brasil Exporta Tecnologia para Americanos e refere-se à assistência técnica prestada por esta excelente empresa brasileira, que é a Embrapa, a plantadores de soja do estado norte-americano de Dakota do Norte. Aliás, diga-se de passagem, grande parte do sucesso do plantio da soja e da agricultura brasileira em geral tem a ver com a competência dos técnicos e dos cientistas da Embrapa, que grandes serviços têm prestado ao País.
Pois bem, revisando a literatura científica sobre o assunto, um professor da Universidade da Dakota do Norte deparou-se com as excelentes pesquisas da Embrapa sobre o cultivo da soja, achando a solução para um problema que afligia os agricultores do estado. O problema era como aumentar a fixação do nitrogênio no solo, no momento do primeiro plantio da terra com soja. A tecnologia desenvolvida pela Embrapa que resolve o problema é plantar trigo inoculado com rizóbio na safra anterior à da soja. O rizóbio, por sua vez, é uma bactéria que tem a propriedade de fixar nitrogênio no solo, junto às raízes das plantas. Depois de terem utilizado a técnica, os agricultores norte-americanos, orientados por pesquisadores brasileiros, conseguiram aumentar a produtividade da lavoura.
A força da soja na economia nacional demonstra a capacidade de nossa agricultura e a competência dos técnicos e dos cientistas agrônomos brasileiros. O Brasil já é e está destinado a ser, cada vez mais, uma potência agrícola mundial. Quanto à soja, somos o segundo produtor mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, a maior potência agrícola do Planeta. Se nossa diplomacia econômica tiver a competência de fazer derrubar as enormes barreiras tarifárias e não-tarifárias com as quais os países desenvolvidos se protegem das importações agrícolas, as perspectivas para a agricultora brasileira serão ainda mais promissoras.
Era o que eu tinha a dizer.