Pronunciamento de José Alencar em 12/06/2001
Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
COMEMORAÇÃO DO CENTENARIO DE NASCIMENTO DO EX-DEPUTADO FEDERAL E EX-VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, JOSE MARIA ALCKMIN.
- Autor
- José Alencar (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MG)
- Nome completo: José Alencar Gomes da Silva
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- COMEMORAÇÃO DO CENTENARIO DE NASCIMENTO DO EX-DEPUTADO FEDERAL E EX-VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, JOSE MARIA ALCKMIN.
- Publicação
- Publicação no DSF de 13/06/2001 - Página 12977
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, JOSE MARIA ALKMIN, EX-DEPUTADO, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, VIDA PUBLICA.
O SR. JOSÉ ALENCAR (PMDB - MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, excelentíssimas autoridades aqui presentes, ilustres familiares do nosso homenageado, senhoras e senhores, na fulgurante trajetória de José Maria Alkmim, cujo centenário de nascimento agora se celebra, deparamo-nos com dignificante concepção de vida pública.
Este homem singular foi personagem de inconfundível realce da história política brasileira do século XX. Primou pela perfeição, em todas as atividades a que se consagrou, conforme registra o saudoso escritor Vivaldi Moreira.
Com idealismo, muita dignidade pessoal, exemplar correção no trato da coisa pública, o pensamento permanentemente voltado para as questões fundamentais da vida brasileira, Alkmim simbolizava na exata dimensão o que se pode denominar, na classificação popular, de um verdadeiro homem de bem. Homem de bem que acreditava nas instituições à base de calor humano e na importância vital do diálogo na remoção dos empecilhos que travam as soluções dos problemas na convivência humana.
Em 22 de abril de 1974, aos 73 anos de idade, José Maria Alkmim “partiu primeiro” - como diria Camões em lírica interpretação do sentido da morte.
Vinte e sete anos passados. Neste instante em que reverenciamos sua memória, são fartas as razões para confessar entusiasmo e fascínio pelas lições de sabedoria política que deixou.
Alkmim foi líder na completa acepção da palavra. Exercia uma liderança que já vai se fazendo, desafortunadamente, rara na cena política. Líder com seguidores. Líder com capacidade para gerar entusiasmo, comprometimento e esperança, esse impulso generoso da alma.
Um ditado galês vê a figura transcendente do líder, que é chamado por Napoleão de “um negociante de esperanças”, como uma ponte. Permitimo-nos uma projeção dessa idéia básica. Por tal perspectiva, vemos o líder, esse homem tão especial, dotado de sabedoria incomum, a descortinar horizontes novos e abrir clareiras repletas de luminosidade na caminhada humana. Entre a tradição do passado e a promessa radiosa do futuro, ele, o líder, lança, com firmeza, os alicerces sólidos da ponte que irá garantir a passagem dos liderados e a aceitação por estes dos processos das reformas ditadas pela marcha do progresso.
Alkmim foi ponte de ligação entre gerações. Entre grupos. Entre épocas. Homem afeiçoado ao diálogo, fez do exercício da liderança uma arte. Sabia, tão bem quanto Bismark, autor da frase, que a política não é uma ciência exata, mas uma arte. Colocou a sua arte, como semeador de idéias e construtor de obras, a serviço da causa pública.
Por mais que o espírito humano se aprimore, procurando sempre atingir as mais altas cumeadas do saber e da ciência, há sempre algo misterioso que desafia a argúcia de quantos investigam os indecifráveis desígnios do destino ou da Providência. Como, por exemplo, tentar explicar que, no final do século XIX, na virada para o século XX, nas primícias deste e no decorrer de seu primeiro lustro, possa haver nascido em Minas Gerais um tão extraordinário pugilo de homens, cuja passagem pela vida os fez imortais pelas obras que realizaram e pelo que representaram na história do País.
