O SR. PRESIDENTE (Edison Lobão) - Srªs e Srs. Senadores, Jorge Amado vai sobreviver na memória do povo brasileiro. Raras são as personalidades, como Jorge, que se eternizam na história e nas lendas de uma Nação por força de seu extraordinário talento. Um talento que beira a genialidade pela elevação de suas criações, sempre a serviço do povo simples, com as suas qualidades e os seus defeitos.

           Desde jovem, Jorge Amado cumpriu o roteiro do seu destino, que era o de lutar pela Justiça e pelos desvalidos. Por eles foi eleito Deputado Federal e por eles enfrentou na própria carne as dores da prisão e do exílio. Transplantou para a sua obra a alma mais autêntica do brasileiro. Como figura humana - temperamento cheio de doçura, generosidade e alegria -, fez legiões de amigos no Brasil e no exterior. Com a sua literatura, honrou e expandiu o perfil do nosso País. Hoje choramos a sua morte física, mas certos estamos de que ele permanecerá sempre vivo, por meio de suas utopias, do culto das futuras gerações de brasileiros.

Srªs e Srs. Senadores, fui encontrá-lo certa vez em Paris produzindo riqueza. E não se suponha que me refiro à riqueza financeira, à riqueza monetária. Refiro-me àquela riqueza de que foram pródigos os gregos e os egípcios: refiro-me à riqueza da cultura, que é imorredoura, à riqueza do saber, de que as gerações se valem por toda a eternidade.

           Aqui tudo se disse sobre Jorge Amado, e ainda há pouco se falou sobre o Constituinte Jorge Amado. O Brasil tem sido pródigo em Constituições - a Constituição de 1891, a Constituição de 1937, a Constituição de 1946, a Constituição de 1967, a Constituição de 1969, a Constituição de 1988 -, mas foi exatamente na Constituição de 1946 que Jorge Amado firmou a sua presença com o brilho do seu talento e do seu saber.

Srªs e Srs. Senadores, a Presidência designa comissão formada pelos Senadores José Sarney, Waldeck Ornélas e Francelino Pereira para representar o Senado nas cerimônias fúnebres.

Em homenagem ao ilustre falecido, a esse grande baiano e brasileiro, determino o hasteamento, a meio mastro, da Bandeira Nacional fixada em frente ao edifício sede do Senado Federal, em sinal de luto oficial.