O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (PSB - SE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, passo a ler, na íntegra, discurso em homenagem ao ex-Governador Luiz Garcia, do Estado de Sergipe, falecido no último dia onze, na cidade de Aracaju. O Dr. Luiz Garcia foi, em vida, um dos personagens marcantes da política do meu estado.

Sergipe perdeu um dos seus vultos políticos mais ilustres, com a morte, no último sábado, dia 11, de Luiz Garcia, que exerceu vários mandatos na Câmara Federal, e foi Governador do Estado. Trata-se de um velho político, da geração que comandou o processo redemocratizador do País, a partir de 1945, quando foram criados os partidos políticos que organizaram a sociedade brasileira, pelas suas tendências.

Luiz Garcia estava à altura de Carlos Lacerda, de Aliomar Balieiro, de Bilac Pinto, de outros líderes udenistas, exercendo no Parlamento Nacional um papel crítico, quase sempre oposicionista aos governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck, e João Goulart. Não cito o governo Jânio Quadros porque, além de ter recebido o apoio da UDN, inicialmente na pessoa de Leandro Maciel, e depois na escolha de Milton Campos para a candidatura a Vice-Presidente, foi um governo de poucos meses.

Luiz Garcia atuou nas Comissões e no Plenário sempre com o espírito público de um Legislador, cumprindo uma representação popular com a mais absoluta fidelidade partidária, fiel aos princípios que abraçava e a sua própria formação ideológica . Está nos Anais da Câmara Federal, por exemplo, a discussão sobre o divórcio, pondo de um lado o autor do projeto, um ardoroso defensor da medida, o Deputado Nelson Carneiro, e do outro, Luiz Garcia, refutando, em nome do Catolicismo que abraçava, a idéia divorcista no Brasil.

Foram muitos os embates que deram ao representante sergipano a oportunidade de mostrar seu preparo, sua oratória, sua habilidade política, e principalmente suas convicções jurídicas, sempre dispostas na defesa dos postulados democráticos, no estado de direito, no direito fundamental da pessoa humana, fruto de suas ligações com comando dos advogados do Brasil.

Luiz Garcia foi um dos últimos da galeria dos grandes parlamentares brasileiros, que permaneceu em atividade até o início dos anos 80, quando afastado retornou a Sergipe, onde morreu, aos 90 anos. Dos sergipanos recebeu as devidas e justas homenagens, pela sua biografia política e intelectual ilustre, e pela contribuição que deu ao estado, quando foi o seu governador , de 1959 a 1962.

No governo do estado, Luiz Garcia empreendeu uma reforma da administração, lançando as suas vistas para o futuro. Criou e instalou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Sergipe - CONDESE, que foi, durante mais de duas décadas, uma escola de governo, um sistema de planejamento, um instrumento de formulação de políticas públicas. Criou o Banco de Fomento de Sergipe, hoje Banco do Estado de Sergipe, fundou a Faculdade de Medicina, o Instituto de Previdência de Sergipe - IPES, construiu o Hotel Pálace de Aracaju, no centro da capital sergipana, edifício moderno, destinado ao turismo, construiu a estação de passageiros do Aeroporto Santa Maria, a estação rodoviária, e dotou o estado e a capital de equipamentos modernos, para incentivar a atividade turística.

Foi no seu Governo, também, que foram dados os primeiros passos para a exploração dos recursos minerais, graças a presença e ao sucesso da Petrobrás na prospecção do petróleo. Foi ainda no seu governo que foi que foi instalada a Energipe - Companhia de Energia de Sergipe, com a ampliação do fornecimento por parte da CHESF, bem como foi criada a Associação Sergipana de Assistência, mantenedora do centro de reabilitação e de diversos jardins de infância, em todo o estado.

Líder de uma família de muitos irmãos, todos com inclinação política, acompanhou a carreira de José Garcia Neto, no Mato Grosso, de Carlos Garcia e de Antonio Garcia Filho, em Aracaju, e de seu filho Gilton Garcia, como Deputado Estadual, Deputado Federal e Governador do Amapá, além de Procurador Geral do Estado e Secretário de Estado da Segurança Pública, da Casa Civil e dos Assuntos Parlamentares.

Intelectual , Luiz Garcia ocupava a cadeira numero 37 da Academia Sergipana de Letras, desde a década de 40. Orador vibrante, jornalista político, crítico sensível, que acompanhou em Aracaju o surgimento do movimento modernista entre os poetas sergipanos, Luiz Garcia viveu uma biografia ilustre e sua morte empobrece o Estado e o povo de Sergipe.

Muito obrigado.