Realmente, algo de deslumbrante aconteceu naquele tempo, quando todas as boas fadas se reuniram para, num só esforço, legar ao Brasil uma constelação de homens de primeira linha, autores e personagens do enredo trepidante de nossa trajetória e construtores de sua grandeza.
Na última década do século XIX, nasceram em Minas José Francisco Bias Fortes, Francisco Campos, Benedito Valadares, Cristiano Machado, Carlos Coimbra da Luz, Israel Pinheiro - um dos autores da epopéia de Brasília - Virgílio de Mello Franco, Rodrigo de Mello Franco Andrade e Ovídio de Abreu. A simples referência a esses varões ilustres dá bem a dimensão da altitude de nossas montanhas.
Igualmente fecunda foi a mão da Providência, quando trouxe à luz, no ano de 1900, Gustavo Capanema e Milton Campos, cujos centenários esta Casa do Senado Federal comemorou dignamente, relembrando a vida de duas de suas maiores figuras de todos os tempos.
Naquele ano de 1901, nasceram Gabriel Passos, os grandes poetas João Alphonsus de Guimaraens, Abgar Renault, Henriqueta Lisboa, o empolgante orador Pedro Aleixo, o Governador Francisco Negrão de Lima e o inolvidável José Maria Alkmim, cujo centenário de nascimento, ocorrido ontem, estamos aqui homenageando nesta sessão solene.
Dizia eu, no início deste discurso, que as fadas formaram um poderoso condomínio de vontades para doar ao Brasil verdadeiros himalaias em sua orografia humana, nas primícias do mais vigoroso e empolgante século da história da humanidade. Não bastassem os gigantes da poesia e da política já citados, no ano de 1902 nascem os poetas Emílio Moura e Carlos Drummond de Andrade e, para a glória do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira.
O elenco é interminável. Em 1903, nasce Pedro Nava. Em 1905, vem ao mundo Afonso Arinos de Melo Franco, cujo verbo afogueado e a eloqüência ateniense ainda ressoam nos plenários do Congresso Nacional.
Como está escrito no Eclesiastes, “tudo o que há sob o sol está sujeito à mesma fortuna e à mesma lei”.
Em meio a tantos luminares, José Maria Alkmim destacou-se pelas admiráveis qualidades que lhe prodigalizaram o destino e a severa educação que recebeu do lar modesto e austero na cidade de Bocaiúva, secundado pelas lições de humanismo bebidas nos ensinamentos do Padre Chico, virtuoso franciscano, vigário de sua cidade natal, que nele incutiu as virtudes que lhe serviram de fanal e guia por toda a vida pública.
Alkmim foi artesão da própria ventura política. Superando as vicissitudes de uma infância pobre, experimentando dentro de casa as assoberbantes dificuldades comuns aos desprovidos de bens, superou tudo a golpes de talento e pertinácia na busca das vitórias consagradoras que obteve desde o concurso para telegrafista, ao pleito vitorioso para orador da turma de bacharelandos da Faculdade de Direito, uma seqüência de triunfos que culminariam com uma carreira política de que Minas se orgulhará para sempre.
Era uma figura singular de político, administrador e filantropo; esta última uma faceta desconhecida da maioria, porque a exerceu com o recato daqueles predestinados à prática da virtude teologal da caridade, mais importante do que a fé e a esperança no dizer de São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios.
Por quatro décadas dirigiu a Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, dando àquela instituição os melhores anos de sua vida ao lado de outros beneméritos, construindo sua imponente sede e transformando-a numa referência para a formação de várias gerações de médicos, além da cura piedosa de enfermos carentes.
Em José Maria Alkmim era admirável a inclinação para a misericórdia e a mansuetude, estigma profundo em sua alma de samaritano sedimentada no amor ao próximo e na dor do sofrimento que lhe advieram da pobreza e das carências da meninice.
