O SR. CARLOS WILSON (PTB - PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os caminhos de um político no Brasil são trilhados por adversidades, obstáculos e armadilhas. Aprendi com o velho Ulysses Guimarães que o alvo de uma carreira é a coerência na busca dos ideais.

Para mim, que comecei minha carreira há quase 30 anos, como Deputado Federal, desde sempre esteve presente a defesa de Pernambuco e dos pernambucanos, a vigência do estado de direito pleno e democrático, a transparência da gestão pública, a luta pela afirmação da minha região, do nosso querido Nordeste, tão esquecido e discriminado.

Neste momento, Sr. Presidente, comunico oficialmente o meu desligamento do Partido Popular Socialista e a minha filiação ao Partido Trabalhista Brasileiro.

Mudo de legenda, mas mantenho minha postura política e reafirmo a luta pelos meus ideais.

Deixo no PPS muitos amigos. E, ao homenagear o Senador Roberto Freire, Presidente da executiva nacional do meu ex-partido, e o meu amigo Líder do PPS, Senador Paulo Hartung, eu gostaria de estender o meu abraço a cada militante e a cada filiado do PPS.

Com certeza, não estaremos distantes. Pelo contrário, estamos irmanados na busca de um projeto nacional, que culminará com a eleição de Ciro Gomes para a Presidência da República.

No plano estadual, na política pernambucana, minha decisão de aderir ao PTB tem como ligação a tentativa de amarrar ainda mais uma aliança das forças políticas progressistas do Estado.

Vivemos um momento de carência de líderes. Os destinos do Brasil estão entrecruzados pelo oportunismo de quem já pediu para se esquecer do que escreveu - e aqui o Senador Lauro Campos sempre faz questão de destacar isso.

Em nome de um modelo liberal, queimou-se o patrimônio que o Estado criou e acumulou ao longo de 40 anos. Assim, a nossa Companhia Siderúrgica Nacional e a Vale do Rio Doce serviram de moeda de troca para barganhar o apoio internacional do FMI. A Sudene foi sumariamente extinta sem sequer levar em conta a sua história, sem que se colocasse nos livros da contabilidade política os créditos e os débitos de uma instituição que inequivocamente trouxe o desenvolvimento para minha região.

Aliás, a contabilidade que está em moda não é bem essa. É aquela soturna dos paraísos fiscais e das comissões polpudas. A contabilidade do governo virtual, que diz que faz e acontece, mas que ninguém vê.

Não é suficiente a pretensa estabilidade monetária, como o Governo costuma apregoar. Faz falta a reforma política e a reforma fiscal. Faz falta a reforma social. Esses adoradores do mercado, que estão a empolgar o Governo, se esqueceram de que compete ao Estado mediar as relações entre o capital e o trabalho. E os trabalhistas sabem muito bem de que lado estão: junto ao trabalho e ao trabalhador.

Não esmorecerei no confronto com a elite política de Pernambuco, responsável direta pelo atraso acumulado do meu Estado, pelo abandono das nossas ferrovias, pela secura dos nossos açudes, pela fome e pela miséria que se espalham na periferia de nossas cidades.

Vamos trabalhar juntos por um modelo novo de administração, capaz de colegiar cada uma das nossas tendências políticas e abrigar todos os nossos ideais, que, na essência, se resumem a um só: o bem-estar da nossa gente, do nosso povo.

O Sr. Arlindo Porto (PTB - MG) - Senador Carlos Wilson, permite-me V. Exª um aparte?

O SR. CARLOS WILSON (PTB - PE) - Ouço, com muito prazer, o aparte de V. Exª, Senador Arlindo Porto.

O Sr. Arlindo Porto (PTB - MG) - Senador Carlos Wilson, primeiramente eu gostaria de cumprimentar V. Exª na condição de Vice-Presidente Nacional do PTB e dizer da nossa alegria de receber a filiação de V. Exª, líder político do Estado de Pernambuco, presença forte na política estadual e nacional que em muito contribuiu com o desenvolvimento daquele Estado e que, com uma firmeza inquebrantável de caráter e retidão de princípios, valorizou e valoriza a política do Estado de Pernambuco. Quero também, na condição de Vice-Presidente Nacional do partido, conclamar sua participação ativa, direta e objetiva para que possamos corrigir as grandes distorções sociais que estamos enfrentando. Assistimos, a cada momento, ao desequilíbrio entre as classes sociais: os pobres cada vez mais pobres e aumentando em número, e os ricos cada vez mais ricos e em quantidade menor, numa clara concentração de riqueza nas mãos de poucos, provocando o aumento absurdo de miseráveis no Brasil. O PTB tem como filosofia o trabalho e o desenvolvimento. Por isso, a nossa bandeira é o emprego, o trabalho como melhor política social. É por meio da participação e do trabalho do cidadão na geração de emprego e renda que haveremos de promover o equilíbrio e o necessário apoio do Poder Público às classes menos favorecidas. Políticas emergenciais não devem fazer parte de um programa de Governo, mas apenas ações emergenciais. Queremos, em nome do PTB, dar-lhe boas-vindas ao nosso Partido, esse Partido de transição, esse Partido de respeito que procura, sobretudo, respeitar o cidadão no seu dia-a-dia. Como Colega Senador, quero, ao lado do Senador Fernando Bezerra, dar-lhe boas-vindas ao nosso PTB. Estaremos os três com a grande responsabilidade de representar o Partido Trabalhista Brasileiro nesta Casa. Bem-vindo ao PTB; bem-vindo ao nosso PTB no Senado!

O SR. CARLOS WILSON (PTB - PE) - Muito obrigado, Senador Arlindo Porto, é uma honra muito grande anunciar no Senado minha incorporação ao Partido Trabalhista Brasileiro.

Desde que assumimos nosso mandato, em 1995, sempre mantive com V. Exª um relacionamento pessoal e político muito próximo. Trabalhamos nas comissões sempre em grande sintonia. Tenho certeza de que esta sintonia será aumentada. Durante muitos anos, V. Exª foi o Líder do PTB nesta Casa, Líder de um só Senador. Hoje, eu, o Senador Fernando Bezerra - e, com certeza, virão outros que já demonstraram interesse de filiar-se à legenda do PTB - somos seus liderados. V. Exª engrandece o Congresso. Para mim, é motivo de muita honra estar entrando no PTB para ser um liderado de V. Exª.

Continuarei, Sr. Presidente.

Queremos distância dos projetos pessoais que se encerram no personalismo cabotino de velhos políticos, que se adaptam às circunstâncias e cultuam a própria sobrevivência.

Por isso tudo, reafirmo a minha disposição em trabalhar pela candidatura de Ciro Gomes, candidato do meu Partido à Presidência da República, para que, a partir de sua liderança, surja um Brasil novo, apoiado em um novo governo, mais responsável, mais ligado à realidade que nos circunda, mais preocupado com o sofrimento dos brasileiros.

Muito obrigado.