Pronunciamento de Jorge Bornhausen em 12/06/2001
Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
NECESSIDADE DA BUSCA DE FONTES ALTERANTIVAS DE ENERGIA, DESTACANDO A IMPORTANCIA DA UTILIZAÇÃO DO CARVÃO COMO BASE PARA A ENERGIA ELETRICA. CUMPRIMENTOS A POPULAÇÃO BRASILEIRA PELA COLABORAÇÃO NO PLANO DE RACIONAMENTO DE ENERGIA ELETRICA.
- Autor
- Jorge Bornhausen (PFL - Partido da Frente Liberal/SC)
- Nome completo: Jorge Konder Bornhausen
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA ENERGETICA.:
- NECESSIDADE DA BUSCA DE FONTES ALTERANTIVAS DE ENERGIA, DESTACANDO A IMPORTANCIA DA UTILIZAÇÃO DO CARVÃO COMO BASE PARA A ENERGIA ELETRICA. CUMPRIMENTOS A POPULAÇÃO BRASILEIRA PELA COLABORAÇÃO NO PLANO DE RACIONAMENTO DE ENERGIA ELETRICA.
- Publicação
- Publicação no DSF de 13/06/2001 - Página 13051
- Assunto
- Outros > POLITICA ENERGETICA.
- Indexação
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- COMENTARIO, CRISE, ENERGIA ELETRICA, NECESSIDADE, ALTERAÇÃO, MATRIZ, ENERGIA HIDRAULICA, DEFESA, AUMENTO, UTILIZAÇÃO, CARVÃO MINERAL, ESPECIFICAÇÃO, REGIÃO SUL, REGISTRO, PROGRAMA, GOVERNO, INCENTIVO, INDUSTRIA CARBONIFERA, USINA TERMOELETRICA, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), TECNOLOGIA, PROTEÇÃO, MEIO AMBIENTE, SUB PRODUTO, FERTILIZANTE.
- REGISTRO, DEBATE, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), FEDERAÇÃO, INDUSTRIA, SINDICATO, EXTRAÇÃO, CARVÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME), PRESIDENTE, CENTRAIS ELETRICAS BRASILEIRAS S/A (ELETROBRAS), BANCADA, CONGRESSISTA, DEFESA, APROVAÇÃO, SUBSTITUTIVO, PROJETO DE LEI, URGENCIA, IMPLANTAÇÃO, PROJETO, FONTE ALTERNATIVA DE ENERGIA.
- ELOGIO, POPULAÇÃO, ATENDIMENTO, REDUÇÃO, CONSUMO, ENERGIA ELETRICA.
O SR. JORGE BORNHAUSEN (PFL - SC) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a crise energética brasileira exige uma reflexão sobre o nosso modelo eminentemente baseado na geração hidráulica, cuja concentração atinge cerca de 97% de nossa matriz.
É necessário que se busquem outras alternativas, a fim de que uma melhor distribuição no aproveitamento de outras fontes nos ajude, no futuro, a depender menos, como hoje, de fatores climáticos.
O carvão, o gás, a energia nuclear e a eólica devem ser incrementados. Nada melhor do que uma crise para avançarmos também nessas outras direções.
Sabemos que o Brasil poderá contar com novas hidroelétricas e termoelétricas a gás, para o curto e médio prazos, e, ainda, partir para o grande projeto de Belo Monte: uma nova Itaipu. Todavia, é preciso não descuidarmos de novas fontes.
Hoje, desejo falar sobre o que muito diz respeito aos Estados do Sul, especialmente a Santa Catarina, que é o carvão mineral.
É bom, inicialmente, que se destaque a importância da utilização do carvão no mundo como combustível base para a energia elétrica. Ele é responsável por 40% da atual geração no nosso planeta.
Segundo dados do World Coal Institute, de Londres, o carvão é responsável por 97% da geração energética na Polônia; 85%, na Austrália; 80%, na China; 75%, na Índia; 74%, na República Tcheca; 71%, na Grécia; 63%, na Dinamarca; 52%, nos Estados Unidos; 52%, na Alemanha; e 43%, na Holanda.
Atendendo à solicitação dos Estados produtores, o Senhor Presidente da República, em março de 2000, em visita a Santa Catarina, assinou decreto instituindo o Programa de Incentivo de Utilização de Carvão Mineral nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, na busca do aumento da participação do carvão mineral na Matriz Energética Brasileira, pela geração de energia elétrica e que, em seu art. 3º, estabelece a criação de condições competitivas para esse recurso energético nacional.