Aproximou-se depois de formado em Direito, integrando o escritório de Abílio Machado e exercendo as atividades do jornalismo na Imprensa Oficial, do Presidente Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, de cuja verve e inteligência, aliadas aos padrões de dignidade com que exercia a suprema magistratura de Minas, absorveu ensinamentos que garantiram o seu sucesso desde quando foi eleito para a Assembléia Nacional Constituinte de 1934.
Daí para frente, entremeada de sucessos e reveses, menos destes que daqueles, a carreira de José Maria Alkmim vai revelando ao Brasil o homem de inteligência aguda no exame das questões, da operosidade sem exibição, a afirmação pessoal destituída de jactância, a probidade exemplar, a honradez e, sobretudo, a inexcedível fidelidade a Minas e a seus valores maiores.
Depois de 1937, no Estado Novo, José Maria Alkmim teve oportunidade de dedicar-se à realização de uma das mais importantes obras de sua vida: a construção da Penitenciária Agrícola de Neves e a moderna orientação que imprimiu à doutrina penitenciária na busca da recuperação do delinqüente, organizando o sistema prisional do Estado em bases modernas, hoje infelizmente relegadas em favor da aplicação de mecanismos punitivos muito distantes da verdadeira finalidade de recuperação para a sociedade daqueles que tiveram a desventura de delinqüir.
Com a retomada do regime de ampla liberdade, Alkmim é eleito para a Constituinte de 1946, membro de uma bancada ilustre, talvez a mais fulgurante de quantas tiveram acesso ao Parlamento advindas dos demais Estados da Federação. Sua amizade com Juscelino Kubitschek continuava no mesmo nível de camaradagem e confiança recíprocas, cimentada durante longos anos de convivência fraterna.
Reeleito em 1950 para a Câmara Federal, torna-se um dos personagens principais da crise político-institucional em que mergulharia o Brasil, culminando com o trágico suicídio do Presidente Getúlio Vargas e a posterior eleição de Juscelino Kubitschek para a Presidência da República.
Para isso, Alkmim foi insuperável na articulação das forças que colocaram termo à tentativa de golpe de alguns inconformados com a eleição de Juscelino, mantendo canais de negociação com as lideranças partidárias no concerto de uma solução institucional que resultou na posse do Presidente do Senado, Senador Nereu Ramos, responsável pelo respeito à vontade das urnas e a segura transição de poder para o Presidente eleito.
Chamado a desempenhar as funções de Ministro da Fazenda, mais uma vez Alkmim põe à prova a sua operosidade, combatendo as distorções daquele órgão, enfrentando corajosamente os habituais sonegadores, impondo normas disciplinadoras nos serviços burocráticos do Ministério e impregnando o difícil exercício de uma das mais conflituosas Pastas a marca inconfundível de sua honradez pessoal contra a qual tentaram investir, sendo contidos na intransponível barreira de sua inatacável probidade pessoal.
Foi ele quem, no Ministério da Fazenda, teve pulso para resistir aos recorrentes assédios dos contumazes negocistas, a todos repelindo energicamente, enquanto realizava uma administração austera que garantiu os recursos imprescindíveis a Juscelino para lançar-se vitoriosamente na empreitada de conquista do Planalto Central com a construção de Brasília.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Srªs e Srs. convidados, não se pode falar da biografia do grande brasileiro José Maria Alkmim sem contar algumas passagens que registram a sua personalidade, que marcam o que ele foi, aquilo que todos nós admiramos e de que todos nós nos lembramos em horas que, afetuosamente, com carinho e saudade, relembramos o seu honrado nome.
