O SR. WALDECK ORNÉLAS (PFL - BA. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, subscrevo essa manifestação e essa iniciativa da Senadora Marina Silva, no sentido de registrarmos nesta Casa o pesar do Senado da República pelo falecimento do professor Milton Santos.

Ele foi um Geógrafo que reformulou a ciência a que se dedicou. Não foi um homem que se tivesse contentado em estudar as realidades física e natural, mas viu exatamente as questões atinentes à organização do espaço como resultado das relações sociais e econômicas, como resultado dos avanços tecnológicos, das telecomunicações, dos transportes, dos serviços. Veio, por isso, a merecer o Prêmio Nobel da Geografia, um prêmio específico existente nessa área e que reflete o reconhecimento mundial ao seu trabalho.

Ele militou não apenas no Brasil, mas em várias universidades dos Estados Unidos, da Europa e da África. Foi, sobretudo, um estudioso da causa da pobreza e das questões relativas à sua geração, manutenção e sustentação.

Foi um homem que exerceu também papéis importantes. Foi Subchefe da Casa Civil no Estado da Bahia, no período do Presidente Jânio Quadros. Mas, sobretudo, o seu trabalho acadêmico é muito importante. Ele revolucionou, transformou, criou uma nova Geografia. Tornou-se doutor honoris causa em mais de 20 universidades no mundo todo. Na Bahia, dirigiu o Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais.

A partir da Universidade Federal da Bahia, da qual se tornou doutor honoris causa, professor emérito, ele desenvolveu toda a base do seu trabalho. Vivendo numa região subdesenvolvida como o Nordeste brasileiro, ele pôde criar toda uma nova teoria sobre a questão do desenvolvimento associado à organização do espaço.

Por tudo isso, associo-me a essa justa manifestação, e o Senado Federal pode, com segurança, aprovar esse voto de pesar. Apresento à sua família e aos seus colegas os meus sentimentos pela sua passagem. Ele partiu com uma idade já avançada, mas lúcido. Milton Santos continuou dando a sua contribuição e se dedicou, nos últimos anos de sua vida, aos estudos na Universidade de São Paulo, fazendo conferências e discutindo todos os temas de interesse nacional, sobretudo no que diz respeito à globalização e à nova realidade que vivemos no mundo.

            Como cientista, ele marcou a sua passagem nesta vida e, por isso, merece todas as nossas homenagens.