Para a implementação dessas diretrizes, aquele mesmo decreto instituiu uma Comissão Interministerial sob a coordenação do Ministério de Minas e Energia. Esse Ministério, anteriormente pela Portaria MME nº 19, de 28/01/99, havia instituído grupo de trabalho que concluiu pela “criação de condições para a competitividade da geração termoelétrica a carvão mineral; na área fiscal - redução a zero do II, IPI, ICMS, ISQN e depreciação acelerada; financiamento especial pelo BNDES e condições de compra de energia pela Eletrobrás, até 3000 MW, através de usinas autorizadas que utilizem tecnologias limpas".
É importante detalharmos as contribuições da indústria carbonífera para o desenvolvimento do Brasil. A iniciar-se pelas reservas brasileiras de combustíveis fósseis, em que o carvão ocupa uma fatia correspondente a 46% do seu total. Ademais, a Região Sul do País dispõe, hoje, de reservas de carvão da ordem de 32,2 bilhões de toneladas, conferindo-se grande importância estratégica à utilização dessas reservas.
A produção bruta de carvão mineral, no ano de 2000, foi de cerca de 13,7 milhões de toneladas, produzidas por 15 empresas, sendo 10 delas em Santa Catarina. A indústria carbonífera atende hoje à geração de energia equivalente a 1414 MW, sendo 852 MW em Santa Catarina, podendo ser ampliada, com novos projetos, até o ano de 2004, para 3181 MW.
A mesma indústria, antigamente degradante do meio ambiente, agora deverá operar com tecnologia moderna, não produzindo poluição ambiental e contribuindo até com recuperação das áreas degradadas por meio de queima de rejeitos de carvão, nelas depositados.
Dentro do Programa Prioritário das Usinas Termoelétricas, foram enquadradas 4 projetos de Usinas Térmicas a carvão mineral, sendo uma em Santa Catarina, a “Usitesc”. A propósito, a Usina Termoelétrica Sul Catarinense, com capacidade de gerar 440 MW, será inovadora por suas características tecnológicas. Utilizará o processo de queima limpa do combustível, com a queima, em leito fluidizado, do carvão bruto e do rejeito de carvão, em proporção definida de 70% e 30%, respectivamente, não poluindo e propiciando a recuperação do meio ambiente. Decorre desse processo, ainda, a produção do fertilizante sulfato de amônia. Essa tecnologia, buscada nos Estados Unidos, caracteriza-se, portanto, como um projeto ambientalmente sustentável. O investimento será de U$ 654 milhões, oferecendo 860 empregos diretos e 5.000 indiretos.
Para debater o assunto, o Governo de Santa Catarina, a Federação das Indústrias de Santa Catarina e o Sindicato Nacional da Indústria de Extração de Carvão convidaram, no dia 18 de maio, o Ministro de Minas e Energia, Senador José Jorge; o Presidente da Eletrobrás, Dr. Cláudio Ávila; o Deputado José Carlos Aleluia, autor do substitutivo ao Projeto de Lei nº 2905/00, de origem do Executivo; e a bancada federal do Estado.
A partir da reunião em que foi exposto, em toda sua profundidade, o projeto da Usitesc, ficou constatada a absoluta necessidade da aprovação do substitutivo ao Projeto 2905, que oferece as condições mínimas para a utilização de fontes energéticas alternativas, entre as quais, o carvão nacional, assim como a implementação, por parte do Ministério de Minas e Energia e do Governo, como um todo, de medidas que criem as condições necessárias de competitividade, por ações tributárias e fiscais, por financiamentos especiais do BNDES e pela compra de energia pela Eletrobrás.
O Ministro José Jorge solicitou ao Governo a urgência na aprovação do substitutivo ao Projeto 2905, que deverá ser votado na Câmara, nesta ou na próxima semana, dando assim a primeira resposta que o Estado desejava para impulsionar o aproveitamento correto de seu carvão mineral.
Minha presença nesta tribuna, nesta tarde, é para me antecipar à próxima decisão da Câmara dos Deputados e pedir aos meus Pares, nesta Casa, a apreciação, também em regime de urgência, do citado projeto, tal a importância que tem para o aproveitamento do nosso carvão mineral, no momento em que o País se mobiliza para vencer a crise energética.
Finalmente, desejo apresentar meus cumprimentos à sociedade brasileira, especialmente aos moradores do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, pela resposta patriótica que estão dando, colaborando, de maneira efetiva, para o sucesso do plano de racionamento. Quero, ainda, dizer que Santa Catarina, que não está vivendo a mesma crítica situação, quer ajudar a resolver a crise energética, não só com seu potencial hidráulico, mas, sobretudo, com o aproveitamento do seu carvão mineral.
Muito obrigado.