Ele era Ministro da Fazenda. Em Belo Horizonte, houve uma reunião na Associação Comercial de Minas, para a qual o ilustre Ministro da Fazenda José Maria Alkmim foi convidado a apresentar uma palestra. Naquele tempo, também havia preocupação com a inflação no Ministério da Fazenda. Assim, atento à expansão do crédito incontrolável, que crescia naquele tempo na forma de vendas à prestação, ele a condenou no seu discurso. Quando a palavra foi liberada para os debates, um dos empresários presentes, que militava justamente como varejista, vendendo à prazo, foi à tribuna e disse-lhe: “Dr. José Maria Alkmim, ilustre Ministro da Fazenda, nós o conhecemos, admiramos e respeitamos, mas nunca podíamos esperar que V. Exª, como Ministro, como Deputado por Minas Gerais, viesse à Associação Comercial de Minas condenar a venda à prestação. V. Exª há de convir que ela permite que um cidadão de baixa renda possa adquirir um bem de maior preço e que também oferece ao comércio condições de crescimento, desenvolvimento e, portanto, de geração de empregos e riquezas para o País. Como é que V. Exª condena a venda à prestação?” Resposta do ilustre homenageado, Dr. José Maria Alkmim: “Nunca condenei a venda à prestação. Eu sou contra a compra à prestação”.
Então, esse era José Maria Alkmim. De fato, a compra à prestação encarece os bens de consumo e, ao mesmo tempo, é fator de expansão do crédito, o que, segundo os economistas até hoje - e, naturalmente, ele deve ter sido assessorado por um deles - aumenta a inflação.
Ele era um homem de valor.
Tenho um sócio e amigo, em Montes Claros, que foi Deputado Federal, cujo nome é Luiz de Paula Ferreira. Ele se casou há cerca de trinta e cinco anos e, muito amigo e admirador do Dr. José Maria, convidou-o para padrinho. Luiz de Paula, homem prestigiado no norte de Minas, e sua noiva, que era filha do Sr. Jaime Rebelo, de uma ilustre família de Montes Claros, obviamente ganharam muitos presentes, entre eles um presente desse padrinho: uma gravata usada. O Dr. José Maria levou de presente para o seu afilhado de casamento uma gravata usada. Luiz de Paula até hoje tem presentes ganhos nesse casamento, inclusive jóias, mas o único presente que ele próprio guarda e mostra, orgulhoso, para as visitas ilustres, é a gravata que recebeu de presente de casamento do seu padrinho, José Maria Alkmim.
Esses são fatos que devemos contar a respeito desse homem, nascido em Bocaiúva, numa família modesta, que lutou, fez-se por si mesmo, trabalhou desde menino, estudou, venceu e foi um líder dos mais fortes, dos mais respeitados, admirados e amados, porque nunca impôs coisa alguma. Ele sempre foi um democrata, sempre foi um líder pelo amor. As pessoas o seguiam pelo amor com que se dedicava às questões e às pessoas.
O primeiro Colégio Sacré Couer de Marie do Brasil foi instalado em Ubá. Quando ainda lá morávamos - em 1967, se não me engano - e o Dr. José Maria Alkmim era Secretário de Educação do Governo de Israel Pinheiro, houve um convênio do Estado com aquela instituição e ela foi transformada numa escola estadual, já com o segundo grau. Assim, fomos esperar a chegada do Secretário da Educação a 10km dali, no Município de Tocantins, num grande corso de automóveis.
Como, à época, eu era presidente da Associação Comercial, o prefeito fez questão que ele fosse no meu carro. Então, tive o cuidado de também convidar um jornalista, advogado, promotor de justiça, escritor, historiador, professor de História - o saudoso José Campomizzi Filho - para nos acompanhar. Ao sairmos, pedi-lhe que contasse ao Dr. José Maria alguma coisa a respeito do colégio. Assim ele fez, relatando que em determinado ano chegou a Ubá a madre superiora tal, que instalou o colégio na praça São Januário, em um terreno doado pelo presidente da Câmara, e citou os nome de algumas madres superioras que se destacaram na história do colégio.
