Discurso durante a 80ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

APOIO AO PLEITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA JUNTO AO MINISTERIO DA EDUCAÇÃO, NO SENTIDO DA CONTRATAÇÃO DE PROFESSORES EM REGIME DE EFETIVIDADE.

Autor
Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ENSINO SUPERIOR.:
  • APOIO AO PLEITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA JUNTO AO MINISTERIO DA EDUCAÇÃO, NO SENTIDO DA CONTRATAÇÃO DE PROFESSORES EM REGIME DE EFETIVIDADE.
Publicação
Publicação no DSF de 28/06/2001 - Página 14319
Assunto
Outros > ENSINO SUPERIOR.
Indexação
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, PAULO RENATO SOUZA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), MELHORIA, ENSINO PRIMARIO, ENSINO FUNDAMENTAL, ENSINO MEDIO.
  • NECESSIDADE, AUMENTO, RECURSOS, GOVERNO FEDERAL, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), MOTIVO, MELHORIA, UNIVERSIDADE FEDERAL, CONTRATAÇÃO, PROFESSOR UNIVERSITARIO.
  • APOIO, SOLICITAÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA (UFRR), MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), NECESSIDADE, URGENCIA, CONTRATAÇÃO, PROFESSOR UNIVERSITARIO, EXERCICIO EFETIVO.

O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PSDB - RR) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é fato inegável, reconhecido até por ferrenhos adversários do Governo, o avanço obtido pela educação brasileira sob a condução do atual Ministro Paulo Renato Souza. A situação educacional da população brasileira foi radiografada na PNAD 1999 e no Censo Escolar de 2000. Os resultados mostram que, embora ainda persistam sérias desigualdades regionais, houve progresso generalizado na educação infantil, na educação fundamental e no ensino médio.

No ensino superior, contudo, em que pesem os benefícios incorporados com a implantação do sistema de avaliação - o conhecido PROVÃO -, ainda prevalece a baixa taxa de escolarização, se comparada com outros países, mesmo os latino-americanos. O Brasil tem uma população universitária muito pequena. Apenas 11,8% dos jovens em idade de cursar uma faculdade estão matriculados. É um índice equivalente ao de Honduras, um dos países mais pobres da América Latina. Na Argentina, esse índice é de 39%, e no Chile de 27%. Desde o início da década passada, o número de vagas nas universidades federais aumentou 63%. Mas não é suficiente. É preciso criar mais vagas para os jovens que querem fazer o curso superior e que não podem arcar com os altos custos das mensalidades cobradas pelas instituições privadas.

Entretanto, Sras. e Srs. Senadores, em algumas universidades federais, o aumento de vagas requer a contratação de novos professores. É o caso, por exemplo, da Universidade Federal de Roraima, que encaminhou solicitação ao Ministro da Educação para a contratação de 120 professores em regime de efetividade a fim de atender à demanda por vagas em seus cursos.

Somente à guisa de ilustração, para que V. Exªs. possam aquilatar a carência de docentes em todos os cursos da instituição, e constatar que o déficit se aproxima da insuportabilidade, ofereço-lhes a seguinte constatação: o bacharelado em Medicina funciona com apenas sete professores, sendo cinco efetivos e dois estrangeiros, quando se verifica que a média nacional ultrapassa a centena de professores. O bacharelado em Direito tem nos seus departamentos apenas cinco professores efetivos em exercício. O bacharelado em Física conta apenas com cinco professores.

Essa situação se repete em outras instituições. Há três anos as instituições federais não podem contratar professores e calcula-se que, hoje, existam cerca de 8 mil vagas a serem preenchidas. As universidades federais estão aprendendo a sobreviver em meio à escassez de recursos no setor público. O volume de dinheiro destinado pelo Ministério da Educação vem definhando um pouco todo ano.

Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA - faz um diagnóstico revelador sobre as federais, mostrando que o gasto do Governo é menor do que se diz. Descontada a inflação, o orçamento das federais reduziu-se em 10% de 1995 a 1998. Boa parte do dinheiro não beneficia os alunos. Aposentadorias e sentenças judiciais engolem um terço dos recursos.

Existem distorções na maneira como as federais funcionam, mas não há dinheiro sobrando. Separados os gastos com aposentadorias e sentenças judiciais, e o dinheiro dos professores e funcionários da ativa, não sobra nada para investir em reformas, laboratórios e equipamentos. De 1995 a 1998, os investimentos das universidades federais caíram 70% em termos reais.

A esse respeito, o Jornal Nacional da Rede Globo veiculou matéria, dia 9 de maio próximo passado, em que o Ministro da Educação anunciava a abertura de concurso para 2.000 professores efetivos. A reportagem mostrou, ainda, a situação de penúria dos equipamentos de algumas instituições que são premidas a utilizar seus recursos para a contratação de professores substitutos, que não fazem pesquisa e só prestam serviços. O anúncio do concurso é alentador, mas ainda está muito longe da necessidade das instituições, em que faltam 7.209 professores.

Outra questão normalmente invocada quando se fala de recursos para universidades públicas é a argumentação de tratar-se de instituições que atenderiam, prioritariamente, aos alunos mais ricos. Quem defende essa tese, provavelmente, desconhece que, atualmente, 44,3% dos estudantes matriculados nas universidades federais pertencem às faixas C, D e E da escala de rendimentos. Nas estaduais, por exemplo, a UNESP tem mais da metade dos alunos ingressantes oriundos da escola pública e 63% com renda de família que varia de 2 a 13 salários mínimos.

Se assim é no Estado de São Paulo, imaginem, Sras. e Srs. Senadores, em Roraima! Análises sérias e conseqüentes já demonstraram, com base em dados disponíveis, em todas as universidades públicas, que é enorme o número de ingressantes que não teriam condições de permanecer no ensino superior se para isso tivessem de pagar qualquer tipo de taxa.

Sem falar no inestimável patrimônio, material e humano, que está concentrado na universidade pública brasileira. É natural e lógico que o seu orçamento reflita essa condição.

Assim, Sras. e Srs. Senadores, embora aceitemos a necessidade de redirecionamento dos recursos da educação, isso não significa a adoção de uma proposta de paralização do processo de desenvolvimento científico nacional.

Portanto, o pleito da Universidade Federal de Roraima merece toda a atenção do Ministério da Educação, pois traduz uma necessidade premente de todas as instituições de ensino superior públicas do País.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/06/2001 - Página 14319