O Dr. José Maria não anotou nada, apenas ouviu, e, durante a solenidade, repetiu no seu discurso a história que lhe foi contada por Campomizzi, enriquecendo-a com a sua verve, com a sua vocação de grande orador, com a sua cultura e, mais do que tudo, com aquela memória incomum que o fazia lembrar-se do nome de cada uma das madres superioras citadas, obedecendo a cronologia desde a fundação, até chegar ao da madre que estava assinando o convênio.
Então, aquilo tudo é que o fazia grande, admirado, respeitado, amado, um grande brasileiro, que morreu novo. Poderia estar vivo, porque a nossa perspectiva de vida, aqui no Senado, é de cento e vinte anos e não de apenas setenta ou setenta e cinco anos. Assim, José Maria Alkmim foi-se muito cedo. Isso foi uma pena.
Volta à Câmara dos Deputados e, em Brasília, no ano de 1961, assume o comando das articulações para impedir nova tentativa de golpe de Estado, por meio da manobra urdida pelo Presidente Jânio Quadro com a farsa da renúncia, com que objetivava retornar ao Governo com poderes ampliados.
Em 1964, assume a Secretaria de Finanças do Governo de Magalhães Pinto e, logo depois, é convocado pelo Presidente Castello Branco para ser o Vice-Presidente da República do primeiro Governo militar oriundo do movimento de março daquele ano.
Gostaria de me dirigir à ilustre família do Dr. José Maria, na pessoa de seu filho José Maria Alkmim Filho, para lhe transmitir uma mensagem do nosso eminente colega, também representante de Minas, Senador Arlindo Porto, que está no hospital devido a um problema sério na vista. Hoje, na reunião da Comissão de Assuntos Econômicos, S. Exª praticamente não pôde participar, ainda que fosse autor de um projeto, que foi aprovado, teve dificuldades em permanecer naquela reunião. Foi para o hospital e, provavelmente, o oftalmologista não o deixou retornar. S. Exª, que também iria participar dessa homenagem, infelizmente, não poderá fazê-lo. Por isso, está justificando a sua ausência. Pediu-me S. Exª que levasse à família o seu abraço de congratulações.
Sr. Presidente, pede S. Exª que o seu discurso seja registrado nos Anais da Casa.
Sr. Presidente, quero dizer ao nosso caro e eminente amigo Senador Arlindo Porto que estou me desincumbindo dessa tarefa - acredito que a família irá compreender. Desejo a recuperação rápida de S. Exª.
Em meio a toda essa azáfama política, Alkmim não deixou por um instante de cuidar da Santa Casa de Misericórdia, onde seu corpo foi velado, no dia 22 de abril de 1974, recebendo as mais comovedoras homenagens que lhe foram tributadas pelo povo mineiro.
“Com a morte de José Maria Alkmim, disse o Senador Murilo Badaró, escritor, biógrafo renomado, Presidente da Academia Mineira de Letras, autor de sua biografia editada pela Nova Fronteira, fechava-se um ciclo na política mineira e brasileira, apagando-se para sempre a poderosa luz de uma de suas mais brilhantes inteligências”.
Neste momento em que o Brasil, vitimado por tantas dificuldades que projetam seus efeitos perversos sobre as camadas mais sofridas da população, é justo voltarmos nossas vistas para a vida e obra daquele que demonstrou possuir uma natureza devotada à indulgência, à doçura, ao entusiasmo e à simpatia, bravo e intimorato quanto se fazia necessário defender os interesses do Brasil, orador de raça cuja palavra jamais revogou a boa educação parlamentar, administrador probo e competente, preocupado sempre com o resguardo do bem público.
Eis aí, Sr. Presidente; eis aí, Srªs. e Srs. Senadores; eis aí, minhas senhoras e meus senhores, um breve retrato sem retoques de José Maria Alkmim, um dos maiores vultos que Minas deu ao Brasil. Sua presença se faz sentir no calor da imorredoura saudade que sua ausência desperta, em especial pelo exemplo de dignidade e amor ao Brasil que deixou para a posterioridade.
Muito obrigado. (Palmas.)